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Economia no ponto zero

As explicações econômicas para o aumento no valor do imposto sobre combustíveis são por si incapazes de chegar ao fundo do que está por trás do decreto de Michel Temer. Se Temer tomou posse com a ilusão de que poderia fazer as “reformas”, a realidade caiu em cima de sua cabeça. Paralisado pelas denuncias de corrupção e pelas disputas no seio da burguesia, Temer trata agora, antes de tudo, de salvar sua pele. Daí decorre a mudança do preço nas bombas de combustível do país, com o aumento dos impostos. Afinal, tem que pagar as “emendas” parlamentares que negociou para não ser entregue ao STF.

O governo adotou um inédito orçamento federal com déficit de R$ 139 bilhões para este ano. Em março, o governo efetuou corte de R$ 39 bilhões e retirou isenções. O aumento no preço dos combustíveis revela um aprofundamento da crise. Afinal, o governo vai ter que se render à realidade e ver que o déficit é muito maior, podendo chega a R$ 170 ou 200 bilhões.

O motivo é simples: a crise econômica mundial continua e nada do que se faça internamente vai muda isso. Um aumento agora dos preços de produtos agropecuários garante um saldo comercial. Mas não relança o mercado interno, derrubado pela superprodução anterior e que agora entra em espiral negativa. A inflação cai, os juros caem, mas nada faz as compras e a produção subirem. O desemprego continua alto e a “reforma trabalhista” não vai mudar isso. O crescimento deste ano aproxima-se de zero e aí deve ficar.

A única saída que a burguesia concebe é aumentar a exploração e derrubar ainda mais os direitos dos trabalhadores. Mas isto não é tão fácil, e uma coisa é aprovar uma “Reforma Trabalhista”, outra é aplicá-la. E a “Reforma da Previdência” não consegue andar. Além disso, medidas básicas que o governo precisa para continuar a ter dinheiro durante a crise encontram uma resistência feroz da burguesia, como nova oneração de impostos e aumento dos juros do BNDES (abaixo do valor de mercado hoje).

Aliás, na situação atual um aumento de imposto sobre consumo (como o da gasolina) pode levar a uma redução do consumo e não ao aumento da inflação, já que os preços estão represados pela queda do consumo. Ou seja, nem um aumento real de sua receita o governo pode vir a conseguir.

Uma saída para a classe trabalhadora e a juventude apenas pode ser possível por meio da destruição revolucionária desses instrumentos de dominação e de exploração capitalistas. As saídas reformistas que Lula propõe – medidas que o governo Dilma 1 tentou tomar – também não resolverão o problema. Os operários acabaram de ver esse filme e daí decorre a sua desconfiança com todas as direções, apesar de muitos apontarem o voto em Lula como medida de autodefesa. Aos marxistas cabe explicar as raízes da crise e que precisamos da expropriação do grande capital para poder modificar a situação presente.