A situação econômica na Grécia e a mobilização dos trabalhadores

Dirigente da Corrente Marxista Internacional faz análise da situação política que está levando os trabalhadores às ruas em protesto contra as medidas econômicas na Grécia.

Nos últimos dias os trabalhadores gregos entraram mais uma vez em Greve Geral para defender seus direitos, contra os cortes na previdência, nos salários, contra as demissões. Uma verdadeira multidão tem saído às ruas diariamente, enfrentando dura repressão que transformou as ruas de Atenas em um verdadeiro campo de batalha.

Foi aprovado em 9/5 um pacote de 750 bilhões de euros para conter a crise na zona do euro. Um pacote bilionário com o dinheiro público!

Este artigo de Fred Weston, dirigente da Corrente Marxista Internacional, escrito em 28 de abril de 2010, já explicava, antes das últimas mobilizações de massa, o que está se passando na Grécia e sua relação com a crise econômica que eclodiu em 2008, o artigo analisa também o ânimo dos trabalhadores que empurram as direções de suas organizações de massa, provocando crises e cisões nos aparelhos e parcelas dos trabalhadores apontando a necessidade de um novo partido verdadeiramente socialista.

Grécia: Está se preparando um giro radical na situação

A queda do “rating” (1) de crédito da Grécia pela Standard & Poor’s causou um choque no mercado financeiro mundial, levando a queda significativa nas bolsas em 27 de abril. O temor é que a Grécia não consiga mais pagar sua dívida pública e empurre a zona do euro à uma grave crise, colocando imensa pressão sobre o euro. O problema para a burguesia é a classe trabalhadora grega, que não está disposta a aceitar em silêncio os ataques contra seus direitos.

A origem da crise global

Se alguns tinham a ilusão de que a crise que eclodiu em 2008 tinha ficado para trás, que de alguma forma ela “tinha virado a esquina”, só precisam agora olhar para a Grécia para ver como essas suposições eram falsas. O fato é que já na década de 90 todas as contradições já tinham se acumulado no sistema capitalista para provocar uma grave crise. Já na crise financeira de 1997-98 estivemos à beira de uma grave crise econômica.

No entanto, tudo o que vimos depois foi uma “recessão” em 2000-2001, seguida de um crescimento mais sustentado. Em alguns países, como a Grã-Bretanha, por exemplo, não houve nem mesmo uma recessão. Alguns analistas burgueses sérios explicam agora que o que evitou uma crise naquela época foi o que causou a crise atual. O boom da primeira década do novo século foi baseado em injeções maciças de crédito. A classe trabalhadora foi vendo a sua participação ser reduzida na renda nacional. Cada vez mais, a maior parte da renda estava indo para os lucros das empresas, enquanto os salários dos trabalhadores estavam diminuindo em relação ao valor absoluto da riqueza que estava sendo produzida.

Tal situação, em circunstâncias normais, teria provocado uma crise de superprodução, mas o crédito compensou a diferença entre produção e consumo! O Estado, empresas privadas e uma grande parte da população foram acumulando dívidas a um nível sem precedentes. Não faz muito tempo os bancos estavam jogando dinheiro às pessoas, com hipotecas facilitadas e cartões de crédito abundantes. Esse crédito foi a base do boom. As pessoas gastavam, as empresas vendiam e tinham lucros, e tudo parecia empurrar para cima o ciclo de expansão do mercado.

O problema é que as dívidas têm os seus limites. Em algum momento precisam ser pagas, ou pelo menos o pagamento de juros sobre as dívidas devem ir aos bancos.

Esse objetivo deveria ter sido alcançado, mas o mecanismo foi à deriva e aí começou uma espiral descendente. Os primeiros sinais vieram em 2007 com a queda do nível de lucros das empresas e, em seguida, veio a crise financeira, um banco após outro foi indo à beira do colapso. Houve uma mudança repentina na situação que caiu como uma enxurrada na maioria da população.

Impediram um colapso financeiro total graças à enorme quantidade de capital que o Estado bombeou para o sistema bancário. Mas isto é como dar heroína para um drogado, tentando curar o vício com doses cada vez maiores da droga: isso pode fazê-lo se sentir bem em curto prazo, mas não cura a doença.

