Coronavírus, isolamento e violência contra a mulher: o capitalismo precisa ser derrubado!

Marx dizia que a família moderna encerra, em miniatura, os antagonismos de classe que se desenvolvem na sociedade; e Engels diz que, na família, o homem representa o burguês e a mulher, o proletário.

Isso nos ajuda a entender a posição inferiorizada que a mulher ocupa na sociedade capitalista e a violência que sofremos, que se agrava por este sistema, que se assenta também na relação assimétrica entre homens e mulheres.

Com o aumento da concentração de excedentes e riquezas nas mãos do homem e com a abolição da sociedade matriarcal, a mulher passou a ser vítima de todas as formas de violência. Como disse Engels em A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado: “Essa degradada condição da mulher (…) tem sido gradualmente retocada, dissimulada e, em certos lugares, até revestidas de formas de maior suavidade, mas de maneira alguma suprimida“. Com o desenvolvimento do capitalismo, a mulher, passa a ser tratada como propriedade do homem, como um bem a mais dentre outros que ele teria direito de vida e morte para dela livremente dispor. 

Portanto, os avanços obtidos pelas mulheres em luta, são, dentro do sistema capitalista, objetos de disputa que, em momentos de crise como o atual, podem ser retirados pela burguesia, como meio de manutenção da ordem e do lucro. 

A explosão do coronavírus no mundo, que catalisou a crise do capital e tem mostrado a face mais decadente desse sistema, também está expondo a crueldade da sociedade de classes, da pobreza e da violência contra a mulher. 

Um aspecto dessa crise é o aumento dos casos de violência doméstica durante este período de isolamento. Segundo dados do Plantão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ), o número de casos de violência doméstica contra a mulher aumentou em 50% durante o confinamento. Considere-se ainda o fato de que muitos casos não são notificados pelas vítimas.

As contradições do capitalismo, manifestas através da miséria e da violência, que se amplificam em momentos agudos como esse, acentuam a violência contra a mulher; ainda mais em um país que está, segundo o Observatório Judicial da Violência contra a Mulher do TJ-RJ, ocupando o 5° lugar dentre os países que mais vitimam mulheres, por violência doméstica (feminicídio), e que tem 70% das notificações por atendimento de saúde ligados à violência doméstica contra a mulher (dados de janeiro de 2013 a junho de 2016). 

Em 5 anos, de acordo com o Observatório, houve 157.012 processos decorrentes de violência contra a mulher; e esses números referem-se a casos judiciais, ou seja, ainda não refletem a realidade. Esses números mostram a situação vulnerável da mulher nesta sociedade, que não está segura nem em sua própria casa.

Assim como o capitalismo, a violência contra a mulher é mundial, e se manifesta de diferentes formas. Na China, epicentro da pandemia, o número de pedidos de divórcio, principalmente vindos das mulheres, cresceu em ritmo acelerado após o fim do confinamento, período que, provavelmente, revelou às mulheres a necessidade de sair de relacionamentos ruins ou violentos. 

Na China, as mulheres passaram a ter o direito de pedir o divórcio em 1950, com a criação da Nova Lei do Casamento. Diferente da geração anterior à lei, as mulheres chinesas não aceitam mais permanecer em casamentos infelizes ou violentos e têm demorado mais para casar, buscando sua independência profissional e financeira.

Esses fatos demonstram a importância da luta pela independência financeira e pela inserção da mulher no trabalho produtivo, condição que permite que ela se mantenha financeiramente e também se desenvolva como pessoa, participando de atividades culturais, políticas e comunitárias. 

Em tempos de crise do capitalismo como esta, em que os trabalhadores se sentem cada vez mais oprimidos e acuados, as mulheres sofrem mais com o agravamento das relações familiares e íntimas.

Uma vez que o capitalismo consolidou o domínio do homem sobre a mulher, a opressão contra ela só será superada com o fim da sociedade de classes e da propriedade privada, ou seja, com o fim do sistema capitalista. Somente o socialismo será capaz de oferecer a igualdade de fato e o fim das violências que as mulheres sofrem, já que tanto o machismo, quanto a homofobia e o racismo são reflexos das contradições do capitalismo; e não se pode tratar apenas dos sintomas, devemos resolver a origem do mal que nos assola: o capitalismo. Portanto, não é suficiente lutar para diminuir a desigualdade, o que queremos é acabar com ela e, para isso, a única saída é a sociedade socialista.

É preciso estarmos fortes, unidas, munidas da teoria marxista e das ferramentas que a classe trabalhadora dispõe para que, no período que virá, possamos nos organizar e derrubar esse sistema que já está apodrecendo e não tem mais nada a nos oferecer.

Junte-se a nós na luta contra o machismo!

Pelo socialismo!

 

Referências:

<https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/03/23/casos-de-violencia-domestica-no-rj-crescem-50percent-durante-confinamento.ghtml>

<https://istoe.com.br/casos-de-violencia-domestica-no-rj-crescem-50-durante-confinamento/>

<http://portaltj.tjrj.jus.br/web/guest/observatorio-judicial-violencia-mulher>

<https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52012304>