A Esquerda Marxista agora é a Organização Comunista Internacionalista

A Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI), realizou seu 8º Congresso Nacional em 4 e 5 de novembro de 2023. Este congresso, além de outras importantes decisões políticas, aprovou um novo nome para a organização.

Nós temos orgulho de nossa história construída como Esquerda Marxista, cujo nome foi definido em 2007 numa conferência realizada dentro da CIPLA, em Joinville (SC), uma das empresas então sob controle dos trabalhadores, do Movimento das Fábricas Ocupadas.

A mudança de nome decorre dos desenvolvimentos da própria organização e da situação política no Brasil e no mundo, marcada pela agudização das contradições do capitalismo (o que se evidencia com a guerra na Ucrânia e o massacre dos palestinos em Gaza) e pela radicalização de parcelas cada vez mais amplas de jovens e trabalhadores fartos dos horrores do capitalismo.

Nós estamos de acordo com Marx, Engels, Lênin e Trotsky sobre a necessidade da organização internacional do proletariado e do caráter internacional da revolução socialista para abrir caminho para uma sociedade comunista. Para nós, os operários não têm pátria, e diante das guerras do capital dizemos: “Paz entre nós, guerra aos senhores!”. Nosso novo nome é Organização Comunista Internacionalista, a OCI, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional.

A OCI orgulha-se de manter o princípio da independência financeira frente à burguesia e seu Estado, recusando recursos provenientes do fundo partidário e eleitoral. Consideramos este dinheiro um veneno que busca cooptar as organizações que se reivindicam da classe trabalhadora. A OCI sustenta-se exclusivamente com a contribuição voluntária de militantes e simpatizantes para garantir sua independência política na luta pelo comunismo.

A decisão de novo nome combina-se com a decisão de saída do PSOL, diante dos saltos de adaptação deste partido ao Estado burguês, às alianças com setores da burguesia e sua integração ao governo Lula-Alckmin-Lira-Pacheco de união nacional.

O conjunto das análises sobre a situação política atual, as perspectivas e tarefas dos revolucionários comunistas, pode ser conferida no Informe Político do Comitê Central ao 8º Congresso e na Resolução Política do 8º Congresso aprovada por unanimidade dos delegados.

Este vitorioso Congresso foi precedido por uma Escola de Quadros, pois “sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário” (Lênin), e por um ato público organizado em conjunto com o PCB-RR (composto por militantes que foram expulsos do PCB) contra as guerras imperialistas, principalmente contra a guerra na Ucrânia e contra o massacre imposto pelo Estado de Israel à Gaza, na Palestina. Este ato (ver vídeo), com aproximadamente 200 participantes, foi convocado com base nas seguintes palavras de ordem:

    • Abaixo a guerra e o imperialismo!
    • Abaixo os governos reacionários de Putin e Zelensky!
    • Fim da OTAN!
    • Abaixo o Estado sionista de Israel!
    • Palestina livre! Intifada até a vitória!
    • Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!
    • Viva o socialismo!

Nos orgulhamos de ser a organização que impulsionou e dirigiu o Movimento das Fábricas Ocupadas no Brasil e que estabeleceu relações com trabalhadores ao redor do mundo a partir deste movimento. Nos orgulhamos de ser a organização que, impulsionando o Movimento Negro Socialista, combateu as leis raciais, que incentivam a divisão da classe trabalhadora a partir do anticientífico critério de raças. Lutamos para que todos os negros tenham acesso à universidade pública e não apenas os que passam pelo funil dos vestibulares através das cotas. Levantamos alto a bandeira de “Educação Pública e Gratuita para todos em todos os níveis”! Mantemos uma posição de classe contra toda forma de opressão, sem sucumbir às ideias antimarxistas pós-modernas e identitárias.

