Eleições: Para onde vai o Brasil?

Este texto tem como objetivo trazer uma reflexão sobre as perspectivas que se abrem no cenário político nacional passadas as eleições. No momento em que estamos escrevendo este texto está em vias de acontecer o segundo turno das eleições onde o candidato da burguesia e do imperialismo, Aécio Neves, com total apoio da mídia burguesa, enfrenta na disputa presidencial a candidata à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores, Dilma Roussef.

Este texto tem como objetivo trazer uma reflexão sobre as perspectivas que se abrem no cenário político nacional passadas as eleições. No momento em que estamos escrevendo este texto está em vias de acontecer o segundo turno das eleições onde o candidato da burguesia e do imperialismo, Aécio Neves, com total apoio da mídia burguesa, enfrenta na disputa presidencial a candidata à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores, Dilma Roussef.

O resultado das eleições não é indiferente ao movimento operário e para a juventude radicalizada. Do ponto de vista dos interesses da classe operária e da ampla massa de trabalhadores, que compõe a maioria da população, defendemos de forma clara o voto no PT pela única e simples razão: Frente Única do proletariado e das amplas massas trabalhadoras e de suas organizações contra o candidato do capital financeiro, Aécio Neves, marionete da contrarrevolução burguesa e da política de ataque contra os direitos e conquistas dos trabalhadores. 

Fazemos isso porque fazemos política independente em defesa dos interesses imediatos e de conjunto da classe trabalhadora. Nunca apoiamos a política de “colaboração de classes” praticada pela direção do PT no governo junto com os partidos da burguesia.  Pelo contrário, partimos para defender as reivindicações dos trabalhadores e da juventude exigindo que o PT rompesse com a burguesia e reatasse com o socialismo. Ao invés de cair no canto da sereia da Reforma Política com Constituinte Exclusiva, que nada mais foi do que uma manobra para escamotear as reivindicações populares, saímos em  defesa das reivindicações de transporte, saúde e educação, presentes nas ruas nas manifestações do ano passado, o que se expressou na campanha bem sucedida “Público, Gratuito e Para Todos: Transporte, Saúde, Educação! Abaixo a Repressão!”, o que aumentou largamente a nossa audiência na vanguarda operária e na juventude que se expressam hoje em uma imprensa semanal autossustentável e na grande quantidade de acessos à nossa página na internet. Conforme diz a nossa declaração política:

“Com uma plataforma defendendo as conquistas, as reivindicações, a independência de classe, a ruptura com os partidos burgueses e o capital, a revolução e o socialismo, nossos candidatos obtiveram cada um em sua região, milhares e milhares de votos. A página web da Esquerda Marxista (www.marxismo.org.br) atingiu a cifra de dezenas de milhares de acessos. Nosso jornal Foice & Martelo se desenvolveu e está autofinanciado pela venda militante. Nossa influência se expandiu e crescemos em número de militantes” (Declaração da Esquerda Marxista, 07/10/2014).

Em uma situação política em que as eleições foram marcadas por uma ausência da representação do proletariado de forma massiva, independente das valorosas candidaturas pontuais em defesa do socialismo e dos trabalhadores, eleições onde predominaram a colaboração de classes, a recusa a atender e a defender as demandas populares, a corrupção e a compra do Congresso Nacional e do Senado pela burguesia que injetou R$ 1,04 bilhão de reais para garantir o seu controle, mesmo assim 40 milhões de eleitores se abstiveram em um eleitorado de 143 milhões de pessoas aptas a votar. Uma das maiores abstenções de todos os tempos Tudo isso aponta  para um resultado eleitoral completamente distanciado do Brasil real. Um verdadeiro fracasso que evidenciou a falta de representatividade das instituições oligárquicas. Nenhum dos partidos da burguesia cresceu em votação. Estão onde sempre estiveram. Quem perdeu foi o Partido dos Trabalhadores, que perdeu mais de 4 milhões de votos desde a eleição de 2010. O PT poderia ter ganhado no primeiro turno. Mas por conta da política reformista de defesa do capitalismo e de dar as costas para as reivindicações populares deixou de ganhar grande parte dos votos nulos, brancos e dos que se abstiveram de votar.

Em entrevista gravada em vídeo depois do primeiro turno, com o jornalista Mino Carta, da revista Carta Capital, Lula disse claramente que “quer ver o crescimento do enriquecimento sobre o capitalismo”. Uma declaração que certamente teria feito Bukharin, o téorico soviético defensor da tese que para chegar ao socialismo é preciso “mais capitalismo”, teria levantado da cova e aplaudido de pé o Lula.

