Estado colombiano mantém 7500 presos políticos

Há mais de um mês a poetisa colombiana Angye Gaona está presa, há denúncias de que o estado colombiano mantém cerca de 7.500 presos políticos, entre os quais figuram opositores que cometeram o “delito

No último dia 13 de janeiro foi presa, na cidade colombiana de Cúcuta, a poeta, comunicadora e estudante universitária Angye Gaona. Gaona, nascida no dia 21 de maio de 1980, foi mais uma vítima do estado policial colombiano, pelo fato de sempre ter se comprometido socialmente, ao mesmo tempo que se dedicava ao desenvolvimento da cultura local. Ela fez parte do comitê organizador do Festival Internacional de Poesía de Medellín e em 2001, onde coordenou a “Exposição Internacional de Poesia Experimental”, na sua décima primeira edição. Além de Angye Gaona, há denúncias de que o estado colombiano mantém cerca de 7.500 presos políticos, entre os quais figuram opositores políticos do regime, estudantes, sindicalistas, intelectuais e camponeses, que cometeram o “delito” de realizar críticas ao governo publicamente, ou de denunciar abusos. Foram presos ainda, no último dia 17, em Bucamaranga, os estudantes Julian Andoni Dominguez e William Rivera Rueda.

A sindicalista Aracely Cañaveral Velez foi presa também na primeira quinzena de 2011 (a Colômbia detém a impressionante marca de 60% dos sindicalistas mortos em todo o mundo!), o que confirma que nenhuma das prisões são casos isolados, antes indicam um recrudescimento do governo local ante seus opositores.

Além dessas detenções arbitrárias, das quais sequer as acusações foram divulgadas, práticas como atentados e seqüestros também são muito comuns hoje na Colômbia. Estimam-se, segundo as mesmas denúncias, que o número de desaparecidos nos últimos oito anos em cerca de duzentos e cinqüenta mil! Apenas nos últimos três anos, os desaparecidos somaram cerca de 38.255 pessoas! Além dos alvos citados, representantes dos direitos humanos são também alvos constantes, como a ativista Liliany Obando, presa desde 08 de agosto de 2008, por investigar, analisar e documentar as mesmas arbitrariedades de que viria a ser vítima. É acusada de delito de rebelião e administração de recursos, por conta das informações que compilou.

A maioria dos presos sequer possui acusações formais. Dessa forma, as campanhas internacionais cunharam o nome de “delito de opinião”, ao “crime” cometido pelos opositores dos regimes de Uribe e do hoje presidente Juan Manuel Santos. Delito de opinião por ter a coragem de enfrentar esses ditadores sanguinários que posam ante o mundo de democratas, com a anuência da imprensa burguesa, essa eterna paladina e protetora de liberdades dos capitalistas de explorar os trabalhadores, como a liberdade dos estados e governos capitalistas de prender e/ou matar quem se recusa a ser explorado.

Fossem poucas essas denúncias, as condições do cárcere são degradantes e há casos relatados de tortura. No último dia 21, o prisioneiro Leonardo Salcedo Z, que se encontrava preso no presido de Valledupar por nove meses, suicidou-se mediante enforcamento, por não resistir mais ás condições do cárcere, que consistiam em ficar isolado por mais de 24 horas em celas cujas temperaturas superam 35 graus centígrados.

Urge a mobilização internacional para a libertação de todos esses presos. O preço que o proletariado internacional tem a pagar com a continuidade desses abusos, é o fortalecimento do governo contra-revolucionário de Juan Manuel dos Santos. Esse fortalecimento significa mais que a repressão do povo trabalhador colombiano, representa uma constante ameaça á revolução bolivariana que vem se desenvolvendo já por dez anos, nos quais o heróico povo venezuelano tornou-se a vanguarda da América Latina, e um exemplo a ser seguido pelos trabalhadores de todo esse continente.

Há um abaixo assinado internacional, clamando pela imediata libertação dos presos políticos colombianos:
Para acessá-lo clique aqui

• Abaixo a ditadura colombiana!

• Pela imediata libertação de todos os 7500 presos políticos na Colômbia!

• Pelo direito de organização em sindicatos!

• Pela não perseguição e prisão dos opositores ao regime!

• Pela apuração imediata de todos os crimes cometidos pelo estado colombiano e punição dos responsáveis!

Aqui, um trecho de um poema de Angye Gaona:


“Respire e prepare-se, peito brando!
Não queira conter todo o ar dos abismos,
leve apenas a sua pouca inspiração,
a acaricie por instantes,
sussurre como se o fosse o último alento
e deixe-o ir livre
a aonde você também quiser:
vasto, imenso, singular.
Sopra forte o que guardas
Não contenha mais as lágrimas, peito brando,
E se uma criança presa chora, dirás,
E se um homem é torturado, dirás,
Que te digo que não é tempo de guardar a ira
É o tempo de definir-se a fazer com que ela venha a tona”

BARCA VIVA

Suelta las amarras, alma mía
leva las velas que es forzoso partir.
No subiremos carga alguna.
Sólo el nombre y no debe pesar.
No repares en lo que se queda,
será sólo estrago en la corriente.
Zarparemos ahora
pues, si no es así, ¿entonces cuándo?
ésta es la aurora única.
Y, si el cielo quiere,
que el viento nos sea esquivo.
Será sólo, entonces,
el soplo del corazón
para alcanzar la herida a traspasar,
la que llamea adelante.
No temas,
no quema.
Somos una barca viva
que nace de la propia propulsión
como las aguas.

Moção

Nós, trabalhadores da cultura da Esquerda Marxista do PT e demais integrantes da mesma corrente, vimos, por meio desta moção, repudiar a manutenção da prisão política da poetisa Angye Gaona pelo estado colombiano, bem como repudiar todas as demais 7500 prisões de estudantes, sindicalistas, camponeses e ativistas de direitos humanos, que entendemos igualmente como prisões políticas.

Também repudiamos as condições de cárcere do presídio de Valledupar, que levaram no último dia 21 de janeiro ao suicídio do prisioneiro Leonardo Salcedo Z.

Por tudo isso, exigimos:

• Libertação imediata de todos os 7500 presos políticos colombianos!
• Apuração de todos os casos de desaparecidos e punição dos responsáveis!
• Liberdade de organização sindical!
• Liberdade de organização partidária!
• Liberdade de expressão e manifestação a todos os cidadão colombianos!
Socialismo ou barbárie, venceremos!

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