Todo apoio à revolução no Egito, na Tunísia e nos países árabes!

Declaração da Esquerda Marxista, corrente do Partido dos Trabalhadores e Seção Brasileira da Corrente Marxista Internacional.

Um vento revolucionário derrubou o governo da Tunísia, colocou em xeque mate o regime ditatorial de Hosni Mubarak no Egito e trouxe a ação revolucionária das massas oprimidas e exploradas para o centro da atenção dos trabalhadores de todo o mundo.

Milhões de manifestantes em vários países árabes saem às ruas por emprego, liberdade e contra os cortes nos direitos trabalhistas.

O grande revolucionário e dirigente da Revolução Russa de Outubro de 1917, Vladimir Ulianov Lênin, já explicou há muito tempo quais as condições para uma revolução, que podemos resumir: Os de cima já não conseguem dominar como antes e os de baixo não querem mais viver como antes; agravamento da miséria e das condições de vida e, finalmente, as massas emergem no cenário político como um vulcão que há pouco parecia estar adormecido.

No Egito, o desemprego entre os jovens chega a quase 90%. Essa situação de desemprego e a falta de liberdades inflamaram as massas, levando à situação atual. A crise e as medidas que cortam na carne da classe operária explicam as greves e manifestações que ocorreram em outros países. Elas se alimentam mutuamente abrindo situações revolucionárias.

A primeira reação da ditadura de Mubarak foi de tentar “conviver” com as manifestações, sem uma repressão maior. Cortou internet e telefones. Depois iniciou a intimidação com a Polícia, Exército e Força Aérea. A reação dos manifestantes foi a radicalização e em pouco tempo a polícia foi expulsa das ruas e as prisões foram sendo esvaziadas – seja pela pressão da população para libertar os presos políticos, seja por que o regime libera criminosos para provocar o caos.

Desde que se abriu a crise capitalista em 2008, as mobilizações percorrem o mundo: greves gerais e manifestações de massa na Europa, levantes em Honduras e no Irã. Na Venezuela a revolução continua se desenvolvendo. Em Cuba, o povo segue resistindo às tentativas de restabelecer o capitalismo na ilha. Agora as mobilizações atingiram um novo patamar com a queda de Ben Ali na Tunísia e a revolução no Egito. E, ao contrário do que a imprensa e os “analistas” buscam nos fazer crer, essas mobilizações – Irã, Tunísia, Egito – têm como principal mote a luta pela democracia, pelo direito do povo trabalhador decidir o seu próprio destino, sem nenhuma ligação com os ditos “fundamentalistas islâmicos”. Aliás, no Egito, a “Irmandade Mulçumana” chegou a declarar que uma boa transição seria a saída de Mubarak e a entrada do chefe do Exército como novo Presidente!

O discurso de Hilary Clinton (Secretária de Estado dos EUA) e dos governos imperialistas é por uma “transição rápida, ordeira e pacífica”. Mas os milhões que se manifestam com heroísmo e coragem nas ruas do Egito sabem que antes de qualquer coisa Mubarak deve sair e a situação deve mudar. Assim, Obama modifica o discurso e hoje já declara que Mubarak tem que sair para garantir a transição “ordeira e pacífica”. Além disso, é claro, o Estado Maior das Forças Armadas dos EUA está em constante “consulta” com os generais egípcios e, pela primeira vez na historia dos EUA, foi chamada uma “conferência de todos os embaixadores dos EUA”. Tudo o que o imperialismo quer é uma “transição” da situação atual para uma situação onde tudo volte a ser como antes.

O governo egípcio já não consegue governar. Apesar da falta de organizações operárias com determinação política e enraizamento nas massas, o povo em luta já está construindo comitês de auto-defesa, iniciando, ainda que de forma embrionária, a auto-organização do povo em conselhos. É necessário que esses comitês se liguem em todos os níveis – local, regional e nacional –, se armem para enfrentar a reação, abrindo caminho para que o povo realmente tome o poder.

A batalha de ontem e hoje (quarta e quinta feira) mostra até onde o regime está disposto a ir para se manter no poder. Segundo a agência Reuters, só nos confrontos desses 2 últimos dias “são 13 mortos e mais de 1.500 feridos”. Ontem (02/02), o âncora do Jornal da Globo William Waack disse que “o governo contratou uma turba para atacar os manifestantes”. Apesar de todos os ataques, as massas revolucionárias continuam na Praça Tahrir no Cairo, mas a situação ainda não está resolvida.

Em todo o mundo, inclusive no Brasil, diversas ações de solidariedade estão sendo realizadas em apoio à revolução no Egito. Nós, militantes do PT e da CUT, sabemos a importância da solidariedade internacional com a luta dos trabalhadores e da juventude. Estamos juntos no apoio e solidariedade revolucionária à luta no Egito, Tunísia e nos países árabes! Temos certeza que essa é a posição de todos os socialistas e de todos que defendem a democracia. Estaremos juntos com todos os trabalhadores e a juventude, com suas organizações, na defesa da revolução nos países de língua árabe e pela autodeterminação dos povos.

• Abaixo Mubarak! Abaixo as ditaduras nos países árabes!
• Abaixo o Governo Gannouchi na Tunísia!
• Viva a luta e a unidade internacional dos trabalhadores!
• Viva a luta pelo socialismo!

São Paulo, 3 de fevereiro de 2011.

Esquerda Marxista
Corrente do Partido dos Trabalhadores
Seção Brasileira da Corrente Marxista Internacional

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