Não dá para escamotear o desastre que foi para o PT em São Paulo e no Rio de Janeiro. E só ganhou em Minas porque o melhor cabo eleitoral do PT foi o próprio Aécio Neves, cujo governo estadual foi um completo fracasso em tudo. Esse desastre nas regiões onde a classe operária é mais numerosa já era anunciado. Mas a cegueira dos dirigentes reformistas, que veem nas eleições como uma questão de “marketing” e não a partir da existência da luta de classes, onde é necessário defender as reivindicações da classe trabalhadora e não fazer apologias de ser um bom “gerente” do capitalismo, levou o PT a perder o voto operário. É inaceitável que agora, para salvar o prestígio do aparelho reformista, os seus dirigentes saiam declarando que a culpa é das “massas conservadoras” e do “golpe midiático”. O resultado das urnas foi a última advertência das massas aos dirigentes reformistas.

Mas consideramos também um erro aqueles companheiros que acham que agora no segundo turno vão votar nulo porque Dilma e Aécio são a mesma coisa, tanto faz como fez, apesar das críticas justas contra a política dos reformistas. Mesmo de uma forma deformada, estas eleições evidenciaram o antagonismo existente entre o proletariado e a burguesia. É querer substituir a participação ativa na luta de classes, sempre defendendo os interesses imediatos e de conjunto da classe trabalhadora por declarações de princípio. Como disse Marx certa vez que “um passo adiante no movimento vale mais do que uma dúzia de programas”. Voltaremos a essa questão mais adiante.

Agora no segundo turno, a questão é: classe contra classe. Todos contra o candidato da burguesia e do imperialismo, o  grande corrupto playboy, filho da ditadura militar, Aécio Neves.

Em 1967, três anos depois do golpe militar de 1964, no acalorado debate no seio da esquerda sobre as razões da derrota, a extinta Organização Revolucionária Marxista “Política Operária”, mais conhecida como POLOP, publicou uma série de artigos intitulados de “Aonde Vamos?” onde criticava o reformismo da política de colaboração de classes apontando a perspectiva de uma atuação independente do proletariado, o que causou uma grande repercussão na época. Sem ter a mesma pretensão de causar tanta celeuma como fez a POLOP, consideramos que é necessário repetir a mesma pergunta, feita há quase cinquenta anos: aonde vamos?

A tragédia e a farsa

Marx escreveu na abertura de um dos seus livros mais famosos que “Hegel observava em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa” (Karl Marx, O 18 Brumário de Louis Bonaparte, 1852).

O golpe militar de abril de 1964, instaurando uma ditadura militar que praticamente durou vinte anos, foi uma tragédia para a classe trabalhadora, cuja história ficou conhecida como “os anos de chumbo”. A ditadura destruiu o incipiente movimento operário organizado, mesmo moderado, colocou na clandestinidade os partidos de esquerda, perseguiu tudo e a todos destruindo as precárias liberdades democráticas existentes, inaugurando uma era de terror sem limites.

A responsabilidade desse desastre ficou por conta da política de “colaboração de classes” praticada pelos dirigentes dos partidos que dirigiam a classe operária, o Partido Trabalhista Brasileiro, partido nacionalista pequeno-burguês, o Partido Comunista Brasileiro, dirigido por Luis Carlos Prestes e sua pequena dissidência na época, o Partido Comunista do Brasil, e a Ação Popular, baseada na juventude católica e que liderava o movimento estudantil. Cada um, à sua maneira, apoiou ou deu cobertura à política de fazer alianças do proletariado com a “burguesia nacional” (o governo de João Goulart), defenderam que a revolução brasileira era “democrática, anti-imperialista e anti-feudal” (sic), que o socialismo não estava na ordem do dia e que a prioridade era apoiar o governo burguês nacionalista para fazer as “reformas de base”.

Quando a conjuntura econômica se deteriorou, o movimento operário se radicalizou, ultrapassando o controle das direções reformistas, com a luta de classes explodindo por todo lado, nas manifestações operárias, na luta no campo e até atingindo o interior das Forças Armadas. A burguesia “nacional e anti-imperialista” apoiou o golpe dos generais a serviço dos Estados Unidos e do grande capital financeiro internacional. As altas classes médias e a pequena-burguesia conservadora saíram às ruas para agradecer aos militares por livrarem o país da “ameaça vermelha”.

Depois do golpe, os efeitos da derrota causaram uma crise dentro das organizações de esquerda. O Partido Comunista Brasileiro, em cuja direção a maioria não reconhecia os erros da política de colaboração de classes com a “burguesia nacional anti-imperialista” rachou de cima a baixo, dando origem a muitas dissidências e frações. Nas organizações de esquerda ninguém escapou do furacão da tragédia. Foi nessa época que a POLOP escreveu o seu famoso texto “Aonde Vamos?”, do qual reproduzimos aqui alguns trechos que parecem ter sido escritos para os dias de hoje:

“É unicamente com a formação dessa classe operária independente e seu partido que existirá na sociedade brasileira uma força verdadeiramente anti-imperialista, capaz de canalizar e mobilizar os sentimentos de resistência ao domínio do capital financeiro existente; só assim, teremos criado os fatores indispensáveis para uma luta anti-imperalista consequente.

