A luta anticapitalista e as eleições 2018

Os marxistas travam um educativo debate com o restante da esquerda para que possamos analisar a situação política de maneira concreta, para além das aparências e do impressionismo. Devemos ter claro que o que move a sociedade é a luta de classes, e que essa se expressa apenas de maneira deformada através das eleições burguesas.

Não necessariamente quem vence as eleições burguesas é quem tem o apoio da maioria real da sociedade. As eleições burguesas não são democráticas. Suas regras privilegiam a burguesia, aqueles que têm fortunas para bancar as milionárias campanhas eleitorais. E muitos que votam em determinado candidato o fazem não por concordarem com seu programa, mas porque ele esteve mais exposto, se tornou mais conhecido, porque tinha mais dinheiro – e apoio da grande mídia burguesa. Observemos que tempo de TV não é o mesmo para todos os partidos. PSTU, PCB e PCO, por exemplo, nunca podem participar dos debates televisivos, e invariavelmente a burguesia tenta impedir a participação do PSOL. E esses são apenas alguns elementos que distorcem a expressão das classes no processo eleitoral. Além de tudo, é preciso denunciar que o PT está nesse momento votando junto com os partidos do capital as cláusulas de barreiras que dificultarão a participação do PSOL e outros partidos de esquerda nas próximas eleições.

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Agora, com o aprofundamento da crise econômica, uma crise no topo do poder se revela com a divisão da burguesia e a instabilidade da conjuntura. Ela tenta encontrar um nome para substituir Temer, há conspiração aberta e televisionada dos seus tecnocratas para isso, mas está longe de encontrarem um consenso. Ventilam até alternativas “a la Doria”, como Luciano Hulk. O que podemos prever é que seus projetos vão tentar impedir o debate entre os trabalhadores, sua organização e consequentemente a disputa de um projeto próprio de classe.

Nesse último período muitos ainda mantêm de pé o discurso de que atravessamos uma onda conservadora e desde o impeachment diversos dirigentes dos trabalhadores estão sem rumo esbravejando “golpe, golpe, golpe…” e “Diretas Já”, mas seguem abraçando Renan Calheiros e Rodrigo Maia. Hoje o tom da balada ainda é dado pela burguesia, e novamente perde-se o momento oportuno de uma verdadeira Greve Geral empunhando as bandeiras históricas dos trabalhadores, contra as reformas e os ataques de Temer e do Congresso Nacional.

Mesmo assim os trabalhadores e a juventude não aceitam as reformas e estão dispostos a tomar as ruas quando encontram algum ponto de apoio, como vimos nas maravilhosas greves do primeiro semestre. Cabe lembrar da convocação da Greve Geral de 30/06, em que novamente vimos o PT desmobilizando os trabalhadores, o que permitiu a aprovação da reforma trabalhista praticamente sem combate pela CUT. A saga aliancista de Lula com a burguesia é responsável pela crise da CUT que não mobiliza suas bases para a luta hoje. As centrais sindicais pelegas fazem acordos com os sindicatos patronais desarmando o povo e assim, juntos com o capital, todos esses desorganizam os trabalhadores para que suas lutas não vão até o fim.

Nesse quadro vemos também discursos dos grotescos reacionárias Bolsonaros,  que se sentem cada vez mais à vontade para levantar a cabeça e incitar ataques contra militantes, organizações de esquerda e movimentos sociais, servindo à burguesia como um aríete contra toda forma de organização democrática, de esquerda e do movimento operário. Isso acontece devido à passividade dos dirigentes da classe trabalhadora que contribuem de forma determinante para que esses setores sintam-se cada vez mais livres para agir.

Uma parte da vanguarda, desorientada, responsabiliza o “atraso das massas” pelos resultados eleitorais, com frases tais como “o povo tem o governo que merece” ou concluem que os resultados até agora são reflexo de um aumento do conservadorismo entre a população. Com isso, consciente ou inconscientemente estão dando cobertura à direção do PT, que é a verdadeira responsável por seu próprio fracasso e com isso preparam o fortalecimento da direita mais reacionária nos parlamentos e palácios.

O cenário econômico promete tempos difíceis para todos os trabalhadores, que voltarão a se mobilizar para se defender dos cortes e ataques aos seus direitos conquistados com tanta luta. Mas, para os revolucionários o cenário político é animador. Difícil, complexo, mas animador porque o que estamos vendo é o acirramento da luta de classes e cada dia mais pessoas estão interessadas em ideias de mudança radicais no sistema no Brasil e em outros países. É o momento oportuno para oferecermos uma alternativa radical e socialista e reagrupar a juventude e os trabalhadores num novo eixo de luta de classes e defesa do socialismo.

Acreditamos que o PSOL pode jogar um papel fundamental na luta de classes, contanto que apresente um projeto classista e que aponte um caminho rumo à revolução. Deve-se partir dos anseios mais sentidos e mais simples dos trabalhadores, mas explicando clara e abertamente que as reivindicações só terão consistências duradouras quando a classe trabalhadora tomar o poder.

Com um programa que permite abrir a discussão entre os trabalhadores e jovens sobre as tarefas socialistas nessa conjuntura, estamos apoiando a pré-candidatura do companheiro Nildo Ouriques a presidente da República pelo PSOL. Convidamos os trabalhadores e a juventude a conhecer e também fazer parte.

Para conhecer a carta de Nildo Ouriques apresentando sua pré-candidatura, clique aqui.