Para que o mar não lembre a morte

Poema da camarada Ana Claudia diante dos trágicos acontecimentos envolvendo os refugiados que buscam se salvar da barbárie que se alastra no Oriente Médio e na África. Como disse Lenin, o capitalismo é horror sem fim.

Lá estava ela
Caída, morta ao chão
De frente ao mar
Onde desesperadamente tentou chegar

Tão pequena, tão grande
Diante da imensidão daquelas águas
Poderia ser divertido
Brincar, aproveitar o barulho do vento
Construir castelos, catar conchinhas
Mas isso a violência desse mundo não lhe permitia

Olhar o horizonte
Sentir que maravilhoso seria
Se tivesse acesso ao pão e a poesia
Como um grito de libertação
Anunciando a revolução
Decretando o fim da opressão
E o surgimento de um novo mundo

Minha grande-pequena criança
Tá tudo errado!
Não deverias estar sem vida ao chão
Mas sim brincando e sorrindo
Imaginando sereias, baleias e tudo que ao mar rodeia

Como não posso mais te dar colo
Ofereço a minha indignação
E junto dela me somo à tantos outros
Que a barbárie querem banir
E um outro mundo construir
Para que o mar não lembre a morte
Mas sim a vitória, um novo porvir
Para brincar, sonhar e sorrir

* Ana é militante da Esquerda Marxista, professora da rede municipal de Florianópolis e Diretora do Depto. de Educação do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (SINTRASEM).