Em segundo lugar, a nossa agitação e propaganda deve ser feita deixando claro para os operários que a sociedade burguesa não mais soluciona os seus problemas. Os objetivos não são as reformas de base, mas sim a destruição das bases da exploração capitalista e imperialista. Isto não é uma omissão perante os problemas imediatos do proletariado (e dos seus aliados) e os criados especificamente pela ditadura. Ao contrário, uma agitação nesse sentido só dará resultado quando todas a reivindicações e lutas parciais são levadas até o fim; quando são levantadas e lideradas por revolucionários conscientes. É na própria luta diária que a classe operária tem de se convencer da falta de soluções oferecidas pelo sistema capitalista em seu conjunto; que a confiança na sua força como classe tem de se firmar e crescer. Nossa argumentação não pode se restringir a desmascarar “governos maus”, mas sim o sistema social e tratar os governos como expoentes de um domínio de classe. As concepções marxistas do Estado, da democracia, da exploração econômica, têm de ser levadas conscientemente para dentro da classe operária, numa linguagem agitativa. E na medida em que essas concepções penetram nas cabeças dos nossos proletários, a classe conseguirá distinguir a sua política operária da política burguesa, e se esvaziará a influência e a tutela burguesa e populista sobre a classe. É essa a premissa para a propaganda socialista propriamente dita, para a formação de uma consciência socialista do nosso proletariado — ou, em outras palavras, para que o proletariado brasileiro se coloque o objetivo da revolução socialista e lute para isso na prática”. (Aonde Vamos? Escrito por Eric Sachs e aprovado pela Direção Nacional da POLOP em abril-julho de 1967).

Apesar das suas confusões programáticas e do “balaio de gatos” que era a POLOP – cuja história ainda está por ser escrita do ponto de vista de uma crítica marxista que vá além da compilação de textos e de memórias saudosistas – ela colocou uma perspectiva de independência política do proletariado na sua luta pela emancipação, retomando o que antes já tinham feito a Liga Comunista (Mario Pedrosa), o Partido Socialista Revolucionário (Hermínio Sachetta) e o Partido Operário Revolucionário (J. Posadas).

Um ano depois da publicação de “Aonde Vamos?”, nos idos de 1968, no decorrer de um terremoto que abalou o mundo, com a revolta estudantil e a greve geral de maio na França, a revolução anti-burocrática na Tchecoslováquia e a virada na guerra do Vietnam, aconteceram as greves operárias de Osasco e Contagem, a mobilização massiva do movimento estudantil contra a ditadura e grandes manifestações de massas, como a histórica passeata dos 100 mil no Rio de Janeiro. A maioria do Congresso Nacional se rebelou contra os militares para impedir que o deputado Marcio Alves do MDB fosse processado.

Mas a tragédia estava apenas começando. O governo militar, presidido pelo general Costa e Silva, ficou acuado. Com o total apoio dos Estados Unidos e dos grandes grupos capitalistas impôs o Ato Institucional n° 5, criando a Lei de Segurança Nacional e o terrorismo de Estado: para a classe operária o arrocho salarial, a intervenção nos sindicatos, a criação dos centros de repressão e tortura dirigidos pelas Forças Armadas e a repressão contra toda oposição política, até mesmo a oposição moderada democrático-burguesa.

Desgraçadamente a maioria das organizações de esquerda optou pelo caminho da resistência armada abandonando o proletariado à própria sorte. Poucos foram os que se dirigiram aos trabalhadores nos grandes centros industriais do país, utilizando os métodos proletários de luta, e procuraram organizar a vanguarda da classe. Foram as organizações trotskistas as que mais se destacaram nesta tarefa: o Partido Operário Comunista (POC), a Organização Socialista Internacionalista (OSI) e a Liga Operária (a Convergência Socialista), que acabaram sendo acompanhadas pela esquerda da Igreja Católica e por grupos menores.

Foi graças ao trabalho clandestino nas fábricas e nas universidades, como na metáfora que Marx gostava de utilizar citando a toupeira que cava sua obra subterrânea, que a semente plantada pelo trabalho clandestino levou ao movimento estudantil e às greves operárias que varreram o país de Norte a Sul a partir de 1978 acabassem por demolir a ditadura, ultrapassando a liderança democrático burguesa do partido da oposição consentida, o MDB, colocando os operários e a juventude na linha de frente e abrindo a opção socialista na luta pelas liberdades democráticas.

