Marcha da classe trabalhadora a Brasília

Só com a unidade e a luta da classe trabalhadora é que poderemos alcançar os nossos objetivos.

Encabeçada pela CUT e demais centrais sindicais, no dia 11 de Novembro, em Brasília, será realizada a 6º Marcha da Classe Trabalhadora, em defesa da redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais sem redução de salário.

Para tanto a CUT convoca “cada sindicato, cada federação e confederação cutistas para reunir o maior número possível de militantes para participar dessa já tradicional mobilização”.

O projeto das 40 horas semanais (PEC 231/95) está no Congresso e ainda não tem data para ser votado.

Na convocatória, a CUT alerta que a “CNI (Confederação Nacional da Indústria) e suas estaduais, como a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que são entidades sindicais dos patrões e que recebem imposto sindical e ainda têm uma série de vantagens com dinheiro público, estão contra a redução da jornada de trabalho sem redução de salários”.

Para enfrentar esse posicionamento, a direção da CUT diz que “a classe trabalhadora tem de ser protagonista sobre o Congresso Nacional” e que além da ação política na Câmara e no Senado o “nosso desafio é colocar milhares de trabalhadores e trabalhadoras nas ruas de Brasília no dia 11 de novembro”.

Sim, já sabemos que os patrões se mobilizarão para derrubar nossos direitos. É por isso mesmo que não podemos restringir nossas ações apenas à realização de marchas. Não podemos, simplesmente, fazer um esforço humano e financeiro para estarmos presentes nas marchas, recebermos um tradicional NÃO e nada conseguirmos de concreto.

Afinal, não devemos ter ilusões neste Congresso, ilusões de que vamos abrir um canal de negociação com os parlamentares que, em sua grande maioria, representa os interesses da burguesia e dos patrões, e que aprovam somente projetos que prejudicam a classe trabalhadora.

Essa reivindicação (redução da jornada sem redução dos salários) só pode ser conquistada através do poder que temos como operários e produtores de toda riqueza. E isso, por si só, já deixa claro que não podemos ficar esperando a boa vontade desse parlamento, cuja maioria está comprometida com nossos inimigos de classe. É necessário mobilizar todas as fábricas, ir para as ruas, realizar paralizações!

A direção da CUT tem a obrigação de realizar essa mobilização, pois sabemos da picaretagem desse Congresso e quem ele representa.

A proposta das 40 horas não é só justa, é também uma das formas de colocar a classe em movimento, contra as posições de setores que acham que o trabalhador brasileiro já tem muitos direitos e que é necessário rever, inclusive, os direitos conquistados com muitas lutas.

É preciso que a CUT, que traçou um objetivo de colocar nesta atividade 50 mil cutistas, não vacile frente aos obstáculos que certamente aparecerão. Temos que ter uma postura firme frente ao governo, que em nome da “governabilidade” diz que é necessária a aliança com os deputados e partidos dos patrões que representam os interesses contrários aos dos trabalhadores. Lula deve apoiar-se nas lutas dos trabalhadores e intensificar as ações que beneficiem os trabalhadores, sem mais nenhuma concessão aos patrões. Lula deve romper com os partidos e parlamentares que representam os patrões. Se tomar essa decisão receberá todo o apoio da classe trabalhadora.

Temos que mobilizar os sindicatos de trabalhadores em todo o país, e este é o papel que a maior central sindical deste país tem condições de cumprir, esse é o papel de sua direção.

Por isso é fundamental que se amplie as articulações nas CUTs estaduais preparando um enfrentamento duro em defesa dos interesses dos trabalhadores, com passeatas e manifestações em todas as capitais, para que no dia em que o projeto for apreciado e votado na Câmara, se tenha uma forte mobilização em todo o Brasil e que esta sirva para avançar na construção da Greve Geral.

* Severino Nascimento (Faustão) é membro da Direção Nacional da CUT e Diretor do Sindicato dos Químicos de Pernambuco.

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