Grécia, o elo mais fraco

O capitalismo é agora verdadeiramente global, e assim como o boom foi global, a crise agora também é global. No entanto, na cadeia de países capitalistas que compõem o sistema, alguns elos são mais fracos do que outros. E o que nós estamos vendo em relação à União Europeia (UE) é que a cadeia está se quebrando em um de seus elos mais fracos.

A Grécia também teve seu “boom”, e bastante poderoso, mas baseado no crédito, nas finanças públicas, empréstimos internacionais e ajuda da UE, tudo isso significava que o país foi criando uma enorme dívida. Agora que a dívida tornou-se um fantasma que assombra as principais potências da UE, em particular a Alemanha. A crise na Grécia ameaça minar o euro e se estender ao resto da Europa.

As bolsas caíram ontem repentinamente e a taxa de câmbio entre o euro e o dólar caiu abaixo de US$ 1,32, algo que não tinha sido visto há mais de um ano. Em Atenas, as ações caíram 6% e em Portugal cerca de 5%. O que desencadeou esta queda na bolsa foi a queda do “rating” de crédito emitido pela Standard & Poor’s (S & P) sobre os títulos da dívida pública grega a longo prazo. Este é o primeiro membro da zona do euro a sofrer este destino.

S & P não fez qualquer favor aos políticos com essa qualificação, pois seu trabalho é aconselhar os grandes investidores sobre onde investir e onde não, e é claramente sua opinião de que a economia grega está tão doente que o dinheiro investido ali sofre um risco elevado. O que S & P está dizendo é que não há garantia de que a Grécia seja capaz de sair do buraco em que está metida.

Os mercados estão nervosos, isso é demonstrado pelo “índice Vix”, que aumentou em mais de 30% em um dia. Este é o maior salto em um único dia desde a eclosão da atual crise financeira. O “índice Vix” é definido como a medida de “medo” nas bolas dos EUA!

A ameaça de corte no pagamento da dívida e o Euro

O que gera preocupação ainda maior é que não é claro a quantidade atual de crédito adicional que a Grécia necessita. O resgate inicial de 45 bilhões de euros propostos pode não ser suficiente para tirar a Grécia do poço e o FMI está considerando aumentar a sua contribuição. A parte da UE, até ao momento, continua nos 30 bilhões de euros, e do FMI, 15 bilhões, podendo subir para 25 bilhões de euros. Em Washington, se especula que, no conjunto, a ajuda pode ser de pelo menos 70 bilhões de euros.

No entanto, o montante necessário pode ser ainda maior. De acordo com o Financial Times (FT) de 28 de abril: “No mercado se diz que há algumas semanas estavam trabalhando valores ao redor de 90 bilhões de euros (119 bilhões de dólares), que coincide aproximadamente com a estimativa de que muitos economistas calculam como necessário.” (2)

A Grécia, na verdade, precisaria de cerca de 150 bilhões de euros para satisfazer as necessidades de sua dívida ao longo dos próximos três anos, e deveria ter pelo menos metade disso no curto prazo.

O déficit no orçamento da Grécia no ano passado subiu para 14% do seu PIB e a dívida pública total, se as coisas continuarem como nos dois anos anteriores ao atual, deve chegar a 150% do PIB. Esta situação coloca um enorme dilema para as grandes instituições financeiras, em especial ao Banco Central Europeu e à todas as grandes potências capitalistas da UE. Se eles deixam “o mercado agir” e a Grécia declarar a moratória de sua dívida, isso teria um enorme impacto sobre o euro, incluindo a possibilidade de sua dissolução.

Já há especulações entre alguns analistas burgueses de que poderia ser necessário introduzir duas escalas para o euro, uma para as economias mais débeis como Grécia, Portugal, possivelmente Irlanda e alguns outros, e outra para as economias mais fortes, como Alemanha e França. Isto seria o começo do fim do euro, com efeitos dramáticos na economia global.

O fato é que a crise grega faz parte do conjunto da crise global e, portanto, se levada a uma espiral descendente, pode não ter fim e se estender ao resto da Europa, tendo um grande impacto, portanto, sobre a economia mundial.

Isso explica por que Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu, disse que um calote da Grécia está “fora da discussão.” A reestruturação da dívida não é considerada uma opção para os altos funcionários da UE. Isso significa que eles devem encontrar os recursos para apoiar a Grécia. É como um trem com um de seus vagões na beira do descarrilamento. Os passageiros dos outros carros não podem sentar-se calmamente pensando que aquilo não lhes diz respeito. Seu vagão também sairá dos trilhos. Mas tentar ajudar os outros passageiros também vai custar um preço.