Agora que a tragédia da ditadura militar parece pertencer ao passado, a história quer se repetir. Só que a repetição se encontra na forma de uma farsa. Para dizer a verdade, na forma de uma ópera bufa. Conforme demonstrou com dados, fatos e números, o candidato marxista a deputado federal em São Paulo, Caio Dezorzi desconstruiu o mito da “onda conservadora” no seu excelente artigo publicado no site da Esquerda Marxista (ver https://www.marxismo.org.br/content/nao-existe-onda-conservadora-no-brasil-nem-em-sp).

Para salvar o seu prestígio, os dirigentes reformistas e a turma de arautos da colaboração de classes saem falando em “onda conservadora”, em “avalanche fascista” e “Terceiro Reich Tropical”, que estariam dando um “golpe” nestas eleições estimulado pela mídia. Essa gente, para justificar a própria incompetência, põe a culpa nas “massas” que são “reacionárias”.

Convém lembrar que em 31 de março as manifestações de apoio aos 50 anos do golpe militar em 1964 foram pífias e ridículas por todo o Brasil. A direita não mobiliza as massas enfurecidas contra o “comunismo” como no caso do fascismo na Europa nos anos 20-30 do século passado.

Em termos eleitorais, a direita, agora capitaneada pelo PSDB, esteve sempre no mesmo lugar, em todas as eleições anteriores, como demonstrou muito bem o artigo do Caio citado acima. O que temos é a decepção de uma parcela significativa do eleitorado com a política reformista de colaboração de classes que favoreceu o capital privado, o agronegócio, os banqueiros, abandonou as reivindicações populares e permitiu a criminalização dos movimentos sociais. O Congresso conservador que foi eleito é fruto direto da grande abstenção ocorrida nestas eleições onde o grande perdedor foi o próprio PT que recuou significativamente no voto da classe operária.

O que temos hoje é uma grotesca farsa onde a burguesia – que decidiu por parte de sua facção mais poderosa, mais ligada ao capital financeiro e que deseja controlar a política econômica – resolveu partir para o enfrentamento, abandonando o namoro com o governo reformista. Não tendo o apoio massivo do eleitorado quer ganhar o governo no grito. E este “golpe” se torna mais evidente como farsa à medida em que uma seita de direita como o PSDB, corrupta até a medula dos ossos, tem como candidato uma figura decomposta, decrépita que é o Aécio Neves, conhecido não como estadista mas como playboy, que dirige bêbado, que se interna em hospitais do Rio para tratamento de overdose de cocaína e que ficou famoso por espancar mulheres.

A razão do ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, ter perdido as eleições em seu próprio estado foi o próprio Aécio Neves. Este é o salvador da pátria que quer combater os “vermelhos” e atacar o proletariado com todas as suas forças!

E atrás dele, gritando histericamente, uma alta classe média endinheirada, elitista e racista, apavorada pelos efeitos da crise econômica: exacerbação das lutas de classes!

Mas os arautos do reformismo falam em “golpe midiático” e denunciam que a mídia está mentindo, manipulando e estimulando a histeria de direita. Mas a mídia está fazendo o que ela sempre fez.

Foi assim em 2010 e retrocedendo no tempo, com a eleição de Fernando Henrique Cardoso e a manobra do “Plano Real” e a mesma coisa com a eleição de Fernando Collor.

Quem não fez nada foi o Partido dos Trabalhadores, que nos seus 30 anos de existência não construiu uma imprensa dedicada ao operário, ao trabalhador, fazendo denúncias e defendendo seus direitos e reivindicações. Só fez publicações diletantes de intelectuais discutindo o sexo dos anjos.

Em 12 anos de governo, o PT em colaboração com os partidos da burguesia nunca enfrentou a grande imprensa e os meios de comunicação, acabando com o monopólio da mídia e permitindo uma democratização. Bem diferente foi a atitude do governo de Hugo Chávez na Venezuela, onde apesar de suas contradições, viveu um enfrentamento constante com os canais de televisão Venevision, Globovision e RCTV que conspiraram em uma tentativa de golpe fracassado em 2002.

Depois do desastre em São Paulo e no Rio, os dirigentes petistas falam em “democratizar a mídia”. Se não o fizeram antes vão fazer agora em que o partido encolheu no parlamento? Quando falam em “golpe midiático” gostaríamos de lembrar o seguinte fato:

As Organizações Globo montaram “uma intrincada engenharia”, que envolveu o uso de onze empresas abertas em paraísos fiscais, para sonegar impostos a ser recolhidos em razão da compra dos direitos da transmissão exclusiva da Copa do Mundo de 2002. A empresa de João Roberto Marinho e seus dois irmãos procurou “disfarçar” essa aquisição em investimentos em participações acionárias em companhias no exterior. A conclusão está no Termo de Verificação e de Constatação Fiscal, datado de 25 de julho de 2006 e assinado pelo auditor Alberto Sodré Zile (...)