Somos a organização que em junho de 2013 se recusou a baixar as bandeiras. Que se opôs à política de conciliação de classes do PT, de Lula e Dilma, mas que também compreendeu o caráter de classe da Operação Lava Jato, o crescente papel bonapartista do judiciário, e se posicionou contra as condenações midiáticas sem provas de Lula e outros dirigentes petistas, bem como o impeachment de Dilma, que atendeu aos interesses da direita e da burguesia. Nos orgulhamos de ter sido a primeira organização a lançar a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” logo no início do governo, contrariando todos os partidos e tendências de esquerda. No combate eleitoral de 2022 adotamos uma posição de classe: voto em Lula para derrotar Bolsonaro, mas mantendo toda a crítica ao programa de Lula, suas alianças com a burguesia e sua busca pela formação de um governo de união nacional, que só poderia manter os ataques anteriores e realizar novos diante da profunda crise do capitalismo.

Estamos em oposição à política adotada pelo governo Lula-Alckmin-Lira-Pacheco. Este governo se recusa a revogar ataques como o Novo Ensino Médio (que mesmo o governo recuando em alguns pontos frente à campanha pela sua revogação total, mantém o NEM e a porta aberta para a privatização da educação pública), a Reforma Trabalhista (contra a qual se levanta o movimento VAT – Vida Além do Trabalho – na luta pelo fim da escala 6×1, pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário), a Reforma da Previdência etc, além de manter o pagamento religioso da dívida pública, que orquestra toda a política do governo, da Reforma Tributária ao novo “teto de gastos”, apelidado de “arcabouço fiscal” – comprimindo cada vez mais os gastos com saúde, educação, ciência e previdência social. Este governo dá continuidade às privatizações! Só neste ano foram 7 leilões de infraestrutura (4 portos, 2 rodovias e 1 aeroporto) e com previsão de mais 35 até o final do governo. A violência contra o proletariado também continua, com os assassinatos cometidos pela Polícia Militar e por outras polícias racistas, em particular na Bahia (governada pelo PT), no Rio e em São Paulo (governados por bolsonaristas).

Mudamos de nome, mas nos orgulhamos de todas as posições e batalhas travadas como Esquerda Marxista, mantendo todos os princípios que nortearam nossa construção até aqui.

No entanto, acreditamos ser necessário um novo nome, que marque uma nova etapa da construção da organização revolucionária, e que se conecte mais diretamente com uma camada crescente de jovens que busca pelo comunismo e que é a base para o sucesso da campanha internacional “Você é comunista? Então organize-se!” lançada pela Corrente Marxista Internacional em dezenas de países.

Esta camada crescente de jovens não deseja apenas participar de um movimento, ela quer se organizar, inspira-se em Lênin e nos bolcheviques. Ela vê que muitos que se apresentam como socialistas são brandos e reformistas. Estes jovens são radicais e por isso se identificam diretamente como comunistas. Mas nós não temos nada a ver com alguns que se disseram comunistas, mas defenderam a viabilidade do socialismo em um só país, sabotando processos revolucionários mundo afora e conduziram a União Soviética de volta ao capitalismo. Defendemos o legado da Internacional Comunista da época de Lênin!

Também a nossa organização de juventude, a Liberdade e Luta, fundada em 2016 dentro da Flaskô (a mais longeva ocupação do nosso Movimento das Fábricas Ocupadas), agora passa a se chamar Juventude Comunista Internacionalista, a JCI.

Camaradas, aprofunda-se a crise do capitalismo e este sistema só pode proporcionar a ampliação dos elementos de barbárie na sociedade. Guerras, miséria, retirada de direitos, mudanças climáticas, doenças físicas e mentais etc. Mas a juventude e os trabalhadores não estão derrotados, resistem e lutam! É o que temos visto nas mobilizações massivas em diferentes países contra os ataques de Israel e do imperialismo aos palestinos na Faixa de Gaza. A classe trabalhadora pode derrotar o capital e construir um mundo novo, mas é preciso que esteja munida de um programa revolucionário e uma direção revolucionária independente da burguesia. A construção da organização revolucionária, em âmbito nacional e internacional, é a tarefa urgente dos comunistas. 

Você é comunista? Então organize-se!

Junte-se à Organização Comunista Internacionalista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional!