Foto: Cristiano Estrela, Secom

Ensino remoto em Joinville

Artigo publicado no jornal Foice&Martelo Especial nº 06, de 14 de maio de 2020. Confira a edição completa

Escolas públicas

Rede estadual – SC

Os professores continuam responsáveis pelo planejamento das atividades das suas turmas, há duas possibilidades: uso da plataforma online (da qual o governo comprou o acesso para cada estudante e professor, Google Classroom) e atividades impressas.

O acesso dos estudantes e o nível de assédio da gestão variam muito de escola para escola. Bairros mais pobres, menor participação. Alguns estudantes que começaram usando a plataforma, com o aprofundamento da crise, acabaram sem internet e passam a buscar atividades na escola.

Além da pior qualidade, já que recursos como vídeo-aulas estão inacessíveis para esses, há também o problema da logística dessas impressões. O Estado não custeia impressões coloridas e, em algumas escolas, é solicitado para que os professores custeiem as folhas (!) e ajudem a imprimir indo na escola. Os trabalhadores do administrativo já estão expostos de todo modo com essa entrega.

É cobrado dos professores o envio semanal de atividades, o que tem sido recebido pelos estudantes com críticas, pois o volume de atividades é muito grande, considerando que muitos adolescentes já trabalham e não têm um ambiente adequado ao estudo em casa. Nenhum recurso tecnológico (computador ou internet) foi fornecido pelo Estado e 40% dos estudantes não têm computador (dados do próprio Estado).

Rede municipal – Joinville

Similar ao Estado, com a diferença que o acesso ao Google não foi comprado e os professores devem usar suas próprias contas e o serviço disponível gratuitamente. Anos antes, a Prefeitura já tinha disponibilizado computador aos professores, mas a internet também está por conta dos trabalhadores, que relatam uma sobrecarga de trabalho, uma vez que a secretaria e as gestões escolares criam burocracias extras de planejamento e registro de atividades. Além disso, há desvios de função, como a responsabilização do professor em procurar os pais de cada estudante que não alimentam a plataforma, inclusive por meio de ligações. Há também equipamentos parados nas escolas que poderiam ser disponibilizados para as famílias que não os tem. Trabalhadores em educação, como auxiliares e cozinheiras, estão acumulando banco de horas negativo durante a suspensão das aulas.

Na educação infantil, há relatos de professores que são cobrados de fazer registro minucioso de cada movimento realizado durante o horário de trabalho e avisar quando vão ao banheiro ou se alimentam em casa!

Os pais de crianças surdas, por exemplo, reclamam sobre a acessibilidade das atividades em uma escola especializada para esse público e se mobilizaram para acionar o Ministério Público. Professoras responsáveis por turmas dessa escola não tiveram seu contrato renovado, nem foram substituídos por outros que esperam, aprovados em processo seletivo. Esse problema se repete por toda a rede.

Escolas privadas – Joinville         

Aqui, os horários de aula foram mantidos e os professores ligam por vídeo para suas turmas. Ou seja, é necessário que o estudante tenha um computador, internet e atenção para ficar quatro horas diante da tela. Como são da rede privada, a maioria tem os recursos tecnológicos, com exceção dos bolsistas. Os professores vão até as escolas para poder usar a lousa e demais recursos, quebrando o isolamento.

Já que a modalidade de ensino mudou (presencial para a distância), e considerando a crise que também afeta os pais e estudantes dessa rede, estão reivindicando descontos na mensalidade.

Algumas escolas estão reduzindo salário dos professores, usando da medida provisória de Bolsonaro, que permite a redução por parte das empresas e injeta dinheiro público para custear parte dos salários dos professores. Há algumas discussões de greve nesses estabelecimentos.

Universidades públicas

UDESC e UFSC estão com as atividades suspensas, com riscos de cancelamento do primeiro semestre.

Universidades e faculdades privadas

Aulas a distância com o mesmo problema das escolas. Não se discute redução da mensalidade, se demite e reduz salário de professores e vários estudantes trancaram suas matrículas — ou por dificuldade de pagamento ou de acesso às aulas.