Ao final do Termo, de 29 páginas, o auditor da Receita conclui que foram sonegados impostos a partir de uma base de cálculo de R$ 732,5 milhões. Os Darfs e multas correspondentes a nove operações, feitas entre maio e junho de 2002, correspondem a R$ 358 milhões. O funcionário da Receita apurou que a Globo usou nada menos que 11 empresas em paraísos fiscais no exterior para “disfarçar” a compra dos direitos da transmissão da Copa em participações em companhias estrangeiras. A operação foi qualificada como “de intrincada engenharia” pelo auditor”. (site Pragmatismo Político, 17/07/2014).

Qualquer trabalhador que deixe de declarar o Imposto de Renda tem seu CPF suspenso pela Receita Federal. Qual a providência que os governos Lula-Dilma fizeram diante desta escandalosa falcatrua e de sonegação fiscal?

Cancelaram o CNPJ das Organizações Globo? Processaram os irmãos Marinho, proprietários das Organizações Globo,  por crime de sonegação fiscal? A dívida está rolando, a Globo diz que “tem questões técnicas a serem resolvidas” e ninguém paga nada.

A farsa do “golpe” com generais de pijama do Clube Militar pedindo a “aniquilação dos comunistas”, quando na realidade a maioria deles deveria estar presa por crimes contra a humanidade praticados durante a ditadura; ato público de apoio a Aécio presidido pelo reacionário Lobão, com participação de “artistas globais” já em decadência, deputados eleitos por policiais e velhinhas anti-comunistas, manifestação ridícula com menos de 100 pessoas onde deliberaram que “se Dilma ganhar vão todos para Miami”; gente rica furiosa e raivosa xingando em todo lugar os nordestinos, homossexuais, negros e pobres, que conforme o “sociólogo dos príncipes”, FHC, declarou que “os pobres não sabem votar”; todo esse ódio alimentado por uma seita de direita que é o PSDB, com pleno apoio da mídia, só evidencia uma coisa: a raiva é proporcional à incapacidade da direita de obter a legitimidade e o apoio da maioria da população brasileira.

A cegueira dos dirigentes reformistas do PT e das suas sombras

Reunidos sob o impacto da derrota no maior colégio eleitoral do país, em São Paulo, os dirigentes do PT não sabiam o que dizer diante do fiasco. Conforme noticiou o jornal O Estado de São Paulo:

“Para Lula, o PT virou um partido “de gabinete” e “burocratizado”, que precisa sair da defensiva se quiser vencer a eleição.“O lugar do PT não é no gabinete. É nas ruas.”, disse o ex-presidente, ontem, em conversa com dirigentes do partido. Diante de correligionários abalados com o fiasco de Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo, Lula foi ainda mais duro.

“Não dá para a gente deixar o antipetismo dominar a eleição e entregar tudo de mão beijada para os tucanos” (…)

“Na prática, a cúpula do partido ainda se debruça sobre o fracasso, na tentativa de encontrar motivos para a rejeição no Estado. Para o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, as prisões de petistas condenados no processo do mensalão, como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha, atrapalharam tanto Dilma como Padilha.

Coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, Marinho disse ser “inegável” o impacto do escândalo na disputa. “Mas nós precisamos reagir”, disse Lula. “Se não vamos ficar comendo a vida toda o pão que o diabo amassou.”

Uma ala do partido também tentou culpar a má avaliação do prefeito Fernando Haddad pelo fiasco em São Paulo, mas o ex-presidente não compartilha desse diagnóstico, sob a alegação de que o problema não está apenas em um fator.

Em reunião realizada ontem entre Dilma e sua equipe, a avaliação foi de que “todos os erros possíveis” da campanha foram concentrados em São Paulo. “Tivemos muita dificuldade com a militância, mas vamos trabalhar forte para reverter esse quadro lá”, argumentou o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.”

É incrível a cegueira dessa gente em insistir no sentido de negar o óbvio: o PT deu as costas para a classe trabalhadora e uma grande parte da classe deu também as costas para o PT. Dizer que tem que ir para a rua, sair do gabinete, chamar a militância, ninguém pode levar a sério, depois de anos a fio terem deliberadamente desmobilizado as bases do partido e esvaziado as suas instâncias. Onde estavam os dirigentes do PT por ocasião das manifestações de massa no ano passado?

