Saiba o que traz a nova edição da revista América Socialista

Nossos leitores têm disponível uma revista América Socialista muito especial para os marxistas. Trata-se da segunda edição lançada durante o ano do centenário da Revolução Russa. Em todo o mundo, este ano está sendo o palco de uma campanha para falsificar ou caluniar essa revolução. Nossa tarefa como  Esquerda Marxista, Corrente Marxista Internacional (CMI), é defender o legado da Revolução Russa nas dezenas de países em que estamos presentes.

A Esquerda Marxista, seção brasileira da CMI, assumiu esse combate desde o primeiro dia de 2017. Em abril, realizamos uma Escola de Quadros que abordou a Revolução Russa de 1905, a Revolução Russa de 1917, as lições dos quatro primeiros congressos da 3ª Internacional (fundada em 1919) e a degeneração burocrática na União Soviética. Na oportunidade, lançamos a 10ª edição desta América Socialista, cuja capa e mais  três artigos eram dedicados a resgatar lições e restabelecer fatos diante da confusão mundial reinante.

Durante este ano, nossos camaradas estão realizando debates públicos sobre esses assuntos em todas as cidades em que atuamos. Em julho, a CMI promoveu uma Escola Mundial, na Itália, que abordou um total de 13 assuntos envolvendo a Revolução Russa. Participaram mais de 300 revolucionários, de 25 países, incluindo camaradas brasileiros. Em nosso jornal Foice&Martelo e em nossa página web, temos produzido e reproduzido muito conteúdo sobre o centenário da Revolução Russa, que está disponível para todos os nossos leitores.

Em outubro deste ano, lançaremos em português um livro inédito de Leon Trotsky, interrompido pelo assassinato do autor. Trata-se de uma biografia inacabada de Joseph Stalin. Tratamos dessa obra, então disponível somente em inglês, na 9ª edição desta revista. A iniciativa editorial está sendo realizada por uma parceria da Editora Marxista e da Editora Movimento. O editor da obra em inglês, o galês Alan Woods, fará um giro de apresentações em várias cidades do Brasil no mês da tomada do poder pelos bolcheviques. Convidamos todos os nossos leitores a participarem desses eventos, e a adquirirem seus exemplares. Até o lançamento, podem ser feitas compras antecipadas e com desconto pelo site Vakinha Virtual, cujo link está disponível aqui.

Em defesa de outubro

A tomada do Palácio de Inverno, em outubro de 1917

Há outras iniciativas que estamos impulsionando, e algumas ainda iremos desenvolver este ano no Brasil. Todo esse esforço militante não se trata de um exercício acadêmico. Entendemos essa atenção e energia dedicadas como parte da preparação para nossa própria revolução brasileira e para as revoluções em curso ou que estão sendo gestadas por todo o mundo. Apenas restabelecendo os fatos e sacando as lições corretas das experiências históricas do proletariado, as atuais gerações estarão munidas com uma teoria política capaz de armá-las para sua tarefa histórica de superação das contradições deste regime.

A defesa das ideias do marxismo engloba também a defesa das verdadeiras ideias da Revolução Russa. Combatemos três campos principais nesse esforço. O mais evidente corresponde ao conjunto de forças que está abertamente em prol da ordem burguesa, representado pelos partidos, veículos de comunicação e intelectuais burgueses. Em suas análises, falsificam a história ou buscam encobri-la com uma capa moralista, que em última instância justifica o regime capitalista. Uma segunda ordem vem das organizações e dirigentes do proletariado que assumiram a defesa deste sistema. Louvam os acontecimentos de 1917, mas apontam sua necessidade como superada pela história, ou distorcem os princípios e análises dos bolcheviques, para justificar as suas práticas oportunistas e sem princípios. Um terceiro campo contra o qual os marxistas precisam se posicionar é composto por uma constelação de organizações revolucionárias que se dizem marxistas. Essas, no entanto, incorporaram uma série de deformações de análise pequeno-burguesas que fazem com que não consigam interpretar os acontecimentos centenários, sacando conclusões incorretas ou aplicando-as erroneamente.

Barricadas de manifestantes da oposição de direita na Venezuela. Foto: Carlos Garcia Rawlins

Em um exemplo vivo dessa defesa das ideias do marxismo, o artigo de Serge Goulart sobre a situação na Venezuela retoma os ensinamentos dos bolcheviques em 1917 frente ao governo de Alexander Kerensky diante do golpe contrarrevolucionário do general Lavr Kornilov. No mesmo ano em que inúmeras organizações de esquerda saúdam os revolucionários e seus feitos de cem anos atrás, são incapazes de incorporar as lições deixadas pelos mesmos. Em 1917 os bolcheviques diziam para apontar as armas contra Kornilov, apoiando-as nos ombros de Kerenky, mas mantendo-as nas mãos dos trabalhadores. Este ano uma série de revolucionários clama, na Venezuela, da América Latina e do Brasil, pela derrubada imediata do governo de Nicolás Maduro, fazendo coro e ação com a iniciativa contrarrevolucionária da direita apoiada pelo imperialismo norte-americano.

