Violência nos EUA: o problema é o capitalismo!

Logo no começo do ano, mais uma tragédia sangrenta abalou os Estados Unidos e o resto do mundo. O jovem Nikolas Cruz, de 19 anos, invadiu a escola de ensino médio Marjory Stoneman Douglas, na cidade de Parkland, na Flórida, e executou 17 pessoas, entre estudantes e professores.

O massacre é o mais novo da longa série de chacinas da história dos EUA. A comoção foi gigantesca. E mais uma vez a velha discussão veio à tona: a proliferação de armas na sociedade americana e a necessidade de regulamentar a venda.

Nos EUA é fácil conseguir uma arma, seja um revólver ou um fuzil de assalto. Mas daí a imaginar que o simples acesso à arma é a causa de tanta violência é um grave equívoco. Estaríamos caindo na armadilha dos “liberais”, que apresentam causas e soluções inócuas para evitar o verdadeiro problema: os males do capitalismo em decadência.

O mal-estar de grande parte da população com a desesperadora falta de perspectivas que o capitalismo oferece não se restringe aos EUA. Chacinas como as que vimos na Flórida ocorrem com frequência em outras partes do mundo, sob diferentes pretextos. Além disso, o acesso às armas não é totalmente irrestrito. O governo americano já tomou medidas para evitar que a população se armasse, especialmente depois da experiência dos Panteras Negras. O encarceramento em massa e a proibição de que ex-condenados possam ter armas são apenas alguns exemplos.

Ou seja, não se trata de um problema da “cultura americana”, e sim de uma questão de classe. Prova disso é o índice de mortes por armas de fogo nos EUA, pequeno se comparado ao de países como México, Venezuela e Brasil, onde a venda é proibida ou rigorosamente controlada. E nesses mesmos países a regulamentação das armas serve apenas para criar outro nicho de mercado para o crime organizado, parte integrante da economia capitalista.

Portanto, restringir a análise da tragédia às declarações de Trump e à infame National Rifle Association (NRA), principal lobby da indústria de armas no país, significa andar em círculos. A venda de armamentos é uma das válvulas de escape mais preciosas para o capitalismo atual, que já não desenvolve mais as forças produtivas. E para assegurar sua manutenção, a burguesia vai garantir, pelo estado ou fora dele, que suas pistolas e fuzis continuem em circulação, sem se importar com as consequências para os trabalhadores e suas famílias. Não temos ilusões com o “desarmamento” da população em uma sociedade na qual a burguesia, com seu exército e sua polícia, está armada até os dentes.

Os marxistas defendem o armamento dos trabalhadores. O triunfo da Revolução Russa teria sido muito diferente sem a guarda vermelha, formada nas fábricas e posteriormente o Exército Vermelho. Sem a organização dos trabalhadores e a expropriação da burguesia, as matanças vão continuar e piorar. Somente a revolução socialista poderá mudar esta situação.