Lula esquece que ele foi para a rua, no Rio de Janeiro, fazer um “abraço” na sede da Petrobrás em defesa do pré-sal e que foi um fracasso em termos de mobilização, pois tinha menos de 2 mil pessoas, na sua esmagadora maioria cabos eleitorais pagosQue motivação tem um petroleiro em ir para as ruas fazer defesa do pré-sal quando o governo manifesta a política de privatizar os campos de petróleo e se recusa a estabelecer o monopólio estatal do petróleo? Que identidade tem um Padilha candidato a governador em São Paulo com a classe trabalhadora? Só porque foi indicado pelos “chefes” do Partido? Como ganhar uma eleição no Rio de Janeiro depois de ter apoiado o Sergio Cabral e a máquina corrupta do PMDB?

Mas a confusão dos dirigentes petistas não para por aí. O eterno conselheiro de “sua majestade”, Marco Aurélio Garcia, assessor da presidência nas relações internacionais, diz o seguinte:

“Existe um mal-estar na sociedade, ligado, fundamentalmente, ao fato de que o governo, tendo realizado transformações importantes, não realizou uma ação que procurasse enquadrar essas transformações num mais longo prazo, com mudanças políticas-culturais.” (Entrevista para a revista Carta Capital, em 18/10/2014).

Se o governo do PT realizou “transformações importantes” porque o “mal-estar” na sociedade? A culpa é do povo que é ingrato! Então o problema é de “comunicação”?

Nesta linha de raciocínio escreve o dirigente da Democracia Socialista (DS), Juarez Guimarães:

“A grande lição que fica deste setembro para as esquerdas brasileiras é a necessidade de refundar – a palavra não poderia ser outra – a sua relação política com a comunicação pública. Foi o déficit estrutural público de comunicação que nos colocou em uma situação defensiva nos últimos anos, foi o acesso a um tempo diário de comunicação democrática com os brasileiros neste setembro que tornou possível a virada política sobre os neoliberais, é o déficit comunicativo que continuará a impedir a construção de uma hegemonia sólida da esquerda republicana, democrática e pluralista, no Brasil” (Juarez Guimarães, O que virá neste outro outubro? Publicado no site da DS em 3/10/14).

Tudo se resume a um problema de “comunicação”? A colaboração de classes, a coligação com os partidos da burguesia, as privatizações, o abandono das reivindicações dos trabalhadores, a omissão em relação às jornadas de junho de 2013, nada disso existiu ou tem alguma relevância? Faltou ao governo apenas “comunicação”? O que essa gente não faz para bajular o governo para manter seus cargos em Brasília?

Já a Articulação de Esquerda, defende em nota oficial, que a campanha do PT precisa de:

“(…) mobilização máxima, politização máxima e máxima polarização programática. Mas não basta a comparação de governos. Será preciso apresentar propostas programáticas claras, que apontem o sentido geral do novo ciclo que se pretende abrir no segundo mandato Dilma com “mais mudança”.

E essas “mudanças” nessa “máxima polarização programática” se resumem a um conjunto de reivindicações, muitas delas corretas, tais como jornadas de 40 horas semanais e revisão da lei de anistia, mas todas encabeçadas pelo item de destaque: A Reforma Política com a Constituinte Exclusiva. Grande mudança programática!

Mas a posição da Articulação de Esquerda fica mais clara sobre as “grandes mudanças programáticas” quando lemos o que diz um dos seus principais dirigentes:

“Nessas condições, defrontam-se novamente dois caminhos capitalistas. De um lado, um desenvolvimento capitalista com redistribuição de renda, redução da miséria e da pobreza, democratização e nacionalização do capital, reforço do papel do Estado na economia, integração sul-americana e multipolaridade internacional. De outro, um capitalismo que pretende aprofundar a dependência aos centros imperiais em crise, através de uma imaginária “inserção nas cadeias globais em valor”, retomar a fracassada tentativa de conter a inflação através de juros altos, arrocho salarial e freio no crescimento, e liquidar com qualquer tipo de políticas sociais efetivas.

Objetiva e taticamente, não há como a esquerda, toda ela, escapar dessa disputa”.

(Vladimir Pomar, Segundo turno: questões em disputa, site Página 13 da Articulação de Esquerda).

Para a Articulação de Esquerda a única opção possível é apoiar o capitalismo com cláusulas sociais, descartando a opção socialista. No fundo é a mesma posição dos dirigentes do PT com uma “cobertura” de esquerda.

Para a corrente O Trabalho do PT, que se reclama fraudulentamente da “reproclamação da IV Internacional”, tudo se resume na Constituinte Exclusiva para fazer a Reforma Política, proposta apresentada por Dilma por ocasião das manifestações do ano passado e que não saiu do papel, sendo retomada agora antes do primeiro turno das eleições.

