Vencer o governo e os banqueiros: derrotar a proposta de acordo bianual

O governo e os bancos querem mostrar uma força que na verdade não têm. Ampliando a unidade e a mobilização, a categoria sairá vitoriosa.

Foto: Rafael Prata, militante da Esquerda Marxista, em assembleia da categoria

A greve nacional dos bancários está completando 30 dias. Mesmo sendo uma das mais longas da história, a categoria não dá sinais de cansaço, pelo contrário. Afinal, na última rodada de negociação, a FENABAN propôs um acordo bianual!

Ao invés de resolver o impasse, o governo (que dirige o BB e a CEF) e os banqueiros propuseram mudar as regras no meio do jogo. Ofereceram reajuste de 7% agora mais R$3,5 mil de abono e, para 2017, o reajuste da inflação medida pelo INPC mais 0,5%. Ou seja, um acordo bianual para arrochar os trabalhadores e impedi-los de se mobilizarem no ano que vem.

Esse absurdo foi rejeitado na mesa pelo Comando Nacional dos Bancários. Mas, em assembleias realizadas dia 3 de outubro em todo o país, a maioria dos dirigentes sindicais sinalizou que topa fechar um acordo bianual, “desde que garanta ganhos aos trabalhadores”, como disse a presidente do Sindicato dos Bancários de SP.

Diante desse vacilo, é necessário explicar que a estratégia do governo é isolar as categorias que estão em campanha salarial nesse segundo semestre, para enfraquecê-las e derrotá-las. No caso dos bancários, seria exemplar reverter a sequencia de 12 anos de greves com reajustes um pouco acima da inflação – sem considerar as perdas decorrentes do governo FHC – com um acordo que não garante sequer a inflação, introduz a lógica perversa do abono e ainda deixa a categoria amarrada para o ano que vem. Aliás, ano que o governo pretende avançar na reforma previdenciária e trabalhista.

Dá para vencer!

Para aplicar essa estratégia, os bancos apostam no cansaço da categoria, apostam que a população se voltará contra os bancários, devido ao alto número de agencias fechadas às vésperas do 5º dia útil e contam com o apoio da mídia e da OAB. Essa que entrou com pedido para o judiciário considerar a greve ilegal e sua seção no PE pediu até a prisão da presidente do sindicato!

No entanto, o impasse causado pela FENABAN produziu um efeito contrário: a adesão tem aumentado nos bancos públicos e grandes piquetes foram organizados em centros administrativos e de tecnologia dos bancos! Já são vários os exemplos de trabalhadores no nível de gerencia média que estão aderindo ao movimento, de maneira organizada pelos sindicatos – como os da Superintendência do BB em ES ou os gerentes de contas da CEF no Maranhão. Mas também há diversos focos espontâneos desse tipo de adesão, que podem e devem ser organizados para se proliferarem pelo Brasil.

É preciso também fazer um chamado, via CUT e outras centrais, para organizar um grande dia de piquetes e atos de repúdio à FENABAN, garantindo a adesão nos centros administrativos e de tecnologia dos bancos e nas agencias de alta renda que ainda estão funcionando mesmo de portas fechadas.

O governo e os bancos querem mostrar uma força que na verdade não têm. Por isso, ampliando a unidade e a mobilização sairemos vitoriosos!