Como explicava o Financial Times (FT), o nível previsto de empréstimos estaria: “condicionado à aplicação de um massivo ajuste fiscal por parte do governo, com cortes equivalentes a 15% do PIB em 2015 – e assume-se que a zona do euro e o FMI estarão dispostos a estender os prazos para pagamentos dos empréstimos a baixas taxas indefinidamente”.

A política do governo do PASOK ditada pelo FMI

O que isto significa é que as instituições financeiras internacionais como o FMI, junto com a UE, serão as únicas dispostas a socorrer o país no pagamento de suas dívidas, com a condição do governo grego se comprometer a aplicar medidas duras de cortes nos gastos públicos. Isso explica porque o presidente do Banco Central da Grécia está pedindo agora ao governo do PASOK (Partido Socialista Grego) para avançar “rapidamente e decisivamente” no corte de gastos públicos.

Como escreveu o FT: “George Provopoulos, presidente do Banco Central da Grécia, disse que o governo deveria reduzir o déficit orçamental este ano em mais de 5% do PIB – contra o objetivo atual de 4%. “Isso reverteria a atual tendência desfavorável e surpreenderia positivamente os mercados”, disse Provopoulos quando ele apresentou o relatório anual do banco. ”

O governo do PASOK, no entanto, enfrenta um grande dilema. Seus líderes aceitaram a lógica do capitalismo há algum tempo. Não vêem alternativa possível para esse sistema e, portanto, levam a cabo as políticas que são exigidas pelos capitalistas. O governo já forçou a aplicação de três pacotes econômicos de ajustes, e agora propõe a aplicação de um quarto pacote, incluindo um ataque à previdência social. Na verdade, pressupõe o abandono do direito de aposentadoria para todos.

Antes da crise atual, o valor médio das aposentadorias equivalia a 70% do valor médio dos salários. Agora caiu para 50%. Estão introduzindo um sistema como o adotado no passado por Pinochet no Chile. Haverá uma aposentadoria mínima garantida pelo estado para todos de 360 euros por mês, e os trabalhadores terão de procurar aposentadorias privadas para completar o resto. Os sindicatos estimam que todas as aposentadorias e pensões seriam reduzidas entre 30% e 50%.

Estas medidas fazem parte das condições impostas pelo FMI e pela UE. Mas como se não bastasse, o FMI também apelou para a redução dos salários no setor privado e mais cortes na previdência. Também pediram a demissão de 200 mil funcionários públicos, o governo já manifestou a sua concordância. Além disso, temos Angela Merkel na Alemanha que por necessidades domésticas – as eleições locais realizadas em maio – vêm exigindo maiores medidas de ajuste na Grécia.

A classe trabalhadora grega está disposta a lutar

O problema com o qual se enfrenta a burguesia grega e internacional é como impor tudo isso à classe trabalhadora grega. Como assinalou o FT:

“A ansiedade popular vem crescendo enquanto os peritos do FMI, a Comissão Européia e o Banco Central Europeu fazem suas reuniões semanais em Atenas com os ministros e dirigentes de partidos políticos, revelando as cifras que o governo se esforça para esconder”.

E acrescenta ainda que:

“O governo socialista de George Papandreu, o primeiro ministro, pode conter o mal estar provocado pelos 3 sucessivos pacotes de austeridade aplicados desde dezembro porque os dirigentes sindicais se mantiveram até agora leais ao Movimento Socialista Pan-helênico (PASOK).”

O estado de ânimo na Grécia está sendo submetido a fortes oscilações. Há sinais que mostram um ambiente mais agressivo desenvolvendo-se na classe trabalhadora. Vimos duas grandes greves gerais em fevereiro e março, e também muitas outras lutas.

Para os trabalhadores essas manifestações foram entendidas como advertências ao governo e aos patrões. Para os dirigentes sindicais, a intenção era claramente a de aliviar a pressão das massas, e por isso não prepararam novos protestos que pudessem dar maior amplitude à luta. Eles pediram calma, esperando que o governo retrocedesse! O problema é que o governo não pode retroceder!

