O jogo duplo de Lula e da direção do PT

As críticas de Lula e da direção do PT ao governo, fazem parte de uma manobra hipócrita pra tentarem se salvar do desastre anunciado que prepararam. Esta direção está falida, em nada pode ajudar a classe trabalhadora a avançar em sua luta para por fim à exploração capitalista. Tornaram-se freios para esse combate. 

A direção do PT e Lula continuam manobrando na tentativa de sobreviverem ao desastre que prepararam.

No Congresso da CUT, Lula diz que “Ganhamos as eleições com um discurso e os nossos adversários perderam as eleições com um discurso. Mas a impressão que passamos para a sociedade é que adotamos o discurso de quem perdeu. É o que está na cabeça do povo” e completou: “O que a Dilma tem que saber é que este país não pode ficar falando em corte mais uma semana ou um mês. Neste país temos que falar em crescimento, com geração de emprego e distribuição”.

Em seguida, “vaza” para a imprensa que, em jantar com Dilma, Lula teria pedido o afrouxamento do ajuste e declarado que o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tinha “prazo de validade”. 

Lula tem sido cada vez mais cercado pela burguesia. Tenta não perder de vez toda sua base e, por isso, realiza, desde o semestre passado, críticas ao governo Dilma. 

Tais críticas são uma afronta à inteligência do povo. Afinal, é óbvio que a formação do governo, com toda a lista de ministros capitalistas, partiu da orientação de Lula. A linha política e econômica desse governo, não nos iludamos, tem a direção de Lula, com a bênção da direção do PT. 

A culpa é só do Levy?

No dia 18 de outubro, em entrevista à Folha de São Paulo, foi a vez do presidente do PT, Rui Falcão, fazer suas críticas: “É importante mudar a política econômica. É preciso que se libere crédito para investimento, para consumo. É uma forma de fazer a economia rodar. Da mesma maneira, é insustentável manter a atual taxa de juros”.  Rui Falcão, considerando que Dilma seguirá seu conselho, completa: “Se Levy não quiser seguir a orientação da presidente, deve ser substituído”.

Dilma, isolada por todos os lados, responde da Suécia que “o presidente do PT pode ter a opinião que ele quiser. Mas não é a opinião do governo” e emenda, na defesa de seu ministro: “Se eu disse que não é a opinião do governo, o ministro Levy fica”.

Jogar toda a culpa dos ataques à classe trabalhadora em Levy, já era a tática da direção majoritária da CUT. Agora, Lula e a direção do PT, para fazer as vagas críticas ao ajuste, sem se contrapor diretamente à Dilma, miram no mesmo alvo. No entanto, tudo não passa de uma farsa muito mal montada, já que quem governa e escolhe os ministros, ainda é o presidente da república.

Rui Falcão, com seus conselhos, tenta ressuscitar a linha keynesiana aplicada em anos anteriores, de salvação do capitalismo através da injeção de dinheiro público na economia. Essa foi a tática utilizada pelo então governo Lula no estouro da crise de 2008, ampliando a oferta de crédito, a isenção de impostos, etc. Mas Rui Falcão sabe que essa é uma via bloqueada por um simples fato: o governo não tem dinheiro sobrando para dar. 

A dívida interna bruta chega a R$ 3,7 trilhões e a externa a US$ 555 bilhões. Em 2015, o déficit público primário deve ficar em R$ 50 bilhões. E o orçamento de 2016, como amplamente divulgado, foi apresentado ao Congresso com um déficit de R$ 30 bilhões. 

Como Rui Falcão não está propondo suspender o pagamento da dívida, seu plano de “liberar crédito” é insustentável. Na atual situação de crise, a burguesia e seus governos só tem um caminho: o ajuste fiscal e os ataques aos trabalhadores. 

O governo Dilma, seguindo a linha de colaboração de classes e de defesa do capital, defendida e aplicada por Lula e a direção do PT, realizou um estelionato eleitoral que, como lembrado pelo próprio Lula no Congresso da CUT, tem colocado em prática “o discurso de quem perdeu”. 

As críticas de Lula e da direção do PT ao governo, fazem parte de uma manobra hipócrita pra tentarem se salvar do desastre anunciado que prepararam. Esta direção está falida, em nada pode ajudar a classe trabalhadora a avançar em sua luta para por fim à exploração capitalista. Tornaram-se freios para esse combate. 

A classe trabalhadora saberá colocar esses dirigentes no seu lugar, no passado, para seguir construindo o combate contra o ajuste, contra os ataques, por uma saída à esquerda, socialista. 

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