Sobre a Carta Aberta de Genoíno ao Brasil

José Genoíno tambem reagiu à condenação imposta pela farsa do STF com uma “Carta ao Brasil”. Genoíno diz em sua Carta ao Brasil: “Esse julgamento ocorre em meio a uma diuturna e sistemática campanha de ódio contra o meu partido e contra um projeto político exitoso, que incomoda setores reacionários incrustados em parcelas dos meios de comunicação, do sistema de justiça e das forças políticas que nunca aceitaram a nossa vitória.” 

José Genoíno tambem reagiu à condenação imposta pela farsa do STF com uma “Carta ao Brasil”. Genoíno diz em sua Carta ao Brasil: “Esse julgamento ocorre em meio a uma diuturna e sistemática campanha de ódio contra o meu partido e contra um projeto político exitoso, que incomoda setores reacionários incrustados em parcelas dos meios de comunicação, do sistema de justiça e das forças políticas que nunca aceitaram a nossa vitória.” 

De fato existe uma campanha de ódio contra o PT, não apenas de setores da burguesia e dos meios de comunicações, mas sim da burguesia e de seu Estado.

A burguesia não morre de amores pelos trabalhadores que fazem greves e lutam por sua libertação do regime de exploração. A burguesia quer a destruição do PT porque teme que, mais adiante, com os ataques que serão lançados contra a classe trabalhadora, os trabalhadores usarão o que tiverem à sua disposição, no caso o PT e a CUT, para se defenderem contra os ataques que virão cada vez com maior vigor para destruir as conquistas operárias. A burguesia sabe que os trabalhadores podem ir além nessa batalha. Por isso, assim sentindo-se forte pela política de colaboração de classes dos dirigentes operários tenta agora destruir as organizações e as conquistas dos trabalhadores!

A burguesia quer governar diretamente e não se sente confortável sendo base aliada do governo Dilma e ao mesmo tempo tendo em seu encalço os trabalhadores que não cessam suas lutas e greves. Ao bater no PT, a burguesia e seu Tribunal, aliada ou não dos reformistas, bate na classe trabalhadora.

Os trabalhadores podem e devem se insurgir contra o capital, suas instituições e seu Estado! Por isso o ódio da classe burguesa que esfrega as mãos preparando novos ataques contra os que mais necessitam. Mas a classe trabalhadora vive e luta! Esse é o nó da questão.

Mais cedo ou mais tarde o grito proletário virá das fábricas, das ruas e das greves. O ódio da classe trabalhadora se converterá em força material e organizada, ela finalmente travará as batalhas decisivas que derrotarão os burgueses e reformistas.

Leiam abaixo a íntegra da carta de Genoíno

CARTA ABERTA AO BRASIL

Eles passarão, eu passarinho. (Mário Quintana)

Dizem, no Brasil, que as decisões do Supremo Tribunal Federal não se discutem, apenas são cumpridas. Devem ser assumidas, portanto, como verdades irrefutáveis. Discordo. Reservo-me o direito de discutir, aberta e democraticamente com todos os cidadãos do meu país, a sentença que me foi imposta e que serei obrigado a cumprir.

Estou indignado. Uma injustiça monumental foi cometida!

A Corte errou. A Corte foi, sobretudo, injusta. Condenou um inocente. Condenou-me sem provas. Com efeito, baseada na teoria do domínio funcional do fato, que, nessas paragens de teorias mal-digeridas, se transformou na tirania da hipótese pré-estabelecida, construiu-se uma acusação escabrosa que pôde prescindir de evidências, testemunhas e provas.

Sem provas para me condenar, basearam-se na circunstância de eu ter sido presidente do PT. Isso é o suficiente? É o suficiente para fazerem tabula rasa de todo uma vida dedicada, com grande sacrifício pessoal, à causa da democracia e a um projeto político que vem libertando o Brasil da desigualdade e da injustiça.

Pouco importa se não houve compra de votos. A tirania da hipótese pré-estabelecida se encarrega de “provar” o que não houve. Pouco importa se eu não cuidava das questões financeiras do partido. A tirania da hipótese pré-estabelecida se encarrega de afirmar o contrário. Pouco importa se, após mais de 40 anos de política, o meu patrimônio pessoal continua o de um modesto cidadão de classe média. Esta tirania afirma, contra todas as evidências, que não posso ser probo.

Nesse julgamento, transformaram ficção em realidade. Quanto maior a posição do sujeito na estrutura do poder, maior sua culpa. Se o indivíduo tinha uma posição de destaque, ele tinha de ter conhecimento do suposto crime e condições de encobrir evidências e provas. Portanto, quanto menos provas e evidências contra ele, maior é a determinação de condená-lo. Trata-se de uma brutal inversão dos valores básicos da Justiça e de uma criminalização da política.

Esse julgamento ocorre em meio a uma diuturna e sistemática campanha de ódio contra o meu partido e contra um projeto político exitoso, que incomoda setores reacionários incrustados em parcelas dos meios de comunicação, do sistema de justiça e das forças políticas que nunca aceitaram a nossa vitória. Nessas condições, como ter um julgamento justo e isento? Como esperar um julgamento sereno, no momento em que juízes são pautados por comentaristas políticos?

Além de fazer coincidir matematicamente o julgamento com as eleições.

Mas não se enganem. Na realidade, a minha condenação é a tentativa de condenar todo um partido, todo um projeto político que vem mudando, para melhor, o Brasil. Sobretudo para os que mais precisam.

Mas eles fracassarão. O julgamento da população sempre nos favorecerá, pois ela sabe reconhecer quem trabalha por seus justos interesses. Ela também sabe reconhecer a hipocrisia dos moralistas de ocasião.

Retiro-me do governo com a consciência dos inocentes. Não me envergonho de nada. Continuarei a lutar com todas as minhas forças por um Brasil melhor, mais justo e soberano, como sempre fiz.

Essa é a história dos apaixonados pelo Brasil que decidiram, em plena ditadura, fundar um partido que se propôs a mudar o país, vencendo o medo. E conseguiram. E, para desgosto de alguns, conseguirão. Sempre.

São Paulo, 10 de outubro de 2012

José Genoino Neto