Um indicador falho para avaliar a educação no Brasil

Análise sobre o resultado divulgado este mês do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

No dia 8 de setembro foi publicado, pelo Ministério da Educação (MEC), o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 2015. O levantamento, divulgado a cada dois anos, consiste em um sistema de avaliação de larga escala que tem como finalidade mensurar a qualidade da educação no país, através de uma base de cálculo que leva em conta as notas de português e matemática e os números de reprovação e evasão do ensino fundamental e médio.

O ensino fundamental, séries iniciais (1º ao 5º ano), foi a única etapa da educação básica que obteve, na média nacional, resultado superior (5,5 pontos) à meta estabelecida (5,2 pontos). O ensino fundamental, séries finais (6º ao 9º ano), ficou 0,2 abaixo da meta estipulada de 4,7 pontos. Já o ensino médio obteve o pior resultado (3,7 pontos), ficando 0,6 pontos abaixo da meta de 4,3.

O IDEB é um instrumento deficitário que revela muito pouco sobre a real situação educacional do país e serve basicamente para ranquear e estabelecer comparativos entre as escolas, pois seus resultados são pouco utilizados para orientar ações estatais destinadas a ampliar o acesso e melhorar a qualidade da educação pública.

As variáveis utilizadas (nota de português e matemática e reprovação e evasão) não permitem um diagnóstico preciso da qualidade educacional de nosso país. Precisam ser levadas em conta no momento em que a educação é avaliada a condição social e econômica que vivem as famílias dos estudantes, as políticas de valorização e qualificação dos trabalhadores em educação aplicada nos estados e municípios, a infraestrutura das escolas, a qualidade dos materiais didáticos, entre outras variáveis. Além disso, não é possível verificar a qualidade da educação sem considerar a diversidade de disciplinas presentes no currículo. Outro ponto que deve ser analisado é o da metodologia adotada para estabelecer a pontuação obtida por cada escola, município e estado. A pontuação é resultado da relação entre fluxo (reprovação e evasão) e a aprendizagem (nota de português e matemática). Com a progressão automática, adotada por diversos municípios e estados, o fluxo tem melhorado, mas não necessariamente a aprendizagem.

Lutar por uma educação pública, gratuita e para todos!

Em época de eleição muitos candidatos utilizam a nota do IDEB para defender ou criticar gestões responsáveis pelos resultados. Sabemos que o que falam não passa de “papo furado”. Não temos ilusões na democracia burguesa. Estamos cientes que somente a luta independente dos trabalhadores e da juventude pode conquistar educação pública, gratuita, que permita a todos acessarem os conhecimentos historicamente produzidos e socialmente acumulados pela humanidade.