Foto: Henrique Macedo

Escola de Quadros 2017: Revolução Russa e situação internacional

O segundo dia da Escola de Quadros da Esquerda Marxista ocorreu em 22 de abril, abordando os temas da Revolução Traída e as teses dos quatro primeiros congressos realizados pela Terceira Internacional, a Internacional Comunista. À noite aconteceu a abertura da Conferência com informe internacional realizado pelo camarada Fred Weston. Os debates deram continuidade aos painéis realizados dia 21.

A apresentação da Revolução Traída, realizada por Rafael Prata, demonstrou como a burocracia foi tomando a revolução de 1917, culminando com a ascensão ao poder de Stalin. A Rússia vivia uma situação de miséria com o pós guerra civil.

 

Foto: Johannes Halter

A indústria produzia apenas 20% da quantidade de antes da guerra e gerava somente 13% do valor. A maquinaria estava praticamente destruída, com 60% das locomotivas fora de uso e 63% das vias inutilizáveis. A produção agrícola sofreu queda na quantidade e também no valor. Os trabalhadores com os melhores salários recebiam entre 1200 e 1900 calorias, quando o ideal era 3 mil calorias diárias. Isso influenciava no esvaziamento das cidades. Em três anos Petrogrado perdeu 57,5% e Moscou 44,5% da sua população.

Essa situação afetou e alterou o ânimo do proletariado e, além disso, existia o peso do fracasso da revolução socialista no restante da Europa. O isolamento da Revolução Russa, o desgaste do ânimo revolucionário das massas resultaram no avanço de uma casta burocrática sobre o Estado Operário, que encontrou em Stalin o dirigente para encabeçá-la, com uma brutal repressão sobre os opositores, em especial os trotskystas, e adotando a defesa da linha do socialismo em um só país, submetendo o proletariado internacional a amargas derrotas.

Foto: Henrique Macedo

À tarde, o camarada Serge Goulart fez o informe sobre as teses dos quatro primeiros congressos da Terceira Internacional – a Internacional Comunista (IC). A IC foi fundada após a Revolução Russa e com um combate intenso liderado por Lenin e Trotsky para reconstruir uma internacional revolucionária marxista, após a traição e capitulação da Segunda internacional, dominada pelo reformismo e a submissão às burguesias nacionais, com suas seções chegando a apoiar a participação de seus países na Primeira Guerra Mundial.

O principal legado da Internacional Comunista foi retomar a linha de continuidade das melhores tradições da Primeira e Segunda Internacional, enriquecendo-a com muitas das experiências da Revolução Russa. Um ponto importante, aprovado no 4º Congresso, é a tática da Frente Única. Uma tática de combate pela unidade do proletariado contra a burguesia, mas que não significa o abandono, pela organização revolucionária, de suas posições. Tal tática foi sintetizada com a fórmula: “golpear juntos, marchar separados”. Marchar ao lado quando as lutas estão de acordo.

Foto: João Diego

Informe Internacional

A abertura da conferência foi realizada pelo camarada da Corrente Marxista Internacional (CMI) Fred Weston. Em seu relato, Fred abordou o aumento das leis protecionistas em diversos países. Com o aprofundamento da crise do capitalismo, a burguesia busca meios de se proteger. Com isso vem o aumento de leis que retiram direitos, que atacam de forma feroz as conquistas da classe trabalhadora. Ao mesmo tempo, contudo, cresce também as mobilizações dos trabalhadores. Em diversos países, como Espanha, França, Alemanha, os trabalhadores demonstram que não têm acordo com os desejos dessa burguesia, sinalizando que alguma coisa à esquerda acontecerá. Movimentos como Podemos na Espanha, Syriza na Grécia, Corbyn na Grã-Bretanha, Sanders nos EUA, Melénchon na França, cada um com sua particularidade, mas expressam a busca por alternativas à esquerda pelo proletariado.

Foto: João Diego

O exibicionismo de Trump, enviando ameaças à Coréia do Norte e as bombas enviadas à Síria, representam não um sinal de força, mas de fraqueza de um governo que ameaça, mas não consegue sustentar o patrocínio de uma guerra. Um país considerado o berço maior do capitalismo, do imperialismo, demonstra através de mobilizações que a população não está favorável às austeridades e nem irá pagar a conta de disputas da burguesia.

Conforme disse Fred, cem anos depois da Revolução Russa, a própria burguesia avalia que elementos muito semelhantes da Rússia de 100 anos atrás se desenvolvem de maneira mais globalizada na atualidade. Diante disso, a tarefa central dos marxistas é a construção do partido revolucionário, de uma internacional, capaz de ajudar a classe trabalhadora a tomar o poder e abrir caminho para a derrubada do capitalismo e iniciar a edificação do socialismo internacional.

Com grande ânimo foram abertos os trabalhos da Conferência Nacional da Esquerda Marxista, que seguiu, no dia seguinte, com a discussão sobre a situação política nacional e as tarefas de nossa organização.