Primeiro caiu José, agora foi João! E o PT com isso?

 

A burguesia está extasiada. A grande imprensa tem martelado desde o dia 2 de agosto que o STF agiria com o rigor da lei. Alguém deveria ser condenado no processo conhecido como mensalão. E assim foi! Cortaram a cabeça de João Paulo Cunha. Primeiro rolou a cabeça de José quando foi cassado pela Câmara de Deputados, agora rola a de João, cortada pelo Supremo Tribunal Federal.

A burguesia está extasiada. A grande imprensa tem martelado desde o dia 2 de agosto que o STF agiria com o rigor da lei. Alguém deveria ser condenado no processo conhecido como mensalão. E assim foi! Cortaram a cabeça de João Paulo Cunha. Primeiro rolou a cabeça de José quando foi cassado pela Câmara de Deputados, agora rola a de João, cortada pelo Supremo Tribunal Federal.

A grande imprensa fustiga e ataca, como era de se esperar. No dia de ontem todos os meios de comunicações da imprensa burguesa soltaram seu foguetório: João foi condenado!

Procurei hoje pela manhã na página do PT alguma mensagem de apoio ao João. Coitado, nada, nenhuma palavra! Nenhum gesto de repudio ao reacionário órgão da justiça burguesa. Parece que João está só! A aliança com a burguesia tem seu preço e ela está cobrando bem rapidamente e caro. O vergonhoso silêncio da direção do partido é revelador, indica a profundidade dos compromissos e de submissão frente à burguesia. Sugiro que nossos leitores leiam as posições da Esquerda Marxista do PT sobre o caso em: https://marxismo.org.br/?q=content/o-julgamento-do-mensal%C3%A3o-e-o-%C3%B3dio-de-classe-da-burguesia

O leitor poderá verificar que apontávamos em nossa Nota Política Semanal que a política de colaboração de classes, levará, em ultima instância, à destruição do partido, desmoralizando a base de filiados, a militância. Faz parte desse processo o silêncio tristemente imposto ao partido. A direção não esboça nenhum gesto de mobilização em defesa de João, a aliança tem suas exigências. Já quando José Dirceu teve seu mandato cassado, a linha foi a de aceitar e se silenciar.

No artigo escrito por Zé em 2001podemos ler: “Tenho andado muito pelo Brasil, reunindo-me com amigos e companheiros, fazendo palestras, participando de debates. Recebo, aonde vou, a solidariedade e o apoio dos que têm plena consciência de que a punição a mim imposta por 293 deputados foi injusta e política. Não cometi nenhum crime, não feri o decoro parlamentar, não me envolvi em negociatas. Meus adversários políticos, que pregaram a minha cassação para afastar-me da vida pública, não conseguiram uma só prova documental ou testemunhal para justificar a decisão tomada pela Câmara dos Deputados.

Mesmo sem provas, o procurador-geral da União incluiu-me na denúncia que apresentou ao Supremo Tribunal Federal contra 40 pessoas que ele considera envolvidas no episódio que ficou conhecido como “mensalão”. Não apenas me incluiu, entendeu que eu era o chefe do que ele denominou “organização criminosa”. Até hoje essa denúncia não foi apreciada pelo STF, deixando-me na incômoda situação de réu sem julgamento.

Ao lado disso, meus adversários procuraram me envolver em vários outros episódios largamente explorados pela imprensa. Tentaram, a todo custo, acabar com minha vida pública, construída com muita luta desde a adolescência. Não tiveram sucesso.

Como disse no discurso em que fiz minha própria defesa, na sessão da Câmara em que a maioria decidiu pela cassação de meu mandato e decretação de minha inelegibilidade por oito anos, não abandonarei a vida pública e a luta política em nenhuma circunstância”. http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=15&Itemid=22

Nenhuma palavra de indicação de repulsa ao nefasto e bastardo Congresso Nacional, nenhuma palavra de chamado à luta e à mobilização, apenas a resignação da espera, a longa espera de 8 anos imposta como pena, tal qual Collor se resignou para depois voltar a ser parlamentar e depois aliado do PT. A mesma postura para políticos tão diferentes! 

Agora, João Paulo já desistiu de sua candidatura para Prefeito de Osasco. O que virá depois? Certamente mais desmoralização e mais submissão aos aliados da burguesia.

Mas a crise empurra a classe trabalhadora para novas circunstâncias e a vozes que orientam para o silencio adocicado e subserviência à burguesia serão certamente ultrapassadas pela força das massas.