Lutar contra a violência sobre as mulheres e contra as ilusões nesse combate

Trotsky em seu texto do Programa de Transição, afirma que: “É preciso ajudar as massas no processo de suas lutas cotidianas a encontrar a ponte entre suas reivindicações atuais e o programa da revolução socialista. Essa ponte deve conter em si um sistema de reivindicações transitórias que parta das atuais condições e consciências de amplas camadas da classe trabalhadora e conduza, invariavelmente, a uma só e mesma conclusão: a conquista do poder pelo proletariado”.

Essa passagem nos ajuda a rebater as críticas que afirmam que o marxismo só se preocuparia com as opressões após a tomada do poder pelos trabalhadores, já na construção do comunismo. Por isso, estamos construindo o Mulheres pelo Socialismo, como uma ferramenta que busca encontrar essa ponte entre as reivindicações atuais das mulheres e a luta pela superação do capitalismo.

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Nós não acreditamos que seja possível alcançar a emancipação através de condutas, códigos e ações individuais. Para nós, superar a opressão e a exploração significa agir conscientemente para transformar a sociedade que vivemos hoje. Significa combater todas as formas de opressão, entendendo que a sociedade capitalista as dissemina o tempo todo, com todas as instituições que estão ao seu serviço.

Os casos de machismo e violência contra a mulher são cotidianos e é preciso combatê-los com as ferramentas corretas.

Recentemente, um grupo de jornalistas do meio esportivo lançou uma campanha chamada “Deixa ela trabalhar”. Essa campanha tem como objetivo denunciar as violências verbais e físicas sofridas pelas jornalistas nos campos de futebol e demais espaços esportivos, superando o preconceito, construído e sabiamente utilizado pelo capitalismo, que, desde criança, nos ensina que futebol é coisa de homem.

Ao mesmo tempo, em um programa de rádio, o convidado Eduardo Bueno, ao comentar uma partida de futebol, pediu à jornalista ali presente que voltasse para a cozinha, deixando os comentários a cargo dos homens – que seriam, de fato, os conhecedores do esporte. A desculpa de Eduardo foi ainda pior que a “piada”.

Acompanhamos também o caso de Eduardo Bolsonaro, que foi denunciado por ameaçar uma jornalista, afirmando que “acabaria com a vida dela” e que ela “merecia apanhar mais”. Casos de violência verbal em relação às mulheres, negros, quilombolas e indígenas são comuns nessa família de demagogos de direita.

As mulheres trabalhadoras são duramente exploradas, além da dupla ou tripla jornada, do salário inferior aos dos homens nas mesmas funções, são a maioria nos empregos informais, como nas empresas terceirizadas de limpeza ou em domicílios, como empregadas domésticas. A herança escravocrata faz com que o Brasil tenha um gigantesco número de casas com empregadas, que tratadas “quase como da família”, precisam dormir no emprego e trabalhar de domingo a domingo. Muitas dessas mulheres são negras e empregadas por mulheres brancas, o que exemplifica que a questão fundamental da história é a luta de classes e que uma suposta solidariedade entre as mulheres não rompe com a opressão de uma classe por outra.

Diante disso, é fundamental que as mulheres compreendam a importância da sua organização, ombro a ombro com os homens da sua classe, para a superação da sociedade capitalista, enfrentando falsas ilusões, desviando de “novos caminhos” e charlatões que prometem uma solução imediata e miraculosa. Não existe atalho e nenhuma mulher estará, de fato, “empoderada” dentro do sistema capitalista.

Não podemos cair na cantilena da “representatividade”, cujos ícones são mulheres como Gina Haspel, a primeira mulher a comandar a CIA – e que tem em seu currículo o uso de tortura contra supostos terroristas em uma prisão na Tailândia ou, como ela chama: “programa de detenção de interrogatório”; ou ainda Meghan Markle, esposa do príncipe Harry. Afirmações de que Meghan está “quebrando” paradigmas, por ser “afro americana”, ativista, feminista e divorciada não fazem o menor sentido. Afinal, ela está abrindo mão da sua carreira e entrando para a Família Real da Inglaterra, símbolo de uma sociedade que deveria ter sido abolida, assim como o foi na França com a Revolução. As mulheres não têm nenhum motivo para tomar Gina Haspel ou Meghan Markle como símbolo de alguma coisa progressista ou emancipadora.

Mulheres burguesas, capitalistas e que defendem os interesses da classe antagônica aos trabalhadores não nos representam! É preciso que as mulheres trabalhadoras e jovens se organizem como classe trabalhadora e, a partir de uma Plataforma de Luta, arranquem as reivindicações imediatas, que só se tornarão reais e inabaláveis em uma sociedade socialista. Nenhum direito é permanente na sociedade capitalista, não nos enganemos! Somente a transformação radical da sociedade irá possibilitar a real emancipação das mulheres!

Junte-se ao Mulheres pelo Socialismo e ajude a construir um mundo novo!