Ferroviários em greve param os trens da ALL em três estados

Do porto de Santos até Corumbá nenhum trem se move sem a permissão dos trabalhadores. A greve por tempo indeterminado demonstra a força dos trabalhadores quando estão organizados e têm sindicatos comprometidos com a luta.

Depois de oito meses, em que a direção da ALL (América Latina Logística), ao invés de responder à pauta de reivindicações, ficou no jogo do “empurra com a barriga”, no jogo de ameaças e demissões; Depois das propostas das empresas de aumento de jornada, banco de horas; Depois que as empresas demitiram dirigentes sindicais, os trabalhadores de forma organizada, cumprindo todos os requisitos legais disseram NÃO, e entraram em greve às 6 horas da manhã de hoje (31 de Agosto) por tempo indeterminado.

Paralisaram as atividades os ferroviários da Novoeste, da Paulista, da Sorocabana, da Mogiana e da Araraquarense, nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Os cerca de 2 mil ferroviários da ALL decidiram paralisar as atividades a partir das 6 horas de hoje (31 de Agosto). A greve, aprovada em assembléia, ocorre devido a negociações frustradas com a empresa, que até agora não apresentou uma contraproposta satisfatória aos trabalhadores. A data-base da categoria é em 1º de Janeiro.

A categoria reivindica reposição de 6,48% (equivalente ao INPC de 2008), mais 6% de aumento real, redução da jornada de trabalho das atuais 44 horas semanais para 36 horas, repouso mínimo de interjornada de 11 horas, respeito ao repouso semanal remunerado de 24 horas, pagamento em espécie e adiantado das diárias de viagem, limite máximo de duas horas extras diárias.

A adesão à greve no primeiro dia foi de 90% dos 3500 ferroviários que trabalham na ALL. Foram paralisadas a circulação de trens no litoral e no interior de São Paulo, além dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Na unidade da Replan, em Paulínia, uma das mais importantes da malha norte, há 60 trabalhadores e todos estão parados.

Em Bauru e Araçatuba (SP), Três Lagoas, Campo Grande, Miranda e Corumbá (MS), malha oeste, a paralisação inviabilizou o transporte de derivados de petróleo saindo da Replan, em Paulínia, para Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal – o transporte de minério de ferro, grãos, produtos siderúrgicos, papel e celulose do grupo Votorantin.

Sobre a greve

A greve foi impulsionada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso (CUT), Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Araraquarense, Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Mogiana, Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias Paulistas e Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias.

A ALL é controlada pelos Fundos de Pensão Previ, Funcef, Petros e Postalis, todos de empresas públicas, e que indicam os membros do conselho de administração e a diretoria. A postura da direção da ALL comandada por Bernardo Vieira Hess e Pedro Roberto de Oliveira Almeida, de mandar agredir ferroviários, enviar guardas armados às residências de maquinistas, digna de práticas de regime ditatoriais, não intimidou a categoria, que de forma unificada construiu a greve interestadual.

A perspectiva é que os patrões não vão ter nenhuma carga transportada enquanto continuarem recusando a pauta dos trabalhadores. Nenhum trem se move sem a permissão dos trabalhadores!

* Roque Ferreira é da Federação Nacional Independente dos Trabalhadores Sobre Trilhos da CUT (FNITST-CUT), da direção do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e foi eleito como Vereador mais votado pelo PT da cidade de Bauru em 2008.

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