Diante da crise, burguesia clama pela volta de Lula

Greves, Ocupações e Manifestações. Apesar de todo o esforço das direções reformistas no sentido contrário, as lutas da classe trabalhadora e da juventude contra os efeitos da crise do capitalismo prosseguem.

Greves, Ocupações e Manifestações. Apesar de todo o esforço das direções reformistas no sentido contrário, as lutas da classe trabalhadora e da juventude contra os efeitos da crise do capitalismo prosseguem. 

E também não é para menos, os serviços públicos seguem sendo sucateados e privatizados, as demissões aumentam e com a chegada da copa do mundo a repressão toma proporções não vistas em muito tempo no país. Não só a repressão do executivo através das policias, mas também do judiciário que persegue e criminaliza os movimentos sociais e do poder legislativo que prepara novo arcabouço de leis contra os protestos. 

Neste cenário a aprovação popular do governo Dilma se deteriora tão rápido quanto a situação da economia, e diante disso, a burguesia está dividida. Uma parte dela, impulsionada pela grande mídia e pelo judiciário, acredita que agora é o melhor momento para retomar o controle do poder central do estado elegendo para a presidência ou Aécio Neves do PSDB ou Eduardo Campos do PSB. Já outra parte, que podemos chamar de mais realista, sabe que os efeitos da crise ainda vão se agudizar no Brasil e que ter um governo de colaboração de classes a frente do governo federal, pode ser decisivo, na contenção das lutas dos trabalhadores, pelo menos, é o que eles acreditam. Maior partido burguês do país, o PMDB expressa essa divisão, com uma parte representada pela bancada do partido no senado e por boa parte dos governadores, seguindo no propósito de reeditar a aliança com o PT no próximo período, enquanto outra ala, representada pela bancada do partido na Câmara dos Deputados, se aproxima da oposição.

Porem a fração burguesa que defende a reeleição de um governo de colaboração de classes tendo o PT a frente está preocupada, isso porque, aquilo que se afirmava em 2010 começa a se revelar agora “Dilma não é Lula” ou seja, apesar de ter um histórico de combate a ditadura militar, Dilma não tem a autoridade política que Lula tinha sobre a classe operária e mesmo sobre a base militante do PT e da CUT. E isso reflete justamente na sua incapacidade de abafar politicamente a escalada de luta dos trabalhadores e da juventude desde as jornadas de junho de 2013. 

Nesse cenário, o PR (antigo PL) que elegeu José Alencar como vice presidente de Lula em 2002, sabendo que a agudização da crise do capitalismo, exigira mais ataques contra os trabalhadores e a juventude, lançou recentemente um manifesto intitulado “MOVIMENTO UNIÃO BRASIL CAPITAL & TRABALHO” pedindo ao PT, a indicação de Lula como candidato a presidente, sob as bases do programa expresso na “carta aos brasileiros” de unidade nacional entre empresários e trabalhadores. Eles acreditam que o retorno de Lula poderia trazer de volta a paz social que a burguesia precisa para continuar arrancando direitos e explorando a classe trabalhadora, de forma impune. 

A troca de Lula por Dilma é improvável, pelo pouco tempo que há daqui até a eleição, para tornar essa troca “justificável”. Entretanto, não se pode descartar completamente, que a sanha burocrática de se manter no poder a qualquer custo, faça surgir no PT um movimento que levaria a esse desfecho, caso Dilma caia vertiginosamente nas pesquisas, embora isso seja, como dissemos anteriormente, bastante improvável. Mesmo porque, para o PT, isso seria apenas empurrar o problema para a frente, a verdade é que em breve chegara o momento onde o PT terá de escolher entre romper sua aliança com a burguesia, ou se destruir completamente enquanto partido com bases operárias, processo que aliás, está bastante avançado diga-se de passagem. 

Porém, para a classe trabalhadora, seja Lula ou seja Dilma, nada muda substancialmente. As jornadas de junho demonstraram que só através das lutas de massa é possível realmente arrancar direitos e conquistas significativas. Por isso com o aumento do ataque da burguesia, através de seus governos, o que resta aos trabalhadores é aumentar a sua organização e ampliar a luta, e através dela, construir o Partido revolucionário de massas, capaz de abrir o caminho para a derrota definitiva do capitalismo e da construção do socialismo.