Manifestação de 15 de março, na Avenida Paulista, contra as reformas da Previdência e Trabalhista

Unidade para derrotar as reformas da previdência e trabalhista

Em 15 de Março centenas de milhares de trabalhadores e jovens se manifestaram no país inteiro. Greves, passeatas, fechamento de vias, todos acorreram ao chamado unitário das centrais sindicais e do movimento popular. A raiva do povo contra o odiado Temer se expressava nos gritos de “Fora Temer” que ecoavam a todo minuto nas passeatas e concentrações. A força do movimento obrigou a que a Rede Globo cobrisse a manifestação desde as primeiras horas da manhã.

No dia seguinte, Temer, seus ministros e os deputados sentiram a pancada, mas não quiseram passar recibo. Todos eles disseram que o que importa é o voto no parlamento e não o povo nas ruas. Temer repetiu o seu mantra: prefiro ser impopular a ser populista. E os jornais da burguesia dedicaram espaço em seus editorais e colocaram seus “analistas” para atacar a manifestação de “sindicalistas”, “vagabundos”, “atrapalhando os que querem trabalhar”. Nas estações do metrô de São Paulo, os que foram “atrapalhados” pelos “vagabundos” repetiam em entrevistas ao vivo: “tem que parar tudo”, “eles querem acabar com a aposentadoria”.

O jornal O Estado de São Paulo, em editorial de 20 de março, é direto: “Cada emenda que mitiga a reforma da Previdência é, portanto, um ato de lesa-pátria… É impossível manter um sistema previdenciário gravemente deficitário, cujo rombo só tende a crescer, em razão do envelhecimento da população e do irrealismo das condições de concessão de benefícios.” Sem citar diretamente as manifestações, o Estadão aponta o dedo e acusa de traição nacional quem não defende a reforma. Mais claro impossível!

Uma semana depois, Temer reconhece que a pancada foi forte e propõe retirar da reforma os servidores estaduais e municipais (mais de 80% dos servidores públicos). Motivo? O peso dos servidores estaduais (particularmente os professores) nos atos do dia 15.

Os governadores fazem várias declarações alegando que não foram consultados. E o impagável Estadão, ao invés de pedir a prisão de Temer por crime de lesa-pátria (conclusão lógica do seu editorial já citado), faz novo editorial que começa assim: “É inegavelmente forte o risco de se consolidar a interpretação de que a decisão do presidente Michel Temer de retirar da proposta de reforma da Previdência Social a revisão das regras para a aposentadoria de servidores públicos estaduais e municipais é um recuo.”

Têm razão os manifestantes que gritam “se empurrar o Temer cai”. Os trabalhadores deram um leve cutucão e Temer acusou a pancada. Mas ele e os deputados continuam atacando os trabalhadores.

A Câmara Federal manteve o fogo contra os trabalhadores – aprovou o projeto de terceirização irrestrita na noite de 22 de março. Mas os analistas burgueses tomaram um susto – a votação foi de 231 a 188 e são necessários mais de 300 votos para uma alteração na constituição. E isto sem nenhuma mobilização séria contra este projeto!

A direção da CUT, “surpresa” com Rodrigo Maia (presidente da Câmara) que fez votar o projeto na data que vinha anunciando, reage convocando um novo dia de mobilização para 31 de março e anuncia uma greve geral para abril.

A Corrente Sindical Esquerda Marxista lembra que:

Os servidores municipais de Florianópolis foram à greve contra um pacote do prefeito enviado a câmara municipal, viram os vereadores aprovarem o pacote e conseguiram com a sua greve massiva de mais de 1 mês e a sua luta reverter o pacote aprovado, apesar de toda a pressão da mídia burguesa, das ameaças do judiciário de prisão dos dirigentes sindicais e multas exorbitantes impostas ao sindicato.

O segredo? A unidade do sindicato na defesa da categoria, respeito à base do sindicato, assembleias e reuniões na base o tempo inteiro.

Este é o segredo que a CUT precisa redescobrir. Retomar os métodos e a firmeza que já teve nos anos 80, quando foi criada. E construir a unidade, em cima e em baixo.

Realizar um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora!

A CUT e as demais centrais sindicais devem convocar imediatamente um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, com representantes de sindicatos, de entidades estudantis, de movimentos populares, uma grande plenária que decida os rumos e os meios que o movimento deve tomar para reverter o que já foi aprovado no Congresso, barrar a reforma da Previdência e a reforma trabalhista e organizar a luta para botar para fora Temer e o Congresso Nacional. Não podemos esperar as eleições de 2018, depois do leite derramado. E nem hoje podemos crer que eleições resolveriam alguma coisa!

Para garantir que a greve geral realmente aconteça, é preciso dar a palavra e a decisão para a base! Este é o melhor caminho para realizar uma greve geral que pare o país, barre e reverta todos os ataques, podendo inclusive derrubar Temer e este Congresso Nacional podre!

Todo sindicato deve convocar e realizar assembleias que decidam a sua participação no dia 31 de março, se vai ou não paralisar neste dia, tomando medidas políticas e organizativas para entrar em greve e conclamando a CUT e demais centrais a convocar um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora.

“Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”

Fora Temer e o Congresso Nacional!

Abaixo as reformas trabalhista e da previdência!

Por um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora!