Apeoesp precisa aprovar a greve total e militante

No dia 8 de fevereiro teve início a greve sanitária dos professores do estado de São Paulo, dirigida pela Apeoesp, sindicato da categoria.

O método da greve sanitária consiste em não ir presencialmente às escolas, mantendo o trabalho remoto. A ideia da direção da Apeoesp aparentemente se dividia em dois pontos: 1) Evitar o desconto de ponto dos grevistas, prática usual dos governos tucanos em São Paulo para reprimir os movimentos grevistas; e 2) Tentar dialogar com a comunidade escolar no sentido de demonstrar que os professores não se recusam a trabalhar, somente se negam a fazê-lo presencialmente. Porém, os primeiros indicativos da greve apontam que esse método está sendo o motor de desmobilização da categoria.

Em primeiro lugar, o governo anunciou já no dia 5 de fevereiro que descontaria o salário dos professores, quando foi decretada a greve sanitária pela assembleia da Apeoesp. Assim, não há nenhuma razão para acreditar que a Justiça ou qualquer instância do Estado burguês vá compreender os “bons” argumentos da direção da Apeoesp para evitar o desconto. Somente a adesão e luta da categoria poderiam impor isso ao governo Doria (PSDB).

Em segundo lugar, a comunidade escolar está sendo bombardeada pelo governo em todas as mídias e redes sociais sobre a “necessidade” do retorno e difundido a falsa ideia de que as escolas são espaços seguros para o retorno presencial. Não é com propagandas de TV e tuitaços que reverteremos isso. Somente conseguiremos ganhar a comunidade escolar atuando nas escolas, nos comandos de greve, em conversas diretas com pais, estudantes e demais professores que ainda não aderiram à greve.

Fora os aspectos supracitados, é importante considerar que 40% dos professores das redes públicas do país são do grupo de risco 1 e em São Paulo não é diferente. Isso significa que muitos que poderiam e gostariam de aderir à greve sanitária não o farão, isso porque já se encontram em trabalho remoto. Em termos gerais, a greve sanitária começa com 40% dos professores da rede estadual de SP não participando dela! A greve sanitária é dirigida aproximadamente aos 60% de professores restantes que estão no ensino presencial.

Nós, do Educadores pelo Socialismo, estamos construindo a greve sanitária, mesmo contrários ao método desde seu início. Estamos dialogando com a categoria e com a comunidade, denunciando todos os absurdos desse retorno presencial. Contudo, entendemos que esse método tem sido um fator preponderante para a desmobilização. Os professores continuam trabalhando remotamente e, mesmo assim, recebem o apontamento das faltas e desconto salarial.

O que precisamos é liberar os professores grevistas para que em 100% do tempo de greve estejam construindo a mobilização, visitando escolas, conversando com a comunidade e denunciando os absurdos inerentes ao retorno às aulas presenciais. É preciso destinar todos os grevistas ao convencimento da comunidade escolar, aprovando a GREVE TOTAL E MILITANTE! Só assim poderemos ter perspectiva de vitória.

Fonte:

1 <https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2020-08-24/escolas-publicas-tem-ate-40-dos-professores-no-grupo-de-risco.html>