Formulada inicialmente há 168 anos, a frente única continua atual

No centro das diferenças entre os vários grupos que se reivindicam do marxismo, a questão da frente única continua sendo uma chave para a revolução proletária.

Quando dois jovens revolucionários, de 30 e 28 anos, formularam o célebre Manifesto do Partido Comunista, o movimento operário dava seus primeiros passos e o capitalismo iniciava seu declínio histórico. Mas, já naquela época, estava colocada a tarefa de superar os obstáculos surgidos da divisão do proletariado em diferentes organizações. Isso se materializou na Associação Internacional dos Trabalhadores e em seus documentos.

Com a traição dos dirigentes socialdemocratas, por ocasião da Primeira Guerra, esse debate adquiriu uma importância ainda maior. Os revolucionários precisaram formular táticas mais precisas, para lidar agora com os reformistas. Como orientação mundial, esse esforço ganhou o corpo teórico da teoria da frente única e de sua modalidade anti-imperialista, fruto da elaboração dos primeiros congressos da Internacional Comunista.

A degeneração burocrática da União Soviética, e sua expressão reacionária sob os partidos comunistas, colocou ainda mais a questão da frente única diante dos revolucionários. O combate da Oposição de Esquerda Internacional, e posteriormente da IV Internacional, foi a continuidade da aplicação da frente única, agora também contra a influência estalinista. Com o assassinato de Leon Trotsky, e a crise que implodiu a IV, toda uma série de revisões foi feita, algumas concebendo a “frente única revolucionária”, ou mesmo descartando seu papel.

Contudo, para os marxistas, a tarefa central consiste em combater pela unidade da classe operária e seus aliados em seu enfrentamento com a burguesia. E isso se faz com uma aplicação sistemática da política de frente única, tal qual formulada pela IC. Essa tática faz-se tão imprescindível porque as massas trabalhadoras não estão sob influência dos revolucionários, mas, sim, guiadas por toda série de reformistas e oportunistas.

Superando as divisões no seio do proletariado, a classe revolucionária põe-se enquanto classe contra as forças burguesas, e os revolucionários têm a oportunidade de contrapor as debilidades dos dirigentes, diante do olhar das massas, nas reivindicações mais elementares da vida.

Artigo publicado na edição 93 do jornal Foice&Martelo, de 17 de agosto de 2016.