Suplicy: a pressão da direção e a retirada da candidatura

Senador abriu mão de sua candidatura ao Governo de SP em favor de Aloízio Mercadante, após reunir-se com a direção do PT em 29 de Março.

No dia 29 de março, membros da direção estadual do PT-SP reuniram-se com Eduardo Suplicy para convencê-lo a retirar sua pré-candidatura ao governo do estado. Isso ocorreu no mesmo dia em que foi divulgada a pesquisa do Datafolha que trazia dois cenários para a disputa estadual, um tendo Mercadante como candidato do PT e outro tendo Suplicy, o resultado foi o já previsto no manifesto que a Esquerda Marxista apoiou, enquanto Mercadante apareceu com 13% das intenções de voto, Suplicy atingiu 19%. Nos dois cenários o primeiro colocado foi Geraldo Alckmin do PSDB.

É curioso o esforço da direção do partido para remover uma candidatura que tinha mais chances de acabar com os sucessivos governos da direita no estado. Em um diretório zonal da cidade de SP pude presenciar a distribuição e coleta de assinaturas para um manifesto contrário ao nosso, que pedia para Suplicy desistir da candidatura e apoiar Mercadante.

Na reunião com a direção do PT-SP, Suplicy decidiu retirar a pré-candidatura. Em sua carta de agradecimento aos apoiadores diz:

“Dos aproximadamente 20 dirigentes presentes, 12 usaram da palavra fazendo-me um apelo respeitoso, porém veemente e consensual, de que seria melhor que eu abrisse mão de ser candidato em favor do Senador Aloizio Mercadante.

Por mais entusiasmado que possa ter sido o apoio de todos que assinaram o manifesto a meu favor, me dei conta que não faria sentido manter meu nome como candidato, quando a própria direção, que tem a responsabilidade de administrar a campanha, me pede para não sê-lo.”

Um dos argumentos utilizados pelos dirigentes para a não realização de prévias é o curto tempo para as eleições, mas quem espremeu o calendário para a escolha das candidaturas foi a própria direção que ficou esperando a decisão de Ciro Gomes do PSB de sair como candidato a governador de SP (apoiado pelo PT) ou a presidente da república. Consideramos que o melhor cenário seria Suplicy candidato, mas ter Mercadante, um candidato próprio do PT, é sem dúvida uma situação mais favorável do que apoiar Ciro Gomes, candidato de um partido que tem em suas filas o representante da burguesia industrial, Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do estado de SP). Um plano abortado graças à decisão de Ciro Gomes de sair como candidato à presidente e não por uma tomada de consciência de classe da direção.

Esse episódio reforça a necessidade de construirmos uma forte e massiva corrente dentro do partido que esteja comprometida com as lutas históricas do PT na defesa dos trabalhadores. Essa corrente, com posições na direção, influenciaria de outra forma os rumos de escolha de nossos candidatos, sendo decisiva para garantir candidaturas em maior sintonia com a luta da classe trabalhadora, como era o caso da candidatura de Suplicy.

Nossa batalha, a construção da Esquerda Marxista, uma tendência que se mantém fiel aos princípios que fundaram o PT, que luta hoje pela ruptura das alianças com os partidos da burguesia, é tarefa fundamental para aqueles que buscam “uma sociedade que responda aos interesses dos trabalhadores e dos demais setores explorados pelo capitalismo”, como já dizia o manifesto de fundação do PT.

Estaremos juntos para barrar a perpetuação da direita no estado de São Paulo, e a volta do PSDB no governo federal. Estaremos com as candidaturas do PT para barrar a burguesia, batalhando e cobrando para que eleitos estejam voltados para atender os interesses dos trabalhadores do campo e da cidade.

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