O “Estadão”, a direita raivosa e o combate dos marxistas

O que se esconde por trás da tentativa do Estadão de se contrapor aos que hoje defendem uma intervenção militar no Brasil.

O jornal O Estado de São Paulo, em seu editorial de 18 de novembro de 2014 (ver aqui: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,desrespeito-a-democracia-imp-,1594331), no qual ataca a Carta Aberta da Esquerda Marxista à Lula, Dilma e a direção do PT, traz também um aspecto central e relevante, a crítica aos grupos de extrema direita que, concretamente, estão defendendo a deposição de Dilma com uma intervenção militar.

Nenhuma ilusão no Estadão. Este jornal é um dos principais representantes e defensores dos interesses da burguesia. Se, nesse momento, está se contrapondo ao que chama de “desvario golpista” da extrema direita, é porque compreende que utilizar-se de tais posições, na atual situação, é um “tiro no pé”, ou seja, pode provocar a repulsa às manifestações contra Dilma e divisão entre a oposição de direita ao governo. Não por acaso, esse editorial veio depois da fragmentação de um ato da direita no dia 15 de novembro, justamente por conta das posições a favor da volta dos militares ao poder.

Vale lembrar que este periódico burguês apoiou o Golpe Militar de 64. No dia 2 de abril de 1964, uma de suas manchetes comemorava: “Vitorioso o movimento democrático” (ver a imagem abaixo). Aparentemente, sempre tiveram uma dificuldade em entender o significado da palavra democracia, já que o que se inaugurava ali era o sombrio período da Ditadura Militar.  Como já explicou nossa resposta ao editorial do Estadão (https://www.marxismo.org.br/content/o-editorial-do-estadao-e-seu-ataque-carta-aberta-lula-dilma-e-ao-diretorio-nacional-do-pt): “O Estadão tem a cara de Churchill, que odiava a democracia, simpatizava com o fascismo e que só entrou em guerra para salvar seu próprio pescoço. Foi como o Estadão, que conspirou, ajudou e apoiou o golpe militar que derrubou o governo eleito de João Goulart e depois fechou o Congresso, instalando uma ditadura militar sanguinária e ultrarreacionária. O Estadão só tomou distância da ditadura um ano depois alegando cinicamente que ela não havia convocado eleições (!). E durante toda a ditadura continuou o jogo fazendo de conta que se opunha, mas que nada podia fazer pois, afinal, os negócios…”

Os ataques da última Ditadura Militar estão bem presentes na memória do povo, assim como toda a heroica luta do proletariado para derrubá-la. É impossível hoje uma base de massas com a bandeira por um golpe ou uma intervenção militar.

As mentes pensantes do Estadão são reacionárias, mas não são burras. Eles sabem que a entrada em cena de figuras e posições de extrema direita pode colocar mais gasolina na luta de classes. Isso os preocupa. É bom lembrar a polarização que ocorreu na reta final do segundo turno das eleições presidenciais e que, na semana passada, um ato tendo entre os lemas centrais “contra a direita, por mais direitos”, liderado pelo MTST, CUT e outras organizações de esquerda, reuniu mais de 12 mil em São Paulo.

A tática do Estadão, alinhado com o PSDB, não é dar um golpe agora, mas sim conceder mais tempo para Dilma governar e, em meio à crise econômica, apostar no aprofundamento de seu desgaste. Que ela e a direção do PT se enforquem com a política de colaboração de classes. Um golpe agora seria um erro, uma precipitação.

Mas o ques está claro é que a situação é de instabilidade e crise. O próprio Estadão sabe disso e analisa no mesmo editorial que “as manifestações populares que sacudiram o País em junho do ano passado começam a refluir para as ruas”. 

Nossa organização só pode olhar com otimismo para a situação política que se abre. Além disso, a importância dada por um dos principais jornais burgueses às nossas posições, atacando-as, só confirma que estamos no caminho certo. A força das massas, da luta da classe trabalhadora e da juventude, vai jogar na lata do lixo da história a burguesia e seu sistema. Confiança na capacidade de mobilização e luta dos trabalhadores, confiança no futuro socialista da humanidade.