O Movimento Negro Socialista (MNS) e as eleições de 2014 – Dilma, Marina e Aécio

A luta contra o racismo, que para o Movimento Negro Socialista (MNS) é a luta revolucionária contra o capitalismo e toda sua opressão à população negra que representa o maior estrato de trabalhadores e jovens desse país, novamente não é pauta em campanha eleitoral para presidência.

A luta contra o racismo, que para o Movimento Negro Socialista (MNS) é a luta revolucionária contra o capitalismo e toda sua opressão à população negra que representa o maior estrato de trabalhadores e jovens desse país, novamente não é pauta em campanha eleitoral para presidência.

O Tribunal Superior Eleitoral no registro oficial de candidaturas descreve Marina Silva como: “Brasileira nata, nascida em Rio Branco – AC, no dia 08/02/1958, do sexo feminino, cor/raça preta“. A candidata do PSB se declara negra nos debates e discursos eleitorais em todo país e busca votos junto aos trabalhadores negros e a juventude.

No último sábado (13/09) a imprensa francesa comparou a candidata Marina Silva com Barack Obama dizendo que Marina Silva é “a Obama brasileira que abala Dilma Rousseff”.[1] E na ausência de um programa político capaz de sustentar algum sensacionalismo o jornal francês se limitou a definir Marina como uma pessoa: “íntegra e virgem em termos de escândalos político-judiciários, que embora tenha posições conservadoras em assuntos como casamento gay, aborto e maconha, defende um estado laico e o desenvolvimento industrial do país “.

A condição de classe e de cor já levou Marina Silva em 2010, na primeira disputa pela presidência a declarar-se como “a primeira mulher negra, de origem pobre, presidente do Brasil”. Porém, até os movimentos mais adaptados resistem a ideia de promover Marina como a candidata negra do país por conta de sua postura em relação à tolerância religiosa e não surpreenderia que ela aplaudisse a decisão da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro que negou o candomblé e umbanda como religiões.

Enquanto isso o ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Elói Ferreira, promove a candidatura de Dilma Rousseff (PT) intitulando o governo Lula e Dilma como àqueles que marcaram a história da população negra e rebaixando o combate ao racismo às ditas políticas de “inclusão” e “minorias”. E isso bastou para ‘motivar’ manifestações de movimentos negros em apoio à candidatura da presidente Dilma. E neste cenário eleitoral se posiciona oportunamente o candidato Aécio Neves pregando a “defesa e manutenção das ações afirmativas de inclusão social, inclusive cotas, em razão de raça”, retomando o falso conceito de raça e novamente reduzindo o combate ao racismo à políticas de ação afirmativa e a rasa defesa das minorias.

Para o Movimento Negro Socialista (MNS) o programa político de um candidato não depende de sua cor, pois um candidato negro somente poderá representar as reivindicações dos trabalhadores e jovens negros deste país, se pautar a luta de classes e aliar a luta contra o racismo à organização dos trabalhadores no combate ao sistema capitalista. A cor de Obama não mudou o lado em que ele está posicionado na luta de classes, tampouco pautou ou combateu o racismo, pois atualmente os EUA têm mais negros atrás das grades do que escravos em época de escravidão.

O Movimento Negro Socialista (MNS) entende que a luta de classes impregnada e imposta pelo capitalismo aposta na segregação e exploração dos povos e utiliza o racismo como seu instrumento de opressão. Assim, a humilhação e a opressão racista é fruto de um sistema baseado na exploração do homem pelo homem e não há como combater esse sistema afirmando que “não há elite em nosso país” como diz Marina, ou ainda que “é preciso apostar nas cotas raciais” como segue dizendo Dilma e da oportuna carona do candidato Aécio, e outros partidos como o PSOL. O resgate do conceito de “raça”, que já motorizou históricos genocídios em todo mundo, sustenta uma política que impulsiona o racismo desde sua origem e aposta, erroneamente, em aplicar medidas à conta gotas sem tratar das verdadeiras feridas e sem comprometer o Estado.

Tratar o racismo como um instrumento de opressão do sistema capitalista exige uma saída que rompa com a estrutura burguesa de Estado e tal alternativa é uma tarefa do qual os candidatos à presidência que avançam nas pesquisas querem se esquivar. E assim, todos seguem a ordem estabelecida pelo capitalismo que promove a repressão, o sucateamento dos serviços públicos e a instrumentalização do racismo através das políticas afirmativas que não atacam as raízes da segregação e do racismo e não representam as reivindicações mais sentidas da classe trabalhadora.

A saída para a classe trabalhadora e para os jovens negros não estará nas urnas e sim na organização consciente rumo à construção de uma nova sociedade, livre da exploração e do racismo sustentado e promovido pelo Estado burguês a cada eleição. É por isso que votamos nos candidatos do PT e recusamos o voto aos candidatos burgueses apoiados pelo PT.

Viva a luta pelo socialismo e pela igualdade!



[1] http://www.portugues.rfi.fr/brasil/20140913-imprensa-francesa-compara-marina-silva-barack-obama