Carta pública de trabalhadores do Hotel Transamérica

Estamos, por meio desta carta, tornando pública nossa indignação, que, certamente, é a indignação de milhares de trabalhadores brasileiros obrigados a trabalhar no atual momento de crise e pandemia. Trabalhamos na rede de hotel Transamérica, que atende pelo Brasil todo.

No início da pandemia, não houve medidas de proteção para que evitássemos o contágio, apenas orientações vagas de higiene pessoal. Sabe-se que, em um dos hotéis da rede, houve um caso confirmado de coronavírus (Covid-19). Entretanto, não houve nenhum tipo de suspensão de funções ou escala reduzida. A direção ainda assim exige que venhamos aos nossos postos de trabalho, arriscando nossas vidas pegando transporte cheio, mesmo que o serviço de hotel não seja considerado essencial, até as viagens foram suspensas ou adiadas por conta do surto.

Os órgãos de sáude e a mídia pedem o tempo inteiro que devemos fazer quarentena, evitar aglomerações e ficar em casa, mas como, se somos ainda obrigados a trabalhar, caso contrário não temos como pagar nossos aluguéis, sustentar nossas famílias e pagar nosso pão de cada dia?

Por tal motivo, se faz necessário que se respeite a quarentena por no mínimo 30 dias com remuneração integral, incluindo os benefícios e sem demissões de funcionários. Todos os funcionários considerados no grupo de risco devem ser imediatamente afastados, também com pagamento integral, incluindo os benefícios. Que a empresa custeie o tratamento de cada funcionário que contrair a doença, com todo salário e benefícios pagos 100%.

Por isso, nos dirigimos também ao sindicato (Sinthoresp), que deveria ser nosso ponto de apoio, no entanto, nada fez para lutar pelos nossos direitos na atual situação, inclusive aceitou sem pestanejar a proposta de corte de quatro meses de salário emitida por Bolsonaro, parcialmente revogada depois.

A mesma situação de descaso encontra-se em várias outras categorias: de call-centers a indústrias, muitos pelo Brasil e pelo mundo afora são obrigados a todo dia se exporem a contaminação letal. Home-office na atual situação é privilégio para poucos.

Está evidente que o atual governo, os patrões e os ricos querem apenas se salvar, colocando a conta nas costas dos trabalhadores e de todos os setores mais vulneráveis da sociedade. Trilhões são destinados para salvar os bancos e grandes empresas, além dos melhores hospitais à disposição para tratar a doença, mas para os trabalhadores resta apenas um mísero salário – se tiver – de fome e risco às nossas vidas.

Temos que confiar em nossa força e nossa voz enquanto coletivo, somos quem verdadeiramente produz. Zero confiança naqueles que apenas querem lucrar às custas de nossas vidas.

Também apoiamos que essas reivindicações devem ser estendidas para todos os locais de trabalho que ainda não paralisaram pelo Brasil, não apenas aos hotéis.

Pedimos que divulgue quem nos apoiar!

FORA BOLSONARO!