Crédito: Francine Hellmann

Realizada atividade Cem Anos da Revolução Russa e a Luta das Mulheres

Na noite de quarta-feira (8/3) aconteceu em Joinville a atividade “Cem anos da Revolução Russa e a luta das mulheres”. Realizada pela Esquerda Marxista (EM), a atividade aconteceu na sede do Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville e Região (Sinsej) e teve como informantes as camaradas Thaís Tolentino e Bruna dos Reis. Diversas mulheres, e também homens, estiveram presentes.

Thaís, que também é coordenadora regional do Sinte, iniciou o informe. A camarada lembrou que machismo existe, sim, e que a única forma de o extirpar é através da luta de classes, da derrubada do capitalismo. Thaís ressaltou a importância do livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, de Friedrich Engels, para entender a evolução da sociedade e a sua atual divisão em classes. Conforme a militante, esse livro também explica sobre o surgimento do machismo, como ele está ligado aos meios de produção e, enfim, à propriedade privada e patriarcal.

A primeira onda feminista, o trabalho das mulheres nas fábricas, a exploração, as jornadas duplas ou triplas e a conquista do sufrágio também foram abordadas durante seu informe. Segundo Thaís, a Revolução Russa é um dos principais exemplos que a luta contra o machismo está ligada à batalha pela derrubada do capitalismo. As mulheres proletárias e as burguesas combatiam lado a lado no início. Porém, não demorou para que as mulheres burguesas abandonassem a luta pela igualdade de direitos, pois suas condições financeiras lhes favoreciam.

Em seguida, Bruna contextualizou a situação das mulheres no mundo, em especial do Paquistão. Neste país, somente 12% das mulheres frequentam escolas, a falta de água e energia é recorrente, 56% da população é analfabeta e cerca de mil mulheres por ano são mortas por “crime de honra”. Entretanto, é no Paquistão que a EM mais possui militantes mulheres. São as dificuldades materiais que num primeiro momento sensibilizam as camaradas para a luta, pois entendem que é preciso destruir o capitalismo para então se livrarem de séculos de atraso.

Em sua fala, a militante alertou ainda para o uso do termo “feminismo”, como ele caiu no modismo e como separa as mulheres em vez de uni-las, já que foi apropriado pela burguesia e passou a significar a separação entre homens e mulheres trabalhadores. As reuniões fechadas, onde somente mulheres são permitidas, e a crença de que é possível vencer o machismo sem luta de classes são vantajosas aos burgueses. Quanto mais dividida está a classe trabalhadora – composta por homens e mulheres –, menos risco corre o capital. Por isso, o isolamento deve ser combatido. Para acabar com o machismo, racismo, e todas as opressões, é necessária a derrubada do atual sistema.

Após as falas dos participantes, a mesa encaminhou duas propostas que foram aceitas por unanimidade. A primeira, é a realização da atividade na Universidade da Região de Joinville (Univille), no dia 16 de março, às 19 horas. A segunda, a elaboração do mesmo informe em casas de mulheres presentes na atividade. Os presentes se comprometeram a ajudar na elaboração convidando seus contatos.

Para encerrar, a estudante do terceiro ano da Escola Estadual Paulo Medeiros, Natiélle Teixeira Silva, leu o poema “Mulheres”, de sua autoria:

Mulheres

Hoje vou falar delas
As guerreiras da sociedade
As que não podem ficar na rua até tarde

O sistema tá tão errado que elas acabaram perdendo a cabeça
Pra afrontar o Estado acham que precisam mostrar as “teta”

Os únicos direitos conquistados foram o de votar, estudar e trabalhar
Ainda tem muita coisa mal resolvida, mas ninguém tem coragem de falar

Quando escuta que a mina foi estuprada, pergunta
Onde? Quando? E que roupa ela usava?

Se a mina usa uma roupa meio larga ou cabelo meio curto já diz que é sapatão
Isso só porque os guri preferem uma mina mais padrão

Já o homem pode se vestir do jeito que quiser e sentir vontade
Só não muito afeminado, porque senão é um afronto a sociedade

Diz ser contra o aborto porque é a favor da vida
Mas traz chá quando a mina engravida

Achou que só os comprimidos eram necessários usar
E também porque é mais prático tirar antes de gozar

Do machismo eu já tô cansada
Ele justifica frases que fazem das mulheres escravas

O muleque tem uma namorada e diz que a respeita
Se a proposta dela for com outra mulher tem fetiche
E se for com outro homem não aceita

O mano fica com um monte de mina, é chamado de pegador
A mina fica com um monte de mano, é chamada de puta
Até que ponto chega sua conduta

Agora vou falar a real
Não é normal ser taxada como objeto sexual

Vou mandar meu papo sincero
Se levar na cara, disque um oito zero

Vamos fazer a revolução
Acabar com esse bando de ladrão
Aqui nós não têm padrão