Instabilidade, crise e revolução!

Crise econômica no mundo e no Brasil. No coração do capitalismo, o crescimento da candidatura de Bernie Sanders expressa as profundas mudanças que estão ocorrendo nas bases da sociedade. No Brasil, o governo Dilma prepara novos ataques. A luta segue! Leia a nota política da Esquerda Marxita.

Segue o desenvolvimento da crise mundial do capitalismo. A desaceleração da economia chinesa tem importantes consequências para a economia global, os dados mostram a queda na importação e exportação no país e a retirada de capitais que chega a quase 1 trilhão de dólares. Brasil e Rússia em recessão, os países imperialistas com pífios crescimentos. Estes são os sinais da preparação de uma nova recessão mundial.

Por outro lado, cresce o ódio das massas aos governos e políticos empenhados em salvar o sistema. A vitória do Syriza na Grécia em 2015, a ascensão do PODEMOS na Espanha, a surpreendente vitória de Jeremy Corbyn para a presidência do Partido Trabalhista na Inglaterra, a vitória dos partidos de esquerda em Portugal, e, finalmente, o fenômeno Bernie Sanders nos EUA, são expressões da busca dos “de baixo” por uma saída.

O crescimento da candidatura de Sanders, nas primárias do Partido Democrata, demonstra profundas mudanças de consciência na sociedade estadunidense. Mudanças que já deram seus sinais na ocupação do capitólio de Wisconsin em 2011, no movimento Occupy, nas grandes lutas contra a violência policial e o racismo.

Em uma pesquisa entre eleitores dos EUA, 69% dos jovens (menos de 30 anos) disseram estar dispostos a votar em um candidato socialista. Em um país de tradicional e permanente propaganda anticomunista, isso é absolutamente significativo. Estamos cientes das limitações do que Bernie Sanders considera socialismo (na verdade, um capitalismo regulado, menos selvagem e mais humano). Não temos nenhuma ilusão no Partido Democrata, um partido burguês até a medula. No entanto, é preciso compreender, sem sectarismo, o significado deste fenômeno e dialogar com os jovens e setores populares, cansados da velha política, que se agarram na candidatura de Sanders. (Leia mais sobre em: O fenômeno Sanders: o que significa e para onde vai?)

No Brasil, a crise segue se aprofundando, os dados apontam que 2015 encerrou com uma queda de mais de 4% do PIB (Produto Interno Bruto). Cresce o desemprego e a inflação. O emprego industrial caiu mais de 6% em 2015 e 1,5 milhão de postos de trabalho foram fechados! Comprometido com o sagrado pagamento da dívida interna e externa, o governo Dilma precisa cortar R$ 30 bilhões do orçamento previsto para 2016 para garantir o superávit fiscal primário (economia para pagar a dívida) de 0,5% do PIB. Já sabemos, pela experiência passada, onde serão esses cortes: saúde, educação, moradia, saneamento, cultura, etc. Agravando o caos na saúde pública, que já passa por falta de medicamentos, médicos, redução no horário de atendimento, fechamento de hospitais, etc. As epidemias de zika vírus, chikungunya e dengue, tem relação direta com a queda dos investimentos em saneamento e saúde.

Ao mesmo tempo, o governo prepara a reforma da previdência para instituir a idade mínima de 65 anos para aposentadoria, fim da diferenciação de idade de aposentadoria de homens e mulheres e o fim da equiparação do reajuste das pensões com o reajuste do salário mínimo. Além do retorno da CPMF. Estes são os verdadeiros golpes contra a classe trabalhadora!

O impeachment de Dilma, que já não era a opção da fração majoritária da burguesia, perde ainda mais força. Assim como Eduardo Cunha, que viu o candidato que apoiava para líder do PMDB na Câmara, Hugo Motta, ser derrotado por Leonardo Picciani, da ala do partido aliada ao governo.

Enquanto isso, seguem as investigações de corrupção envolvendo Lula, com a ampla cobertura da grande mídia.  Nós condenamos a política de colaboração de classes, de submissão aos interesses da burguesia, defendida e aplicada por Lula. Nós condenamos sua adaptação aos métodos burgueses. No entanto, estes processos e investigações que estão em curso, são totalmente seletivos, assim como tem sido toda a Operação Lava-Jato, em que os políticos e partidos burgueses são poupados.

O interesse da direita não é atingir Lula apenas, é desmoralizar e criminalizar o PT, a esquerda, o conjunto do movimento operário e suas organizações. E, de quebra, enfraquecer a possibilidade de uma candidatura do PT em 2018. Nós não fazemos coro com a burguesia. Mas também não participamos de atos “em defesa de Lula”, como os chamados pela Frente Brasil Popular, que buscam encobrir e defender os métodos e a política de traições aos interesses da classe, aplicada e defendida por Lula.

Diante de todo esse cenário, jovens e trabalhadores seguem resistindo e lutando. Grandes combates se preparam. A ocupação da fábrica MABE pelos trabalhadores, nas plantas de Campinas e Hortolândia, após meses de salários e direitos atrasados e a decretação da falência da fábrica, é mais uma demonstração da crise, por um lado, mas também do ânimo de luta e resistência da classe operária, por outro. (veja mais em: Trabalhadores da Fábrica Ocupada Flaskô prestam solidariedade aos trabalhadores que ocuparam a fábrica MABE)

A juventude, que é a primeira corda a vibrar ao som da revolução, protagonista das jornadas de junho de 2013, das ocupações de escola em SP, e tantas outras lutas, enfrentando a repressão e criminalização, amadurece sua consciência e segue na luta por um futuro digno.

No vitorioso 2º Acampamento Revolucionário da campanha “Público, Gratuito e Para Todos: Transporte, Saúde, Educação! Abaixo a Repressão!”, realizado na Fábrica Ocupada Flaskô, no fim de janeiro, cerca de 150 jovens de diferentes partes do Brasil fundaram uma nova organização de juventude, a Liberdade e Luta.

Convidamos todos os jovens a conhecerem o manifesto de fundação da Liberdade e Luta, e a se somarem em sua construção.

No Brasil e no mundo, o que podemos ver são os tremores que anunciam um terremoto político, o que está em curso é a preparação de uma situação revolucionária em nível mundial.

Prepare-se para a revolução, lute pelo socialismo, junte-se à Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional.