Mataram meu irmão, foram os carabineiros

As ruas em Santiago vigiadas pelos carabineiros

Gerson Gutiérrez irmão de Manuel Gutiérrez, o garoto assassinado pelas tropas dos carabineiros no Chile em 25 de agosto durante os protestos realizados na greve geral convocada pela CUT chilena, deu uma entrevista na Rádio ADN e reiterou que seu irmão foi morto por bala disparada por carabineiro.

“Estávamos na esquina, passando por ali, observando os acontecimentos, as fogueiras, tudo o que ocorria. Nos dirigíamos ao local próximo à passarela Vespúcio, em “el Valle”. Ali estavam ocorrendo manifestações e queríamos só ver. Em nenhum momento quisemos participar das escaramuças ou algo semelhante. Não era nossa intenção participar, queríamos só ver o que ocorria.

Estávamos indo para este local pela Rua Amanda Labarca, uns 300 metros antes de chegarmos ao Vespúcio apareceu um carro dos cabineiros e o sujeito que estava ao lado do motorista começou a disparar pela janela. Fez 3 disparos, um deles atingiu meu irmão na altura do peito.

O carro dos carabineiros surgiu, disparou e se foi. Pensei que eram balas de borracha, porem eram balas de verdade, de grosso calibre. Não saberia descrever o calibre e o tipo do projétil, mas pelo que soube era de grosso calibre.”

Gerson relatou ainda que quando ouviram os disparos eles se atiraram no chão. Manuel sentiu que havia sido atingido e começou a desvanecer. As pessoas que passavam por perto lhe ergueram a camisa e viram a ferida no peito. Dali foi levado para o posto 4, em Ñuñoa, onde faleceu.

Gerson disse ainda que: “Gostaria que pudessem devolver a vida de meu irmão, lamentavelmente isso não vai ser possível, porém tem que haver justiça, simplesmente a justiça deve ser feita e coisas deste tipo não mais ocorram. Poderia ter sido com uma jovem de 16 anos, com um rapaz de 35, comigo ou simplesmente com um velho. A única coisa que quero é que entendam que o que estou dizendo é a verdade e que façam justiça e que os responsáveis tenham que responder e que paguem por isso.”

Segundo a mãe de Manuel o médico que o atendeu confirmou que ele havia sido atingido por arma de grosso calibre.

Em outro episódio um manifestante foi atingido. Seu nome? Mario Parraguez Pinto, 18 anos. Recebeu um tiro no olho, mas o projétil era de borracha, o que não impediu que ela entrasse por seu olho e se alojasse no cérebro do rapaz.

Segundo relatos ainda não confirmados, durante a greve geral, mais de 600 mil pessoas participaram das manifestações nas ruas das cidades chilenas.

O governo de Piñera parece estar convencido que tem que endurecer. Os trabalhadores e jovens se preparam para novas e futuras batalhas. Às vésperas do 11 de setembro, quando Allende foi assassinado, abre-se no Chile um período turbulento que deixará marcas profundas nas consciências dos que participaram das batalhas.