Aos trabalhadores da Renault do Paraná

Caros companheiros!

Estamos acompanhando atentamente a luta travada por vocês contra as demissões na fábrica de Renault em São José dos Pinhais. Estivemos na assembleia do dia 6/8 (quinta-feira) e saudamos a correta decisão de continuar com a greve. O capitalismo passa por uma grave crise econômica potencializada pela pandemia do coronavírus. Os patrões e os governos de todo o mundo tentam jogar o colossal peso da crise nas costas dos trabalhadores. Nos momentos de calmaria, os grandes empresários recebem volumosos recursos do Estado (em 2019, no PR, o governo abriu mão de mais de 1 bilhão de reais para favorecer as montadores do estado),  exploram ao máximo, obtendo lucros fabulosos, e não promovem nenhuma melhora significativa nas condições de vida dos trabalhadores. Nos períodos de crise, cortam direitos, reduzem salários e demitem em massa, tratando os trabalhadores e suas famílias como uma laranja, que após ter todo seu suco sugado, a casca é jogada fora. Não respeitam as leis criadas por eles próprios, como é o caso da Lei Estadual nº 15.426/2017, que obriga as empresas que recebem incentivo fiscal a manter o nível de emprego, e do direito de greve ao anteciparem de forma criminosa os descontos do salário dos trabalhadores. 

A Renault é uma multinacional e por este motivo a luta travada por vocês possui uma importância nacional e internacional e serve de inspiração aos trabalhadores do mundo todo. A vitória de vocês é a vitória dos metalúrgicos brasileiros e de outros países. Pela magnitude da luta travada, apresentamos de forma amigável algumas propostas de ação que podem ajudar de forma significativa nesta batalha tão importante. 

  1. Somente a luta pode reverter integralmente as 747 demissões. Por este motivo nenhuma molécula de confiança pode ser depositada na Renault, no judiciário, na Assembleia Legislativa e nos governos Ratinho Júnior e Bolsonaro. Estas instituições e senhores não possuem nenhum compromisso real com o emprego e a vida dos trabalhadores e suas famílias. A decisão da 3º Vara do Trabalho, de São José dos Pinhais, que determina a reintegração dos trabalhadores é uma vitória, mesmo que ainda não definitiva, da greve e da mobilização. Justamente por não ser definitiva, foi correta a decisão de manter a greve mesmo após a decisão judicial. A Renault, segundo o site dos metalúrgicos de Curitiba e região metropolitana, voltará à mesa de negociação seguindo o apontamento da decisão judicial. Mantenham-se firmes na decisão prosseguir com a greve até que os 747 operários sejam readmitidos com todos os direitos. Não aceitem qualquer proposta de PDV (Plano de Demissão Voluntária) e/ou rescisões supostamente “mais vantajosas” ou qualquer tipo de redução de jornada com redução de salário. Isto é uma armadilha para submeter o conjunto dos metalúrgicos a um novo patamar de exploração. 
  2. Sabemos da dureza de manter a greve nesta situação. Por este motivo a greve não pode ficar isolada. Para romper o isolamento é fundamental deflagrar uma greve de todos os metalúrgicos de Curitiba e região metropolitana e expandi-la para outras fábricas e categorias operárias no Paraná e no Brasil. É fundamental se dirigir aos demais sindicatos e trabalhadores de outras categorias para que também parem a produção em solidariedade a vocês. Reintegrar os trabalhadores da Renault é um passo fundamental para impedir que demissões em massa continuem ocorrendo no Paraná e demais regiões do Brasil. 
  3. Tomem a greve em suas próprias mãos. Montem comitês de fábrica para fazer piquetes e mobilizar trabalhadores de outras fábricas e categorias. Todas as etapas da greve devem ser acompanhadas e impulsionadas pelos próprios trabalhadores. 
  4. Reivindiquem que a empresa abra integralmente a sua contabilidade. Ocupem a fábrica e exijam que ela seja estatizada sob controle democrático dos operários. Este caminho já foi utilizando por trabalhadores do mundo todo em diferentes oportunidades históricas, inclusive do Brasil, através do Movimento das Fábricas Ocupadas. Convidamos os companheiros metalúrgicos para que conheçam esta experiência e que isto sirva de inspiração.
  5. O desemprego e a miséria estão aumentando drasticamente em nosso país. Os patrões e os governos de forma insensível aproveitam a pandemia para retirar direitos, reduzir salários, demitir trabalhadores de forma generalizada sem tomar medidas efetivas que garantam a vida e os empregos. Por este motivo, as lutas parciais em cada categoria, apesar de importantes, devem culminar em um movimento independente e unificado dos trabalhadores contra a burguesia e o governo Bolsonaro que despreza a vida e está alinhado com os patrões e multinacionais na tarefa de estilhaçar os direitos e a renda dos trabalhadores. Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patões nem generais!

Contem com nossa integral e irrestrita solidariedade,

Esquerda Marxista Paraná!