Na sua página da internet, semanas atrás, a corrente O Trabalho postou uma foto da candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff posando com servidores públicos da saúde. A foto por si só é uma afronta demagógica e vergonhosa porque o governo Dilma prosseguiu com a política de privatizações da saúde pública, iniciada no final do governo Lula, e que consiste em entregar para as chamadas “Organizações Sociais” privadas a rede pública hospitalar.

Nada mais estranho ao programa da IV Internacional do que o abandono de uma política independente de luta pela emancipação do proletariado e a submissão às manobras de um governo que serve ao capital e faz cortina de fumaça para escamotear as reivindicações da classe trabalhadora. Mas a adaptação da corrente O Trabalho à direção do PT leva-os a colher as migalhas que caem da mesa do governo:

“Ao reintegrar o debate da convocação da Constituinte Soberana e Exclusiva da reforma política através de um Plebiscito institucional acrescentando outras condições (ela citou o financiamento exclusivo, a paridade de gênero e o financiamento público), Dilma deu um passo. Ainda não assumiu com tudo a batalha, mas deu um passo, e abriu espaço para o Plebiscito no programa de TV de hoje” (Carta da corrente O Trabalho, 16/10/2014).

Esqueceram que Dilma e o PT estão no governo e se querem mudar algo deveriam começar propondo um Orçamento Federal de acordo com as necessidades populares e não para manter e reproduzir o capital, como fazem todos os anos. Poderiam adotar medidas e leis em defesa da classe trabalhadora. E não, por exemplo, vetar a derrubada do Fator Previdenciário e continuar com as privatizações. Essa corrente petista abandona progressivamente todo combate pelo socialismo e se integra a um nacionalismo pequeno-burguês. O que faz O Trabalho com sua posição é esconder a responsabilidade de Dilma e da direção do PT além de embelezá-los vergonhosamente.

O erro da tática do voto nulo

O Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL), obteve uma boa votação com sua candidata a presidente Luciana Genro (obteve mais de um milhão e meio de votos) e agora no segundo turno liberou a militância e não fechou uma posição. Um erro tático pois, mesmo condenando o voto em Aécio, “lava as mãos” na disputa real entre Dilma e Aécio. Uma parte do partido vai votar no PT e a outra vai anular o voto. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) decidiu pelo voto nulo. Igualmente o fez o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Esta posição não compreende a questão da Frente Única, isto é, da tática que visa sempre buscar a unidade da classe trabalhadora, e de suas organizações, quando confrontada a um inimigo comum: a burguesia e o imperialismo.

O marxismo tem um método que parte do ponto de vista dos interesses da emancipação do proletariado. O nosso ponto de partida é o seguinte:

“Os comunistas não são nenhum partido particular face aos outros partidos operários.

Não têm interesses separados dos interesses do proletariado todo.

Não estabelecem princípios particulares segundo os quais queiram moldar o movimento proletário.

Os comunistas diferenciam-se dos demais partidos proletários apenas pelo fato de que, por um lado, nas diversas lutas nacionais dos proletários eles acentuam e fazem valer os interesses comuns, independentes da nacionalidade, do proletariado todo, e pelo fato de que, por outro lado, nos diversos estádios de desenvolvimento porque a luta entre o proletariado e a burguesia passa, representam sempre o interesse do movimento total.

Os comunistas são, pois, na prática, o setor mais decidido, sempre impulsionador, dos partidos operários de todos os países; na teoria, eles têm, sobre a restante massa do proletariado, a vantagem da inteligência das condições, do curso e dos resultados gerais do movimento proletário.

O objetivo mais próximo dos comunistas é o mesmo do que o de todos os restantes partidos proletários: formação do proletariado em classe, derrubamento da dominação da burguesia, conquista do poder político pelo proletariado” (Karl Marx e Friederich Engels, O Manifesto Comunista, 1848).

O que queremos dizer com isso? Que toda a tática tem que levar em conta o que permite dar um passo adiante na luta pelo socialismo e pela emancipação da classe trabalhadora. A nossa história nos traz alguns ensinamentos. Vejamos.

Em 1966, dois anos depois do golpe militar, a ditadura dissolveu os partidos políticos existentes e criou dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido oficial da ditadura e uma “oposição” consentida, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), composto por democratas burgueses e com o objetivo de disfarçar a ditadura.

Naquele contexto a POLOP, as dissidências do PCB, a Ação Popular e a UNE chamaram o voto nulo. Taticamente era importante desmascarar a farsa da ditadura e a campanha do voto nulo (não temos mais os dados eleitorais) foi muito bem sucedida. Anos mais tarde, em 1974, a maré estava virando de direção. O MDB apesar de ser a “oposição consentida” já tinha se transformado em um bloco das oposições à ditadura.

