Maranhão em crise: e agora PT?

A política nacional de alianças do PT com o PMDB incluiu o apoio no Maranhão ao governo de Roseana Sarney. O resultado é crise.

A política nacional de alianças do PT com o PMDB incluiu o apoio no Maranhão ao governo da oligarquia local, de Roseana Sarney, gerando uma profunda crise do partido no estado.  O racha foi inevitável desde que foi implantado o apoio à oligarquia Sarney. Os verdadeiros petistas foram para a oposição enquanto que a política oficial do partido é de apoio ao governo da Roseana Sarney.

Agora, o Estado do Maranhão volta a ficar em evidencia na mídia com as constantes rebeliões no Complexo Presidiário de Pedrinhas que fica na capital do Estado. O que gerou uma onda de violencia na cidade comandada pelas facções do crime organizado de dentro do presídio. As condições do presídio são as mais bárbaras e desumanas que existem.  Todas as visitas feitas pelas autoridades governamentais ligadas ao Ministerio da Justiça e entidades como a OAB constataram o total abandono do presídio, superlotação e presos mantidos ilegalmente, quando já poderiam estar em liberdade.

Agora, ficamos sabendo que quando se trata de ganhar dinheiro às custas do Estado a oligarquia maranhense não mede esforços. O jornal O Estado de São Paulo noticiou que “O gasto do governo Roseana Sarney (PMDB) com as duas principais fornecedoras de mão de obra para os presídios do Maranhão chegou a R$ 74 milhões em 2013, um aumento de 136% em relação a 2011. Uma das empresas que mais receberam verba, a Atlântica Segurança Técnica, tem como representante oficial Luiz Carlos Cantanhede Fernandes, sócio de Jorge Murad, marido da governadora, em outra empresa, a Pousada dos Lençóis Empreendimentos Turísticos”.

Ao invés de investirem para melhorar as condições dos presidiários, criando novas unidades, o governo do Estado tercerizou a mão de obra dos agentes carcerários para uma empresa do grupo economico de Jorge Murad.

A terceirização nos presídios é apontada pelo sindicato dos agentes penitenciários e pela oposição como uma das causas da barbárie no sistema carcerário do Maranhão.O jornal Estado de São Paulo fornece alguns dados : “Responsável por fornecer os guardas que fazem a segurança armada dos presídios, a Atlântica recebeu, em 2013, R$ 7,6 milhões da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap).

Um ano antes, o valor era exatamente a metade: R$ 3,8 milhões. Ano passado, a Atlântica também tinha contratos com outros quatro órgãos estaduais e recebeu no total R$ 12,9 milhões do governo maranhense.

Já a VTI Tecnologia da Informação, responsável pelos sistemas de câmeras de segurança e pelos monitores que trabalham desarmados nos presídios, recebeu, em 2013, R$ 66,3 milhões da Sejap, montante 35% superior ao pago pela pasta no ano anterior”.

No site da Receita Federal consta que a atividade econômica principal da empresa é “consultoria em tecnologia da informação”.

Locação de mão de obra temporária aparece como uma das quatro atividades secundárias. Em 2013, a VTI tinha contratos com outros três órgãos do Maranhão e recebeu no total R$ 75,8 milhões do Estado.

Desde 2009, primeiro ano da atual administração de Roseana, o gasto total do governo maranhense com essas duas empresas passou de R$ 10,1 milhões para R$ 88,7 milhões no ano passado – crescimento de 778%”.

O governo do Maranhão nega que a terceirização e a “privatização branca” tenham a ver com os recentes acontecimentos de violencia. Mas, segundo o sindicato dos agentes presidiarios ´Os terceirizados não têm treinamento adequado para lidar com presos. Além disso, são mal remunerados, o que favorece a corrupção. Daí a quantidade de armas, celulares e drogas encontrada no interior das cadeias. Um monitor da VTI recebe cerca de R$ 900 mensais, e um guarda da Atlântica, pouco mais de R$ 1 mil. Já um agente concursado ganha, em média, R$ 3,5 mil´.

As prisões na sociedade capitalista são em geral um instrumento de opresssão do Estado burgues. A população presidiária vem em geral das classes trabalhadoras. Em qualquer lugar do mundo é isso o que acontece. No Brasil, rico não vai para a cadeia ou quando vai goza de “prisão especial”. Privatizar presídios, como mostram os numeros no caso de Pedrinhas, no Maranhão, foi um bom negócio para a burguesia.

E no meio dessa crise, a governadora Roseana Sarney fez uma licitação para o fornecimento para os banquetes oficiais do governo do Estado onde se incluiam itens como caviar e lagosta.

O caso do Maranhão, assim como em outros estados, como no Rio de Janeiro, mostra que a política de alianças do PT com os partidos burgueses, a chamada “base aliada”, só serve para beneficiar os interesses da burguesia e de seus negócios. E agora, vai continuar a política de aliança com o PMDB no Maranhão, em nome do que mesmo “nacional”?!