O PT e a crise atual: se não fosse trágico seria cômico

​Após 35 anos de existência como um partido dito de “esquerda”, o PT, aplicando a política de colaboração de classe com a burguesia, defendida por Lula e outros, se destruiu com uma alternativa para os trabalhadores. Para os reformistas da direção do PT, que combatem por esta política, tudo o que foi feito, embora com alguns “erros”, no essencial estava correto.

Após 35 anos de existência como um partido dito de “esquerda”, o PT, aplicando a política de colaboração de classe com a burguesia, defendida por Lula e outros, se destruiu com uma alternativa para os trabalhadores. Para os reformistas da direção do PT, que combatem por esta política, tudo o que foi feito, embora com alguns “erros”, no essencial estava correto.

O problema é que quando se comete um erro na política, isso tem consequências, como tudo na vida. Isso não seria diferente com o PT. Os passos dados com essa política, em direção ao enlace com a burguesia, foram desastrosos para o partido, principalmente para a sua base social. Essa movimentação fez com que o PT abrisse a porta para que por ela adentrasse todo tipo de inimigos de classe. 

O resultado dessa política levou o partido e alguns dirigentes a serem destaques nas páginas policiais dos grandes jornais, acusados de envolvimentos em esquemas de corrupção. Mas o pior estava por vir, quando foram condenados e presos vários dirigentes do PT. Agora a mira da Lava Jato está apontada para outros dirigentes, inclusive o Lula. A crença de que a burguesia iria respeitar acordos e compromisso e iria anistia-los dos seus pecados esfumaçou-se no vento. O capital só honra acordos quando estes lhe trazem benesses. E quando os dirigentes reformistas já não conseguem cumprir o seu papel de manter as massas inertes, são punidos a chicote, como qualquer escravo que corta mal a cana.

Os reformistas do PT acreditavam seriamente que por estarem gerenciando o Estado burguês e cumprindo o que a burguesia exigia, ou seja, aplicando os planos de ataques à classe trabalhadora para garantir os lucros dos capitalistas, seriam reverenciados por estes e pelo seu Estado. Puro engano.

O aceleramento da crise econômica passou a exigir dos governos mais rigor nos cortes dos direitos sociais; isso desacreditou Dilma perante os trabalhadores e a juventude, quando ela nomeia Levi e outros para compor o seu “segundo” governo. A burguesia preferia desgastar Dilma e o PT até o ponto que não haveria mais volta. Mas, os seus sócios no Congresso, saídos dos esgotos das cidades, associados até a medula em toda a corrupção e que seriam jogados no lixo com o PT, resolveram que não iriam cair juntos. E promoveram o impedimento de Dilma, como forma de salvar a sua própria pele. 

O resultado dessa nefasta política da direção do PT foi trágico e vai sair muito caro para o conjunto da classe trabalhadora. Basta ver que, após a posse de Temer, as medidas anunciadas não são nada mais que as mesmas que Dilma estava chamada aplicar, mas com um grau maior de dureza. 

O ajuste fiscal será aplicado com cortes violentos nas áreas mais sensíveis para a população – saúde, previdência, educação, assistência social, direitos dos trabalhadores. As mesmas receitas aplicadas nos países da Europa.

A direção do PT sabia e sabe de tudo isso. Mas, a resolução do último Diretório Nacional do PT nada aponta na luta contra a reforma da previdência e outros ataques.

Podemos constatar que, na verdade, o PT realizou um desserviço para o conjunto da esquerda com essa política de colaboração com a classe inimiga, não só no Brasil, mas também em toda a América Latina.

A burguesia, por meio da desmoralização do PT, com o envolvimento de seus principais dirigentes com a corrupção, busca manchar toda a esquerda, como se ela fosse igual. E o PT continua ajudando isso, ao não se colocar contra a política do novo governo que, no fundo, é a mesma que ele estava aplicando.

Mas, uma nova esquerda independente e socialista haverá de surgir das lutas atuais e futuras. 

É nas ruas e com os métodos próprios dos trabalhadores que combateremos unidos em defesa das conquistas. Nenhuma trégua a este governo Temer e a seus apoiadores. Temos que organizar a resistência da classe trabalhadora e da juventude para garantir os direitos e conquistas, para varrer estas instituições podres do capitalismo, avançar na direção do socialismo. Para isso temos que levantar as nossas bandeiras desde já.

*Contra o Ajuste Fiscal

*Contra a Reforma da Previdência

*Contra a Retirada de Direitos

*Contra a Lei da Mordaça

*Revogação de todas as leis que obstruem e atacam as liberdades democráticas

*Fora Temer e o Congresso Nacional

* Por uma Assembleia Popular Constituinte Nacional

*Por um Governo dos Trabalhadores