Trotsky explicou em Os sindicatos na era da decadência imperialista que a burocracia sindical tem uma tendência orgânica para se fundir com o Estado. Em tempos de crescimento econômico ou boom, quando os capitalistas fazem concessões, as lideranças sindicais tendem a se aproximar estreitamente dos patrões e do Estado, os capitalistas podem utilizar os dirigentes sindicais para chegar a algum tipo de paz social. O problema para os dirigentes sindicais é que a relação amistosa tende a romper-se, não por vontade própria, mas sim porque o capitalismo entrando em crise não pode mais garantir essas concessões que permitem dar certa estabilidade ao sistema.

O sistema não está gerando mais emprego, pensões, saúde, saneamento, e educação decentes. Espera-se que o PIB despenque 4% em 2010. A taxa oficial de desemprego já é superior a 12% em comparação a 10% em setembro. A taxa verdadeira deve estar provavelmente próxima a 20%. Estas são as condições que obrigam os dirigentes sindicais a se distanciarem dos patrões e do governo que aplica suas políticas.

Estamos vendo hoje o início desse processo na Grécia. O governo do PASOK não deu um passo atrás. Pelo contrário, continuou a sua ofensiva contra os trabalhadores e isso está propiciando rupturas entre os dirigentes do PASOK no governo e os líderes sindicais do PASOK, que foram forçados a chamar outra greve geral na próxima semana, em 05 de maio.

Tanto o ADEDY como o GSEE (Central sindical que reúne os trabalhadores do setor privado) convocaram uma greve geral. ADEDY, o sindicato dos funcionários públicos, está se tornando cada vez mais combativo, e no período recente tem organizado reuniões e comícios de diferentes tipos, quase que diariamente. Isso é resultado da crescente pressão que vem desde baixo, na medida em que milhares de seus membros correm o risco de perder seus empregos.

Somente no dia de ontem vimos milhares de trabalhadores do setor público manifestando-se no centro de Atenas contra a proposta de cortes nos empregos. Isso aconteceu depois de seis horas de greve dos trabalhadores dos transportes que paralizaram completamente os serviços de transporte coletivos: ônibus, bondes e metrô.

Está claro que os trabalhadores gregos não estão dispostos a pagar pela crise do capitalismo. De acordo com uma sondagem da empresa Mega, um canal de TV privado grego, mais de 70% dos entrevistados disseram que eram contra a decisão do governo de buscar ajuda do FMI.

O impacto sobre as organizações de massas

Outra pesquisa de opinião publicada no domingo passado mostrou que 68% da população não estava disposta a aceitar “sacrifícios”. Enquanto que apenas 31% estava disposta a aceitar certo grau de sacrifício. Há apenas um mês os números eram opostos, com apenas 30% que se recusaram a fazer taxativamente a qualquer sacrifício, enquanto 68% dizía estar disposta a fazê-lo. Um detalhe interessante e não menos importante foi o fato de que 80% da população prevía algum tipo de mal-estar social nos próximos meses.

As pesquisas também revelam que o apoio ao governo do PASOK está caindo e que Papandreu, o primeiro-ministro, está perdendo popularidade. De acordo com pesquisas recentes, o PASOK consegue agora obter 31% de apoio, 10% a menos do que nas eleições, o partido de direita Nova Democracia recebe cerca de 22% -23% e o partido de direita LAOS, 4,5%. Isso mostra que o PASOK está perdendo apoio, porém isso não beneficia os partidos de direita. Enquanto isso, à esquerda do PASOK, o apoio ao SYRIZA aumenta para 4,5% e ao KKE (Partido Comunista), uns 7,8%, mantendo-se estável.

Um ponto interessante que as pesquisas mostram é que 60% das pessoas acreditam que faz falta um novo partido. Quando lhes perguntaram “que tipo de partido” a resposta foi a de que faz falta um Partido de Esquerda “genuíno” ou um partido socialista “genuíno”. Isso mostra que a sociedade está girando à esquerda e não à direita. Mostra que, embora exista um desejo de mudança radical, os trabalhadores não encontram nos líderes dos partidos dos trabalhadores um canal que possa expressar essa vontade.

No entanto, isso está começando a ter um impacto dentro da esquerda. O líder da esquerda dentro do partido Synapismos (antiga divisão do KKE), Lafazanis, declarou publicamente que é necessário retornar ao “marxismo revolucionário”. Afirmou claramente que o que temos diante de nós não é uma crise do “neoliberalismo”, mas sim do “capitalismo”. Ele chamou para romper com a União Européia capitalista e levantou a perspectiva de uma Europa socialista no futuro. Isto indica claramente a existência de uma ampla radicalização que está ocorrendo dentro do movimento operário grego, que encontra uma expressão nas palavras de Lafazanis.

