Potência mundial ou bomba relógio

Reproduzimos abaixo matéria do jornal O Estado de São Paulo que ilustra muito bem a bomba relógio organizada pelos governo Lula e Dilma apresentada como “transformação do Brasil em potência mundial”. Expansão irresponsável do crédito a serviço das multinacionais que provocaram uma monstruosa crise de superprodução e para sobreviver buscam comprometer os salários dos trabalhadores até o infinito. Entretanto, esta política tem limites físicos e provocará uma crise ainda maior no futuro.


É só ver a questão das montadoras de veículos estavam com enormes estoques e Dilma derruba o IPI e impulsiona mais crédito e mais endividamento da classe trabalhadora. O dinheiro do IPI  é dinheiro que vai faltar para serviços públicos, educação e saúde. Podem ter certeza de que não sairá do pagamento dos juros da Divida Interna e Externa. Esse é sagrado, para eles.

Os marxistas não se deixam enganar pela propaganda, eles se guiam pelos fatos e pelas necessidades imediatas e históricas das massas exploradas e oprimidas. Por isso, ao contrário de O Estado, principal jornal reacionário da burguesia brasileira, nossa preocupação não é de como resolver o problema para continuar o consumo impulsionado pelas multinacionais mas enfrentar e organizar para um dia terminar com este regime de escravidão comandada pelo capital. 

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14 milhões de famílias comprometem um terço da renda mensal com dívidas

Maior parte dessas famílias superendividadas está na fatia menos favorecida da população: 5,8 milhões na classe C e 6,6 milhões nas classes D e E, como mostra uma pesquisa do IBGE

26 de maio de 2012 | 20h 07

SÃO PAULO – Quase um quarto das famílias se endividou mais do que deveria e foi obrigado a reduzir o padrão de vida ou a dar calote. Um estudo da consultoria MB Associados, com base na Pesquisa de Orçamento das Famílias (POF), do IBGE, mostra que 14,1 milhões de famílias comprometeram mais de 30% da renda mensal com dívidas.
Na média, no entanto, o brasileiro comprometeu 26,2% da renda mensal com dívidas, diz o estudo da MB. Esse resultado é superior à média de 22% estimada pelo Banco Central, porque inclui gastos como crediário de loja sem parceria com banco e despesa à vista no cartão de crédito.Essa marca ultrapassa o limite saudável para o endividamento, pois 70% do orçamento vai para despesas básicas, como comida, habitação ou saúde, conforme mostra a POF. A maior parte dessas famílias superendividadas está na fatia menos favorecida da população: 5,8 milhões na classe C e 6,6 milhões nas classes D e E.
Na semana passada, o governo anunciou um pacote para estimular o consumo por meio do crédito, principalmente na compra de carros. Para José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB, o efeito do pacote será limitado pelo endividamento. “É um número grande de famílias que ultrapassaram o limite, por isso o nó no mercado de crédito.”
Nos últimos cinco anos, a expansão do crédito, com a entrada de novos consumidores, garantiu um crescimento robusto da economia. Mas, desde meados de 2011, o ritmo de concessão esfriou, à medida que a inadimplência crescia. Em abril, o calote atingiu o recorde de 7,6%.
Descontrole. Os consumidores deixaram de pagar as contas, apesar da menor taxa de desemprego da história. O economista da LCA, Wemerson França, diz que isso ocorreu porque eles comprometeram uma fatia maior da renda com dívidas. Com o corte de impostos na crise de 2008, os brasileiros compraram carro, casa, móveis e eletrônicos a prazo.
A importância do descontrole de gastos como fator de calote aparece numa pesquisa da Boa Vista Serviços, que administra o serviço de proteção ao crédito da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), feita com 1.100 inadimplentes em março. O desemprego é a principal causa do calote (38,3%), mas a fatia do descontrole de gastos subiu de 15% para 24,6%. Marcel Solimeo, economista-chefe da ACSP, destaca que, para as famílias com renda acima de 10 salários mínimos, o descontrole de gastos aparece como o principal motivo para a inadimplência (37,3%).
Com a facilidade de crédito, ingressou no mercado de consumo quem nunca tinha comprado a prazo. Além de não estar acostumado com o crédito, esse consumidor tem uma demanda reprimida por bens duráveis. “O resultado desses dois fatores explica por que a taxa de inadimplência dos estreantes no crédito é, na média, 20% superior ao índice geral”, diz Solimeo.