Escola da CMI debate a tática revolucionária hoje

Dando continuidade à Escola Mundial 2015 da Corrente Marxista Internacional (CMI), o tema discutido no segundo dia (29/07) foi a “Estratégia revolucionária hoje: organizações de massa e luta de classes”

Dando continuidade à Escola Mundial 2015 da Corrente Marxista Internacional (CMI), o tema discutido no segundo dia (29/07) foi a “Estratégia revolucionária hoje: organizações de massa e luta de classes”. 

O informe dado pelo camarada Fred Weston, do Secretariado Internacional, foi uma continuidade da discussão do primeiro dia, sobre perspectivas internacionais. 

Fred reforçou que vivemos em um período turbulento, com giros rápidos na situação política e a necessidade sermos flexíveis na tática e firmes nos princípios para construirmos as forças do marxismo. 

Fred enfatizou a importância da construção junto à juventude, entre os estudantes e também entre os trabalhadores jovens, que estão em geral mais abertos para as ideias revolucionárias.

O camarada também nos chamou a constatar que nesse período, a luta de classes não está se expressando através das organizações tradicionais da classe trabalhadora. Trouxe o exemplo da ascenção do Syriza, na Grécia, e do surgimento do PODEMOS, na Espanha, partidos que foram agarrados pelas massas para resistir aos ataques dos capitalistas. Já os partidos tradicionais da classe trabalhadora grega e espanhola, o PASOK  e o PSOE, respectivamente, não tiveram nenhuma movimentação à esquerda no seu interior.

Esta nova situação exige novas táticas. O terreno mais fértil para a construção das ideias do marxismo tem sido, em geral, fora das organizações tradicionais que desmoralizaram-se aos olhos das massas após décadas de aplicação de uma política reformista para salvação do capitalismo. Por isso, a CMI atua hoje no Syriza e no Podemos, por isso também a nossa seção no Brasil, a Esquerda Marxista, decidiu em sua última Conferência sair do PT. 

O debate ocorreu com a contribuição de diversos camaradas. Lal Khan, do Paquistão, iniciou sua fala dizendo que construir uma organização revolucionária é como andar numa corda bamba entre o esquerdismo e o oportunismo, e a necessidade da firmeza dos marxistas para construir a organização revolucionária.

Miguel, camarada da Espanha, relatou como o PODEMOS cresceu rapidamente no último ano, quando milhares de pessoas se filiaram ao partido por aparecer como uma alternativa à austeridade, mas também relatou as confusões da direção do partido e como isso atrapalha no seu desenvolvimento. 

Já a situação grega, foi tema da fala do camarada Elias, da Tendência Comunista do Syriza, seção da CMI na Grécia. Ele explicou a situação do Syriza que, apesar de ter ganhado um apoio amplo das massas, vive agora uma crise interna e a perda de popularidade junto à classe. O Syriza foi eleito como o partido que deveria combater a austeridade, mas tem aplicado medidas na direção oposta, como o acordo assinado pelo primeiro ministro Alexis Tsipras com a Troika.  

Alessandro, da Itália, explicou a grande diferença entre a situação política atual e a que existia após a segunda guerra. Antes os partidos comunistas tinham enorme autoridade sobre as massas, o que não ocorre mais hoje. Vivenciamos um período mais próximo dos anos 30, em que violentas mudanças ocorrem nas organizações de massa. Alessandro concluiu dizendo que apesar do Partido Comunista Italiano já ter possuído uma base de 1,5 milhão de filiados, foi destruído pela sua direção e hoje não existe um partido da classe operária no país. 

Alan Woods explicou a importância de ganhar e construir quadros sólidos no atual período para que possamos influenciar as massas em uma situação revolucionária. Ressaltou a necessidade de se dedicar à teoria e recomendou duas obras clássicas que considera essenciais para o período em que vivemos: “Esquerdismo, doença infantil do comunismo” e o livro “Que fazer?”, ambos de Lênin. Alan encerrou sua fala dizendo que um general é ruim se vai para a batalha sem um plano, mas que é ainda pior se, constatando condições objetivas diferentes das que tinha previsto, insistir em seguir o plano anterior. A direção revolucionária também deve estar atenta para o desenvolvimento concreto da situação e adequar sua tática quando necessário.

Camaradas da Escócia, Inglaterra, Dinamarca, Austria, Canadá, Bélgica, Hungria e Alemanha também contribuíram com o debate.

Ao final do dia foi realizada uma coleta financeira. O camarada Chico Lessa, da seção brasileira, falecido no último dia 29/02, tinha a compreensão da luta internacional da classe trabalhadora e sempre enviava contribuições para a coleta da internacional, a família de Chico decidiu manter sua contribuição e ela abriu a coleta de 2015, que contou com contribuições de todas as sessões e alcançou um valor recorde de arrecadação para a CMI, uma demonstração do ânimo e da convicção dos camaradas na construção da internacional.