Imagem: Sinasefe-SC

IFSC: da intervenção à censura

No dia 24 de junho o coordenador da seção sindical do Sinasefe1 no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Odemir Vieira, recebeu comunicado de denúncia contra ele feita na Polícia Federal pelo reitor temporário da instituição, o professor André Dala Possa. O interventor de Bolsonaro no IFSC, numa clara ação de censura, denunciou faixas, outdoors e outros materiais de divulgação do sindicato que denunciam o processo de intervenção na instituição.

André Dala Possa foi o candidato derrotado no segundo turno da eleição para a reitoria do IFSC, realizada em dezembro de 2019. O pleito foi vencido pelo professor Maurício Gariba Júnior, impedido de assumir por conta de um processo que investiga suposta improbidade administrativa no período em que foi diretor do campus Florianópolis, em 2011. O processo contra o reitor eleito foi aberto depois da divulgação do resultado da eleição.

O IFSC encontra-se há meses sob intervenção do governo federal. O governo fez sua primeira tentativa de intervenção no dia 20 de abril, ao indicar como reitor temporário Lucas Dominguini, então diretor do campus Criciúma, que imediatamente rejeitou a nomeação. O Conselho Superior do IFSC deliberou que, diante do impasse sobre a posse do reitor eleito, deveria ser aquele colegiado a decidir pela nomeação do ocupante temporário do cargo.

O governo federal rejeitou a deliberação do colegiado e optou por nomear o candidato derrotado da eleição, no dia 4 de maio. Embora com o discurso demagógico de que permanecerá apenas até o final do impasse envolvendo a nomeação do reitor eleito, sua prática vem mostrando o contrário. André Dala Possa não apenas montou sua equipe de gestão, como dissolveu o grupo de trabalho que discutia a transição entre a antiga gestão e a equipe diretiva eleita. Essa medida do interventor contraria inclusive decisão do Conselho Superior, na qual apenas o interventor votou contra.

Como se não bastasse desrespeitar deliberação do órgão deliberativo do IFSC, o interventor agora ataca o sindicato, denunciando seu coordenador à PF. Com isso, busca cercear a livre manifestação dos trabalhadores do IFSC, que têm repudiado a nomeação e as ações do interventor.

1 Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional.