Greve Geral pelo Volta Dilma nunca vai acontecer

A luta dos trabalhadores por seus níveis de vida está ocorrendo e crescerá, mas o “volta Dilma” está longe de figurar entre suas demandas.

Nas palavras de seus dirigentes, nos discursos, em reuniões e pela internet, a CUT diz desejar uma greve geral. O apelo, entretanto, é um discurso oco, quando não se colocam os problemas centrais. A CUT promoveu junto com outras entidades no dia 6 de junho uma atividade com o título de “Se é público, é de todos, contra as privatizações”. O presidente da CUT, Vagner Freitas, discursou defendendo “ir para as ruas impedir o golpe no Senado e construir a greve geral”.

Um artigo do site da CUT, publicado dia 7 de junho, destacava uma entrevista de Freitas: “Dia 10 é Dia Nacional De Mobilização, de luta em defesa dos direitos sociais e trabalhistas, de construção, de aquecimento para uma greve geral que ainda não tem data marcada. As bandeiras desse dia serão ‘Fora, Temer’ e ‘nenhum direito a menos’.” Na verdade, a CUT continua manobrando na situação, sendo que as assembleias de base, em sua maioria, discutem apenas as campanhas salariais em curso e muito pouco sobre um programa de defesa dos direitos.

Um exemplo disso é que a CUT continua defendendo o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que é o início do “negociado sobre o legislado”. Nada que fale de estabilidade no emprego, de redução das horas de trabalho sem redução salarial, de não pagamento da dívida, de reestatizar o que foi privatizado. E poderíamos citar muitas coisas mais que a CUT deixou de defender.

Só na Previdência Social, por exemplo, por que a CUT não fala em revogar o que já foi aprovado que reduz os direitos? Por que se cala frente ao escândalo que são os privilégios de deputados, senadores, juízes do Supremo, Ministros, Presidente e Vice? Afinal, por que estes senhores tem que morar em palácios enquanto a maioria dos trabalhadores mora em favelas e barracos? Como defender estes privilégios odiosos de Ministros, Presidentes e outras “autoridades” voando em jatinhos da FAB?

 Só falar em greve geral, pela democracia e “volta querida” não mobiliza ninguém. Os trabalhadores irão à luta, mas muitos dos que hoje pretendem falar em nome deles serão varridos neste processo.

Artigo publicado na edição 90 do jornal Foice&Martelo, de 15 junho de 2016.