Muita repressão e dois projetos aprovados

Diferentemente dos 50 manifestantes favoráveis à intervenção militar, milhares nesta terça-feira (29/11), em Brasília, foram recebidos com o melhor da política de Temer e do Congresso Nacional: muita repressão.

Foto: Repressão policial ao protesto desta terça-feira (29/11)

Quando um bando de 50 “cidadãos” invadiu o plenário da Câmara dos Deputados para exigir a volta dos militares, foram tratados a pão de ló e não se viu nem bombas nem gás de pimenta. O vidro que foi quebrado ficou em terceiro ou quarto plano, enquanto as transmissões de TV e os noticiários esforçavam-se a dar voz aos “cidadãos”.

Agora, quando mais de 20 mil cidadãos, estudantes, professores, trabalhadores, se reúnem para protestar contra a aprovação de um projeto (PEC 55), que prepara cortes na saúde, na educação e na previdência social, além de possibilitar mais benefícios para o setor rentista (a capitalização de estatais não dependentes), são tratados com gás de pimenta, gás lacrimogênio, bombas e tiros de bala de borracha.

Na fuga, no meio da confusão, carros e vidros quebrados. E o que a imprensa destaca? Os feridos que ninguém contou? Os presos que não foram comunicados? Os vários feridos que acabaram em hospitais? A perda dos direitos democráticos? Os privilégios para o setor financeiro? Nada disso. O que mais a imprensa destaca são os protestos “violentos”. Que estes foram causados pela violência maior da polícia, nem uma linha. Que os manifestantes têm claro o que vão perder, nem uma linha.

Ah, sim. Enquanto tudo isso acontecia, a PEC 55 foi votada, além do voto no pacote “anticorrupção”. Se a PEC vai ter efeitos bem visíveis, o outro pacote tem elementos de autoritarismo (é necessário ver a redação final) além de terem sido incluídos pontos que contrariam juízes e promotores.

A verdade é que o tal pacote não traz coisas simples que poderiam reduzir a corrupção, tais como estatização sob o controle dos trabalhadores de toda empresa corruptora, eleição imediata de todos os cargos para os quais os titulares foram condenados por corrupção, e outras. O problema é que isto significaria atacar a sacrossanta propriedade privada, e isso não pode.

É necessário a unificação de forças de todos os sindicatos e partidos que lutam contra as medidas que atacam os trabalhadores. Uma plenária nacional, com representantes de todos os sindicatos, entidades estudantis, partidos e movimentos sociais para “barrar a reforma da previdência” deve ser convocada. Se no primeiro turno desta PEC 55 a repressão foi imensa, sem unidade e mobilização corremos o risco de ser derrotados e perdermos boa parte dos direitos nas próximas “reformas” planejadas, como a previdenciária.