USP sitiada

Estudante do 1º ano de filosofia relata e analisa situação na USP invadida pela Polícia Militar.

Nessa manhã de Segunda-Feira, 1º de Junho, a Universidade de São Paulo acordou ocupada por mais de cem homens das divisões especiais da Polícia Militar. A pedido da Reitora Suely Villela e a mando do Governador José Serra, a polícia entrou no campus para impedir uma manifestação legítima dos funcionários que permanecem em greve. Tal fato não ocorria desde 1979, período de ditadura militar, quando aqueles que cogitavam questionar ou discutir eram perseguidos, torturados e assassinados.

Rompendo com todas as barreiras da sanidade essa foi a maneira escolhida pela reitora para negociar com os funcionários que permanecem bravamente em greve. A decisão da assembléia geral dos funcionários da USP, do comitê de greve e da assembléia dos funcionários da reitoria foi de fazer um piquete em frente ao prédio da reitoria. O piquete é a única maneira de garantir que os funcionários do prédio não entrem para o trabalho, pois são coagidos e ameaçados de demissão e punição pela chefia. Porém, mesmo sendo o piquete um instrumento legal da luta dos trabalhadores a reitoria decidiu de forma ditatorial chamar a tropa de choque da Polícia Militar para acabar com a manifestação e garantir que os funcionários entrassem no prédio.

Mesmo com tal golpe a reitoria sentiu que os funcionários permanecem unidos e prontos para reagir. Acatando a decisão da assembléia os funcionários da reitoria permaneceram no piquete e, mesmo com polícia, coerção e ameaça, não entraram para trabalhar (salvo, claro, os detentores da forca). A medida desesperadora da reitoria mostra que a disposição em acabar com a greve supera qualquer limite. Os funcionários respondem mantendo a luta mesmo sobre fortes ataques e ameaças. O primeiro a romper com as negociações foi a Reitoria, se negando a negociar com o Fórum das Seis (agrupamento dos sindicatos de professores e funcionários das universidades estaduais de SP) e com os representantes legítimos dos trabalhadores da USP. Não será com repressão policial que a Reitoria vai acabar com a greve, mas sim acatando as exigências dos funcionários, promovendo o reajuste salarial, impedindo a demissão e readmitindo Brandão (dirigente sindical do SINTUSP que está demitido).

O objetivo da Reitoria foi dar um tiro de misericórdia na luta dos trabalhadores, pois estes permanecem ainda, infelizmente, isolados. Mais do que nunca é hora dos professores e dos estudantes aderirem à greve e fazer com que o tiro da reitora saia pela culatra. A universidade é um espaço para o livre debate de idéias e formação de idéias, a entrada da PM para reprimir, coagir e ameaçar toda a comunidade universitária rompe com esse princípio básico. Essa demonstração deixou claro que essa será a forma de diálogo da Reitoria com o movimento dos estudantes e dos professores e nos não podemos aceitar isso!

A greve unificada dos três segmentos – funcionários, professores e estudantes – é o único meio de expulsar a PM do campus universitário. Os ataques de Serra e Suely permanecem e nós que sofremos com os ataques só temos como meio de defesa a organização e a mobilização. O que está na ordem do dia é a manutenção e ampliação da greve, não só dentro da USP, mas também na Unicamp, Unesp e Fatec. Gritar em uníssono Fora Suely, Fora PM e basta de ataques promovidos por Serra e pelo tucanato! Queremos uma universidade pública, de qualidade e para todos e somente a luta garantirá esse direito!

Segunda-Feira, 1º de Junho de 2009.

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