Ensinamentos e atualidade da Revolução Russa

Passados 96 anos da Revolução Russa de Outubro 1917, resgatamos neste texto seus principais ensinamentos. Para os marxistas esse resgate é primordial, pois esclarece as necessidades candentes do atual movimento operário em momento onde a crise econômica avança e começa a se abrir a revolução em escala mundial. Esse resgate também é importante para desnudar todas as falsificações engendradas pelo estalinismo contra o marxismo, a teoria revolucionária.

Passados 96 anos da Revolução Russa de Outubro 1917, resgatamos neste texto seus principais ensinamentos. Para os marxistas esse resgate é primordial, pois esclarece as necessidades candentes do atual movimento operário em momento onde a crise econômica avança e começa a se abrir a revolução em escala mundial. Esse resgate também é importante para desnudar todas as falsificações engendradas pelo estalinismo contra o marxismo, a teoria revolucionária.

A concepção etapista e a aliança de classes

A teoria da revolução por etapas pressupõe a necessidade da burguesia nacional se erguer enquanto classe nos países atrasados e realizar a sua revolução, para somente depois o proletariado se alçar à luta pela tomada do poder.

Esta concepção levou a que se realizassem verdadeiros crimes contra o operariado e a revolução. Segundo os seus autores, dado o estado incipiente de desenvolvimento das forças produtivas e do atraso cultural das massas, o proletariado dos países atrasados deveria se aliar à burguesia nacional por intermédio de seu partido, e somente posteriormente lutar pela tomada do poder. Contra essa ideia reacionária Lenin e Trotsky aplicaram a concepção internacionalista da revolução e a teoria da revolução permanente.

Não é nosso objetivo aqui analisar as causas que levaram ao posterior aniquilamento, desfiguração e derrota da revolução. Apenas explicamos em poucas palavras que a concepção da revolução por etapas, a recusa de desenvolver o internacionalismo, a quebra e desmonte da democracia operária e da república dos conselhos, o aparelhamento e burocratização do partido, foram seguramente a semeadura que germinou as maiores mentiras e falsificações teóricas de toda a história, conduzindo ao retrocesso a mais vigorosa revolução proletária.

Papel do partido revolucionário e sua direção

A Revolução Russa ensina que a existência do partido revolucionário é primordial para ajudar no desenvolvimento efetivo da revolução, garantir sua vitória após a tomada do poder. O partido mundial deve generalizar a luta a outros países, pois revolução começa em um país e tem características nacionais, mas só pode se completar na arena internacional, visto que o capitalismo se espalhou pelo mundo ao atingir seu máximo grau: o imperialismo, conectando toda a economia mundial.  

Em todas as situações revolucionárias que se abriram desde 2008, mais que nunca se comprova a necessidade do partido e dos organismos superiores de poder, os Conselhos. Em todo o mundo, as lutas parciais ou generalizadas como as que ocorreram na Grécia, estão a chamar a construção do partido revolucionário, em separado de toda organização que vá na direção do centrismo, do reformismo e do sectarismo pequeno burguês que invariavelmente buscam aliar a classe operária à burguesia ou dividi-la para frear e retroceder o processo revolucionário.

Lenin levou um implacável combate na Rússia para separar as direções mencheviques e bolcheviques, não por um capricho, mas para ganhar a base dos mencheviques e dos socialistas revolucionários, unir a classe, os operários e camponeses, contra o capital. Dirigiu o partido permanentemente na linha da unidade das massas. Dirigia-se aos partidos que a classe tomava como seus sempre buscando a unidade na ação, mas exigia: demitiam os ministros burgueses, rompam com a burguesia, tomem o poder, constituíam um governo operário e camponês.

Os Conselhos operários, dos soldados e camponeses. O internacionalismo

Os conselhos, eleitos pela base, com mandato revogável passaram a controlar o conjunto da economia e iniciaram a tarefa de sua planificação, produzindo para atender as necessidades da maioria e não mais para propiciar o lucro aos capitalistas. Aboliu-se a propriedade privada dos grandes meios de produção, saltando do regime capitalista atrasado e dependente diretamente à edificação do socialismo, sem alianças com a burguesia. Aqui a chave da vitória da Revolução Russa, que até hoje mantém toda a sua atualidade em contraposição aos que seguem trilhando o atalho da colaboração de classes, que em todas as revoluções onde foi adotado, levou a derrotas com consequências terríveis e monstruosas à classe.

A arte final da revolução Russa foi o internacionalismo. Os bolcheviques defendiam que a unidade revolucionária em escala mundial levaria à tomada do poder nos países chaves do capitalismo, pelo menos, de imediato na Alemanha e isso evitaria o isolamento da Revolução Russa. O internacionalismo foi a grande batalha de Lenin e Trotsky, culminando na construção da III Internacional, que foi posteriormente destruída por Stalin e sua camarilha.

Após a derrota da Revolução na Alemanha e morte de Lenin, depois da burocratização e da destruição da democracia operária, da eliminação física de milhares dirigentes, expulsão de Trotsky e falência da III Internacional, o estalinismo e a reação venceriam, esmagando a revolução. Mas a força do programa ficou consubstanciada nos quatro primeiros congressos da Internacional comunista e no Programa de Transição, os quais a Corrente Marxista Internacional (CMI) e a Esquerda Marxista defendem em cada país e em escala mundial.