Obama e a crise

Assim que tomou posse, Obama encaminhou um plano econômico para ‘criar ou conservar entre 3 ou 4 milhões de empregos’ e uma proposta de orçamento. O que diz este plano e este orçamento?

O Plano prevê ajuda aos consumidores para compra de imóveis, de carros novos e diminuição de impostos em setores como energia e carros. Além disso, um plano do Banco Central (FED) prevê a diminuição dos valores das hipotecas e de juros, restrições à retomada de casas onde morem famílias que tenham hipotecas. Além do aumento de ajuda aos estados para melhoria dos serviços de educação e saúde.

O orçamento, por sua vez, prevê um novo plano de saúde que amplie o número de beneficiários e o aumento dos impostos dos “mais ricos”. Entretanto, este aumento de imposto está condicionado a que a crise econômica diminua e que aumentem os lucros. O orçamento também propõe diminuir os subsídios para a agricultura, o que levará ao aumento dos produtos agrícolas, justo na hora em que o desemprego ganha força.

O problema imediato é: o plano está funcionando?

O problema é que os bancos estão falidos e a burguesia americana divide-se entre salvá-los (o que implica tirar dinheiro do Estado e entregar aos bancos) ou estatizá-los para depois privatizá-los novamente. O tamanho do buraco, qualquer que seja a forma adotada, é muito grande. As estimativas iniciais diziam tratar-se de algo em torno de 1 trilhão de dólares, mas o governo já gastou mais de 5 trilhões e nada de se chegar ao fim (lembramos que os derivativos tinham uma soma estimada, antes da crise, de 600 trilhões… então o buraco é muito mais embaixo). O valor da ação do Citibank caiu de 47 dólares para 1 dólar e 23 cents!

A ação da GM caiu para o mesmo valor de 1933… que foi o auge da depressão americana. A GM estuda se vai pedir falência, o que arrastaria atrás de si toda a indústria de autopeças e outras indústrias de automóveis.

Os planos de Obama desmoronam frente à dura realidade. Cerca de 4,4 milhões de postos de trabalho desapareceram desde o início da crise. O desemprego atinge 8% da força de trabalho, mas se for contar quem perdeu o emprego e deixou de procurar um novo, a cifra pode chegar a 15%. A bolsa de valores recuou para índices de 10 anos atrás, a metade do seu valor. Caem as importações e exportações e no plano do Congresso, aumenta o protecionismo, com medidas de impedir compras governamentais de países estrangeiros.

Se no curto prazo o plano não está resolvendo nada, poderia ele resolver no médio prazo? Obama mantêm um discurso otimista que os dados acima desmentem. Suas medidas só tocam em aspectos secundários da economia – e anunciam um protecionismo maior que só levará a maiores quedas na produção.

Em termos gerais o que está havendo é uma tendência à quebra do mercado mundial. Os primeiros passos nesta direção já foram dados, quando toda a pirâmide financeira caiu. Hoje todos os economistas alertam que o capital para investimentos nos países atrasados devem diminuir em mais de 10 vezes! O crédito some no mundo inteiro. Os bancos que antes financiavam toda a ciranda financeira quebram ou dependem do crédito governamental para funcionar. A produção industrial e o comércio exterior desmoronam. Estima-se que os valores dos ativos caíram 50 trilhões de dólares, o valor de um PIB mundial! É como se um ano inteiro de produção tivesse sido tragado por um buraco!

E claro, sofre mais a classe trabalhadora. Estamos vendo o emprego sendo destruído em todo o globo de forma assustadora. E não demora muito para que novas medidas de destruição de direitos sejam anunciadas. A burguesia tentará sair da crise impondo sofrimentos inauditos à classe trabalhadora.

Existe saída? Sim, mas este caminho não passa por “depender” menos de petróleo e produzir mais álcool, como parecem acreditar Lula e Obama. Passa por expropriar os capitalistas e reorganizar a economia, planejá-la, de forma a produzir o que a humanidade precisa e não os cacarecos tecnológicos que cada vez mais perdem valor.

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