A conjuntura anunciava uma virada. Do ponto de vista da classe trabalhadora naquele momento era botar abaixo os candidatos da ditadura nas eleições, apesar do MDB. As eleições de 1974 foram um desastre para a ditadura militar fazendo desmoronar o partido governista, a ARENA. O Partido Operário Comunista e outras organizações de esquerda, sem abrir mão da independência política, apoiaram pontualmente candidatos comprometidos com a luta dos trabalhadores. A situação política virou completamente e a ditadura começou a quebrar até desabar completamente com as greves operárias em 1978-79.

Dois momentos diferentes, duas táticas diferentes, mas com o mesmo objetivo. Agora o que fazer? A classe trabalhadora não está representada neste segundo turno considerando seus interesses históricos. De um lado temos a candidata do PT com um programa reformista de colaboração de classes, de apoio ao capitalismo com compensações sociais. De outro, temos o representante direto do capital financeiro, da grande burguesia associada ao imperialismo e quer fazer um ataque frontal à classe trabalhadora. Do ponto de vista tático podemos dizer “tanto faz como tanto fez”, são todos farinha do mesmo saco e vamos votar nulo?

Os companheiros que querem votar nulo estão cobertos de razão quanto às críticas da política reformista do PT, mas não estão com a razão quando acham que o reformismo é igual à reação de direita. Esta posição é equivalente à chamada “tática do Terceiro Período” da Internacional Comunista stalinizada. Vamos lembrar alguns acontecimentos.

No início dos anos 1930, no século passado, a então Internacional Comunista (Comintern), transformada em instrumento diplomático da burocracia da União Soviética sob a ditadura de Stalin, depois de sucessivos giros à esquerda e à direita, passou a considerar os partidos sociais democratas como partidos “social-fascistas”. Ou seja, a socialdemocracia era irmã gêmea da contrarrevolução.

Essa política estúpida dividiu a classe operária alemã, recusando uma Frente Única contra o inimigo comum, facilitando assim a vitória de Hitler. Essa política ficou conhecida como “Terceiro Período” e marcou a decadência da Internacional Comunista até ela ser dissolvida por Stalin em 1943 para agradar as potências aliadas na Segunda Guerra Mundial.

Os companheiros do voto nulo querem repetir o mesmo erro? Ou não é melhor derrotar primeiro o inimigo comum, o candidato da reação, da contrarrevolução e depois acertar as contas com os reformistas?

Se Aécio Neves ganha as eleições teremos uma declaração de guerra contra a classe trabalhadora como um todo. Vamos ter que enfrentar um inimigo que vem com todo poder de fogo sem ter um exército organizado para combatê-lo. Se Dilma ganha, a classe trabalhadora ganha um tempo, acumula forças. Combatendo as ilusões no terreno das ilusões, chamando os reformistas a romperem com a burguesia e enquanto os reformistas serão progressivamente afundados pela crise econômica que se desenvolve e abandonados pelos trabalhadores, construímos uma alternativa, por meio da mobilização pelas reivindicações, que vá além do que é hoje o Partido dos Trabalhadores.

Por isso o que está em jogo agora é classe contra classe, apesar dos reformistas. Não compreender isso equivale a um erro sectário semelhante aos stalinistas nos anos 30 na luta contra o fascismo.

Conclusão: a marcha dos acontecimentos pode levar à uma situação pré-revolucionária.

Neste exato momento o segundo turno das eleições está empatado entre o PT e o PSDB. Não há como prever o resultado. Mas temos certeza de alguns elementos para aonde vai a situação política:

a)      Crise da economia capitalista como resultado da crise orgânica do capitalismo mundial que vem se estendendo desde 2008; o que tende a levar ao desemprego e à pauperização das massas;

b)      Crise de dominação e legitimidade da burguesia com instituições onde as massas não vão se sentir representadas;

c)      Tendência crescente da classe trabalhadora a lutar por suas reivindicações, utilizando seus métodos próprios, métodos proletários de luta de classe como as greves de massas.

A não ser que a classe trabalhadora seja esmagada pela contrarrevolução burguesa, todos esses elementos combinados podem desembocar em uma situação que, conforme descreveu Lênin, pode ser o prelúdio daquele momento em que “os de cima já não conseguem governar como antes e os de baixo não querem ser mais governados como antes”, aquele momento em que a classe trabalhadora compreende que se ela quer viver, o capitalismo tem que morrer.

Esta situação objetiva, que se desenvolve nessa direção, poderá criar as condições favoráveis para uma intervenção consciente da vanguarda operária e da juventude, em que se poderia constituir uma alternativa ao reformismo, baseada na unidade, de esquerda e de massas, capaz de desbloquear a situação e permitir que se realize “a emancipação da classe trabalhadora [que] será obra da própria classe trabalhadora” (Marx).