Partidos de esquerda, “democracia” e a execução de Marielle

Frente à podridão escancarada do Estado burguês, que recentemente expressou de modo voraz suas entranhas corroídas com a execução de Marielle, mais uma vez desmoronam as ilusões das massas da classe trabalhadora nas instituições burguesas (sistema político, Poder Judiciário, Polícia Militar e Civil etc.)

Apesar de representar uma oportunidade gigantesca para demonstrar a falência deste sistema e a necessidade de sua superação, as principais organizações e partidos políticos brasileiros decidem pela linha de se dirigir a essas instituições desgastadas e exigir-lhes… justiça.

O PT e a CUT exigem “urgência, rigor e justiça aos órgãos responsáveis pela apuração deste crime hediondo e a punição dos culpados, bem como a devida proteção às demais lideranças populares.” Mas não foram essas mesmas instituições que deixaram Marielle ser assassinada?

O PSTU “se soma à exigência de investigação e punição dos assassinos e seus mandantes.” A CSP-Conlutas, dirigida pelo PSTU, chama a “desmilitarização da PM”. Exigir apuração do assassinato a quem o cometeu? Mesmo o PSOL, partido de Marielle, vai na mesma linha de exigência de “apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo.”

O PCdoB expressa sem nenhuma vergonha a linha conciliatória e se utiliza da execução de Marielle para chamar à conciliação de classes: “Dramaticamente reforça a necessidade de união de amplas forças políticas para restauramos a democracia e com ela o direito do povo a segurança e a paz.” E quando a classe trabalhadora teve esse direito a segurança e paz? Ninguém sabe.

Todos os partidos aqui citados defendem o socialismo em discurso. Contudo, num contexto de absoluta falência das instituições burguesas e de intensa polarização da luta de classes, qualquer socialista que se preze estaria nas ruas aos gritos pela extinção da Polícia Militar e exigindo apuração independente do caso. Esse é o sentido da campanha “Exigimos Justiça para Marielle Franco”, assinado por parlamentares e intelectuais do mundo inteiro, e que conta com a participação da Esquerda Marxista. que propõe a criação de uma comissão independente composta por juristas e defensores dos direitos humanos, que conte com acesso aos dados policiais e judiciais da investigação.