Combater a ameaça de massacre em São Paulo

Em defesa dos estudantes e professores do Instituto Federal Campus Pirituba! Organização e luta coletiva contra o machismo e a ameaça terrorista!

Tomamos conhecimento da ameaça anônima de massacre que os estudantes do Instituto Federal de São Paulo, campus Pirituba, receberam após organizar um protesto denunciando casos e assédio sexual no instituto.

A luta contra o assédio começou no início do ano, quando parte das jovens envolvidas na organização do protesto se mobilizavam para constituir uma chapa para as eleições do grêmio estudantil. Assim, foi formado um coletivo composto principalmente por estudantes mulheres.

As denúncias de assédio começaram a se multiplicar na escola quando esse coletivo foi formado, uma vez que as vítimas puderam se apoiar nesse instrumento de luta e mobilização. O coletivo começou a organizar rodas de conversa e com o apoio de alguns professores realizaram conversas nas salas de aula sobre o tema.

Nesse contexto de pressão da luta dos estudantes, a direção do campus decidiu suspender por alguns dias os estudantes que haviam sido denunciados. Mas essas suspensões não surtiram efeito algum. Os estudantes denunciados continuavam a circular pela escola e as vítimas deixavam de frequentar aulas, sentindo-se inseguras de estar no mesmo ambiente de seus assediadores.

Indignados, os estudantes realizaram um protesto em 19/8 e organizaram um espaço para que as vítimas se sentissem à vontade para denunciar seus agressores. O protesto saiu em passeata pelas dependências internas do instituto e depois ganhou a rua. Estudantes cantavam palavras de ordem contra o assédio sexual, cobrando uma resposta da direção do instituto por medidas que realmente garantissem a segurança das vítimas e de todas as estudantes.

Uma semana depois, no último sábado (27/08), uma das estudantes membro do coletivo recebeu um e-mail anônimo com ameaças de um massacre na escola. O autor das ameaças começa se solidarizando com os acusados de terem assediado as estudantes, dizendo que são “inocentes” e que estão sendo “tratados como lixo”. Quando se refere a eles como “abusadores”, o faz entre aspas.

A ameaça cita nomes de estudantes que organizaram o protesto e ainda diz:

“Se vocês querem guerra, pois isso que terão. Todos dessa escola sintam-se ameaçados, pois daqui em diante eu prometo que todos vão sentir o mesmo que esses alunos “abusadores”. Aliás, desculpe-me. Vocês vão passar por algo bem pior. Não teremos piedade com ninguém desse campus. Meninas não fiquem com medo de serem assediadas, sintam medo de perderem suas vidas. Não achem que será diferente com vocês meninos. Nós vamos assassinar todos, estão achando que é uma ‘ameacinha boba?’ Veremos daqui uns dias.”

Não há ainda como saber quem escreveu a carta de ameaça. Mas o autor infere que sabe como os acusados de assédio se sentem, o que denota que pode ser um deles ou pode ter contato com eles a ponto de saber como estão se sentindo. Na redação da carta, às vezes se coloca na primeira pessoa do singular, às vezes na primeira pessoa do plural (“Não teremos piedade com ninguém” … “Nós vamos assassinar todos”, etc.).

O covarde por trás dessa ameaça conclui ameaçando a vida dos estudantes e de toda a comunidade escolar no que chama de “Novo Massacre”:

“E juntos nós vamos fazer história com poços de sangue e corpos gelados no Instituto Federal de Pirituba. Todas as pessoas que estavam no protesto e principalmente as que foram citadas, os boyzinhos de Alphaville que nunca sofreram nada, e as putas que só servem pra lavar louça e serem tocadas como objetos. Podem ter certeza, vocês serão pisados pelos nossos pés com uma bala na cabeça. 1° anos, 2° anos, 3° anos, professores, direção, se preparem para serem as vítimas do “Novo Massacre”.”

Essa ameaça de massacre é uma covarde tentativa de intimidar os estudantes que começaram a se mobilizar e de barrar o processo de luta e organização estudantil que estava se desenvolvendo no IFSP-Pirituba, a partir da chapa para o Grêmio, do Coletivo e da luta para denunciar os casos de assédio sexual. Essa ameaça deve ser repudiada por toda a comunidade escolar que deve exigir investigação, identificação e punição dos seus autores.

Nós, da Esquerda Marxista (seção brasileira da Corrente Marxista Internacional), da Liberdade e Luta, do Movimento Mulheres Pelo Socialismo e do Movimento Negro Socialista nos solidarizamos com as vítimas de assédio e abuso, e com toda a comunidade escolar ameaçada por esta carta anônima.

Conteúdo do e-mail com ameaças às vidas dos estudantes do IFSP que se manifestaram

Já vínhamos acompanhando de fora a mobilização dos estudantes do IFSP-Pirituba desde as discussões para formar a chapa do grêmio. Agora nos colocamos ombro a ombro dos estudantes, em defesa de suas vidas, contra essa ameaça terrorista e seus autores.

É necessário aumentar o nível de organização dos estudantes ao invés de arrefecer. Devemos incentivar a auto-organização dos estudantes, professores e comunidade escolar em Comitês em defesa da vida dos estudantes e de todos que foram expressamente ameaçados para garantir a segurança dos envolvidos.

É através de meios coletivos que podemos vencer essa ameaça terrorista e a covardia de seus autores de tentar instalar o terror e o medo no instituto. É através da nossa auto-organização que devemos lutar pela segurança de todos na escola e defender a integridade física dos estudantes ameaçados.

Além disso, sabemos que o machismo e o ódio contra os trabalhadores e estudantes que buscam se organizar e lutar por seus direitos não estão presentes somente no IFSP. Faz parte da luta de classes na sociedade capitalista. O capitalismo está em crise e seus defensores buscam intimidar, reprimir e bloquear, por todos os meios, que um novo mundo possa nascer. Portanto, é preciso unir essa luta dentro da escola com a luta para construir uma forte organização revolucionária em São Paulo, no Brasil e em escala internacional para derrubar o capitalismo e, assim, conquistarmos nossos direitos, acabando com toda forma de exploração e opressão.

  • Um ataque ou ameaça a um, é um ataque ou ameaça a todos! Unidos e organizados podemos inibir qualquer covarde de realizar qualquer terror.
  • Em defesa do direito à livre organização e manifestação dos estudantes e trabalhadores!
  • Contra a ameaça terrorista e reacionária! Por Comitês em defesa da vida dos estudantes e de toda comunidade escolar do IFSP Pirituba!
  • Pelo fim da importunação e assédio sexual contra as mulheres!
  • Abaixo o machismo e o capitalismo!

Esquerda Marxista (seção brasileira da Corrente Marxista Internacional)
Liberdade e Luta
Movimento Mulheres Pelo Socialismo
Movimento Negro Socialista