Estudantes na fila do R.U. da UFSC

Novo corte do MEC na UFSC: mais de 11 mil estudantes sem RU

Liberdade e Luta – Florianópolis

Na noite de terça-feira, 27 de agosto, a comunidade universitária da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, teve a notícia de uma série de cortes que serão realizados pela reitoria a partir do mês de setembro. A notícia foi divulgada pela APUFSC (Associação dos Professores da Universidade Federal de Santa Catarina) e apresenta como cortes a suspensão do fornecimento de refeições no Restaurante Universitário, que só funcionará para os estudantes isentos da cobrança da refeição; a suspensão do duodécimo (cotas mensais de recursos que são repassadas aos centros de ensino); o cancelamento da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (um dos maiores eventos de divulgação científica de Santa Catarina); e o congelamento de bolsas de estágio, extensão e monitoria (as que ficarem vagas a partir de setembro não serão repostas).

O corte é reflexo da contenção de “gastos” com educação do governo Bolsonaro. A UFSC teve bloqueada a cifra de R$ 43 milhões dos recursos de custeio. Com os cortes previstos pela reitoria, a estimativa é que se reduza os gastos mensais em mais R$ 1,8 milhão.

O corte mais profundo é a suspensão do Restaurante Universitário. Atualmente, o RU atende cerca de 15 mil pessoas por dia em todos os campi e custa em torno de R$ 2 milhões por mês para a universidade. Dos 5,2 mil estudantes que têm direito a comer de graça no RU (os chamados isentos), cerca de 3,5 mil frequentam o restaurante diariamente.  A restrição, portanto, afetaria diretamente os outros 11,5 mil, que hoje pagam R$ 1,50 por refeição. Servidores da UFSC pagam R$ 2,90 e representam apenas 2% dos frequentadores. Nos últimos dois meses, o Restaurante Universitário já havia sido alvo de cortes. Dos 106 funcionários terceirizados, 14 foram demitidos após renegociação do contrato com a Orbenk, empresa responsável pela contratação dos cozinheiros. O cardápio também foi alterado, para ficar mais barato.

O cenário de ataques se torna ainda mais profundo ao acrescentar a redução dos valores da bolsa Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o possível corte geral das bolsas CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). A Capes irá reduzir o valor de suas bolsas de mestrado de R$ 1500 para R$ 1125 e de suas bolsas de doutorado de R$ 2200 para R$ 1650. O CNPq, em agosto, fez um pronunciamento informando que não há verba para o pagamento de 85 mil bolsas para o mês de setembro. No mês de agosto a instituição suspendeu 4500 bolsas.

    O DCE e a traição das direções estudantis

O Diretório Central dos Estudantes da UFSC, DCE-UFSC, se reuniu na manhã da terça-feira, 28 de agosto, junto com a APUFSC, o SINTUFSC (Sindicato dos Trabalhadores da UFSC) e o Pró Reitor de Assuntos Estudantis Pedro Luiz Manique Barreto. Nesta reunião foram apresentados os cortes às entidades estudantil e de trabalhadores.

Horas depois, ao meio-dia, o DCE realizou uma assembleia estudantil para discutir o Future-se, programa do governo federal que prevê que as universidades tenham autonomia financeira baseada em parcerias público-privadas, gerando uma “independência” das instituições perante o governo federal e a total dependência e subserviência perante a iniciativa privada. Na assembleia do DCE não houve nenhum informe sobre a proposta de cortes da reitoria, mesmo a direção da entidade tendo recebido a notícia horas antes. À noite, o DCE lança uma nota no Facebook, horas depois da APUFSC o ter feito em seu site.

Sabendo dos cortes e ocultando isso dos estudantes, o DCE-UFSC deliberou em assembleia uma paralisação para segunda, dia primeiro de setembro, data em que está marcada uma assembleia geral da UFSC, ambos direcionados ao Future-se. Sobre os cortes, o DCE encaminhou assembleia geral dos estudantes para o dia 10 de setembro para discutir a possibilidade de greve.

Segundo a nota da APUFSC, as entidades presentes na reunião (APUFSC, SINTUFSC e DCE-UFSC) sugeriram à reitoria a cobrança, ao menos temporária, do preço de custo para o grupo que não tem isenção. Esse valor varia de acordo com o campus, mas a média é de R$ 10,50 por refeição, valor sete vezes maior que o atualmente cobrado dos estudantes!

       As tarefas dos estudantes

O cenário de cortes na educação é amplo e profundo e não há saída breve deste panorama. As organizações estudantis (DCE e Centros Acadêmicos), precisam, de forma urgente, mobilizar as suas bases. Isso significa fazer passagens em sala de aula dialogando com os estudantes, fazer panfletagens, piquetes de mobilização, etc. A mobilização não se faz apenas por meios eletrônicos, chamadas em redes sociais, e-mails, etc. É preciso a atuação presencial nos locais de estudo.

A atitude de negociar com a reitoria e não dialogar com a base dos estudantes sobre os gravíssimos cortes que estão planejados se configura como uma traição da direção do DCE. Além de ocultar a realidade dos estudantes, a entidade pouco tem relacionado a crise institucional da UFSC com o cenário nacional e mundial. É necessária a luta não só contra os cortes, mas pela derrubada do governo Bolsonaro, que aplica e aplicará ataques brutais à educação e a todo o serviço público.

 

GREVE GERAL ATÉ QUE SE REVOGUEM TODOS OS ATAQUES!

FORA BOLSONARO!