O Partido Comunista Grego (KKE) também está sendo afetado, e isso é visto na nova série de expulsões do partido. Recentemente, dois dos líderes do partido no sindicato dos professores foram expulsos por expressarem suas diferenças com a tática sindical do partido. Na semana passada, de fato, a PAME (a fração do KKE na Central Sindical do setor privado, a GSEE) convocou uma greve sozinha. Isso significava mobilizar apenas um quarto da militância do GSEE e redundou em completo fracasso. O partido enviou os membros da sua juventude aos piquetes em hotéis e fábricas de um modo completamente sectário. Mas tudo isso está provocando um questionamento dentro do partido, como demonstra o caso dos dois dirigentes dos professores.

Também dentro do PASOK começa a se ouvir os primeiros ruídos de uma oposição, porém ainda muito baixos nesta fase. Nenhum dirigente com autoridade, nem mesmo deputados do PASOK saíram apoiando as críticas vindas a partir da esquerda. A oposição no partido é fraca, mas os dirigentes sindicais do PASOK estão sendo forçados a ir para a oposição. Isto significa que nos próximos meses, incluindo o PASOK, não poderá escapar ao impacto frente à atual crise e, inevitavelmente, serão abertas divisões cada vez mais profundas.

Nestas condições, o governo do PASOK está debilitando-se a cada dia que passa. Ele está sendo usado para realizar as políticas que o anterior governo de direita da Nova Democracia (ND) não pôde aplicar. A vantagem do PASOK para a burguesia grega é que ele tem vinculo com os sindicatos e é visto por muitos trabalhadores como o seu partido. Hoje está perdendo a sua autoridade para aplicar as políticas impostas pelo FMI e pela UE, mas isso não vai durar para sempre.

No entanto, o dilema da burguesia grega é que o partido conservador, Nova Democracia, está em uma posição fraca. Ele não cresce nas pesquisas, e nem o partido de extrema direita LAOS. Na verdade, para recuperar alguma credibilidade, o seu líder Samaras está apresentando uma oposição demagógica e populista contra as medidas impostas pelo FMI e propõe uma solução keynesiana para a crise! De fato, está atacando Papandreu por ser demasiado “liberal”! Esta é uma tentativa desesperada de recuperar posições nas pesquisas, porque, se tivesse que voltar ao poder, iria implementar as políticas aplicadas pelo atual governo.

A radicalização política

A crise atual está colocando imensa pressão sobre a sociedade grega. Os trabalhadores não podem ceder mais e a burguesia só começou a implementar seus planos. Isso significa que a perspectiva que temos é a da intensificação da luta de classes. Isso já está conduzindo a um processo de radicalização política, que está começando a se expressar dentro das organizações de massas.

A primeira reação dos trabalhadores gregos, confrontados com a crise, foi a de levar ao governo o PASOK com a esperança de que ele traria alguma mudança. Na frente industrial, o impacto inicial da recessão foi a de paralisar muitos setores. Agora, porém, está penetrando na consciência dos trabalhadores gregos que esta não é uma crise temporária e que possa ser superada fazendo alguns sacrifícios. Eles percebem que o ataque é dirigido a todos os domínios: emprego, pensões, condições de trabalho, e parece que não há um fim à vista. Nestas condições, a única conclusão que podem tirar é que é necessário lutar. Em tal situação, apenas as ideias do marxismo podem explicar o que aconteceu e oferecer uma saída.

(1) Nota da tradução: Rating é a opinião de uma agência especializada sobre a capacidade de uma empresa ou um país pagar as suas dívidas. Por exemplo, se uma empresa oferece ações que irão render juros a investidores, a agência dá a sua opinião sobre os riscos envolvidos na compra destes papéis. Em relação aos países, avalia a capacidade deles de pagar os títulos de longo prazo que lançam no mercado internacional. Assim, o ‘rating’ é uma nota que indica qual o risco de calote que o investidor deve encontrar ao colocar dinheiro nestas empresas ou países.

(2) nota do editor: as declarações públicas dos responsáveis do FMI e da UE nos últimos dias elevam este montante para 130 bilhões de euros.

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