Alex Minoru e Luiz Bicalho apresentam dois artigos nesta edição da revista como desdobramentos da Escola de Quadros realizada este ano no Brasil. O primeiro trata sobre os acontecimentos mais marcantes até a Revolução de Outubro de 1917, sacando algumas das principais conclusões desse processo. Já Luiz Bicalho retoma um combate que Vladimir Lenin desenvolveu desde antes de 1917, e que estará no centro de sua atividade no exílio e desde que desembarca na Estação Finlândia em 3 de abril: a construção de um novo partido internacional dos trabalhadores, a Internacional Comunista.

O Capital como farol

Há uma profunda crise política do proletariado. Guiado pelos reformistas durante as últimas décadas, agora seus sentimentos e concepções passam novamente a serem afetados por uma crise econômica de proporções semelhantes àquela de 1929. Assistimos a uma polarização social mundial crescente. Entretanto, também constatamos uma fragilidade e um revisionismo gritantes das forças que se reivindicam da revolução.

A confusão impera por todo o lado. Por isso indicamos aos nossos leitores o artigo sobre os 150 anos de O Capital, escrito por David García Colín Carrillo e Ninnette Torres Ramírez. Trata-se de um estudo esclarecedor sobre as principais contribuições de Karl Marx à economia política, sintetizadas em sua obra-prima.

A leitura também será gratificante por possibilitar ao leitor a compreensão das cíclicas crises econômicas de superprodução, como a que vivemos hoje. Temos certeza que o artigo dos dois camaradas contribui para armar os marxistas para o esclarecimento do proletariado sobre as origens dos problemas que presenciamos, e sobre a necessidade e os caminhos para superá-los.

Um olhar para o passado

Greve da SEAT

Em várias edições anteriores desta América Socialista, nossos leitores tiveram a oportunidade de conhecer a realidade atual da Espanha e o surgimento de um terremoto político chamado Podemos. A seção espanhola da CMI Lucha de Clases intervém nesse partido em defesa das ideias marxistas. Na edição que vocês têm em mãos, apresentamos duas contribuições históricas para compreender o desenvolvimento político desse país até os dias atuais.

Com o artigo de Serge Goulart sobre a Revolução Espanhola, os leitores são guiados por uma das mais intensas expressões dos conflitos políticos do século 20. Nesse episódio, estavam envolvidas praticamente todas as forças políticas que marcaram a época. Além disso, tratou-se de uma experiência repleta de lições sobre a luta do proletariado por sua emancipação. Serge retoma esse período como um guia para as novas gerações que desejam se aproximar do assunto. Da derrota dessa experiência revolucionária se determinou em certo grau o futuro da Europa e do mundo.

Já no artigo de David Rey aborda-se o surgimento do período de democracia burguesa atual da Espanha. Sua origem coincide com o fim do regime político surgido da derrota da Revolução Espanhola, a ditadura do general Franco. Nesse estudo, são mapeadas as forças políticas da época, suas contradições, os limites dos programas em disputa, as traições do PSOE e do PCE e como o Estado espanhol se formou sobre a base de uma fraude política.

Um terceiro artigo também envolve a Espanha, mas tem em seu objeto um significado mundial e que transcende o período histórico em que surge. Trata-se de uma retomada do contexto de origem da obra Guernica, de Pablo Picasso. David Rey não apenas frisa os aspectos históricos da pintura. Ele também combate as investidas burguesas de falsificar o que o quadro representa. Para isso, David ressalta seus símbolos, suas intenções e o significado político que carrega.

Racismo e luta de classes

Uma outra contribuição ao debate das ideias marxistas nesta revista é trazida pelo Coordenador do Movimento Negro Socialista, Felipe Araujo. Como eixo, o artigo destaca a relação entre racismo e luta de classes, assinala como desde Karl Marx esses assuntos são trabalhados em sua relação dialética com o modo de produção capitalista, e frisa como a Revolução Russa de 1917 e um de seus frutos diretos, a Terceira Internacional, influenciaram nos debates sobre a questão negra e dos povos colonizados. Felipe também resgata parte da formulação de Leon Trotsky a respeito, e conclui ressaltando o combate dos revolucionários nos dias de hoje para acabar com o racismo e o capitalismo.

Há alguns anos, quando escrevíamos a apresentação da 2ª edição desta América Socialista, dizíamos: “O número 2 da revista América Socialista se publica num momento em que internacionalmente se agudiza a crise do capitalismo e começa a dar sinais de que atingirá brevemente o Brasil”. Essas linhas foram escritas em maio de 2012. Quanta água não passou pelo moinho desde então! Uma revista teórica como esta tem um papel fundamental para defender a teoria revolucionária, analisar a realidade corretamente e, como defendeu Karl Marx, transformá-la.

Os bolcheviques fizeram isso há 100 anos. Vamos concluir sua obra!

COMPRE A NOVA AMÉRICA SOCIALISTA

Veja abaixo os artigos desta edição!

Há 150 anos: A História de O Capital de Marx
David García Colín Carrillo e Ninnette Torres Ramírez

Venezuela: a contrarrevolução que avança e os meios de combatê-la
Serge Goulart

Revolução Russa: o ano de 1917
Alex Minoru

Terceira Internacional Comunista
Luiz Bicalho

80 anos de Guernica, uma obra prima da arte de todos os tempos
David Rey

Revolução e guerra civil na Espanha 1936-1939
Serge Goulart

1977-2017: 40 anos de “democracia” na Espanha – A história de uma grande fraude
David Rey

O marxismo e a luta contra o racismo
Felipe Araujo