Depois do 1º de Maio

A crise está chegando, as taxas de desemprego sobem, a burguesia quer ajustes. Qual a saída? – Editorial da edição 72 do jornal Foice&Martelo.

A crise está chegando, as taxas de desemprego sobem, a burguesia quer ajustes. Qual a saída?

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, nas regiões metropolitanas de Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre, aponta um desemprego de 6,2%. É a maior taxa desde 2011.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita em 3.500 municípios, aponta para um desemprego de 7,9%. São cerca de 8 milhões de pessoas sem trabalho.

Nas fábricas, os patrões estão agindo. Depois da tentativa fracassada de demissão na Volks e na Mercedes, a Volks contra-ataca colocando 8 mil trabalhadores em férias coletivas.

A alta dos juros desnuda exatamente para que serve o “ajuste fiscal”. O Brasil tem os juros mais altos do mundo. Nos últimos 12 meses, a média de pagamentos de juros subiu de 240 bilhões por ano para 330 bilhões ao ano, quase 50%. Ou seja, o “ajuste” é uma forma de, na crise que se abre, fazer os trabalhadores pagarem os juros da dívida pública que sobem escandalosamente.

No Congresso, a política de austeridade que Dilma abriu com as Medidas Provisórias 664 e 665 (já aprovadas pela Câmara) prosseguiu com a votação do PL 4330, da terceirização, e com a abertura de discussão da redução da maioridade penal.

Nas ruas e nas fábricas explodem greves de professores, de operários, lutando por salário, previdência e contra demissões. O massacre dos professores do Paraná abriu uma crise no governo e manifestações de solidariedade no país inteiro. A repressão é intensificada e vemos mais demissões de professores e garis no Rio. A solução é a unidade e a massificação das lutas. Não é para isso que a CUT existe?

Nesta situação, porque os atos do Primeiro de Maio não foram massivos, diante da gravidade da situação?

O fato é que depois de anos de atos “shows” pagos por grandes empresas e onde estrelas musicais eram o “chamativo”, a mudança no “costume” está pesando. Mas, o que pesou mesmo foi a dubiedade da CUT centrando o ato na luta contra o PL da terceirização e esquecendo as MP que seriam votadas na semana seguinte.

Os atos, na sua maioria, primavam por uma defesa aberta ou envergonhada do governo Dilma, responsável pelos ataques aos trabalhadores. E claro, muito discurso contra um fantasmagórico golpe de direita!

E, onde se conseguiu uma unidade de toda a “esquerda”, como foi o caso do ato do Rio, trabalhadores demitidos e organizados contra o peleguismo sindical, como foi o caso dos garis, não tiveram direito à palavra.

Os trabalhadores desconfiam, com razão, da seriedade dos dirigentes em levar a luta em defesa dos direitos.

E o PT segue impávido no caminho de sua própria destruição. A bancada do PT domesticada pelo governo e na presença de 4 ministros ex-sindicalistas, decide apoiar as MPs que retiram direitos e o líder anuncia um “fechamento de questão”, que em tese obrigaria todos os deputados a votar a favor das MPs. Um deputado do PT vota contra e 9 fogem do Plenário para “não votar contra o governo”. Lula defende as MPs e o ajuste em todos os lugares.

A CUT está contra as MPs e o PL 4330, denuncia o caráter conservador do congresso, denuncia os parlamentares que votaram contra os trabalhadores, mas cala-se sobre o papel da Presidente e aceita participar do “fórum de discussão” proposto por Dilma para discutir limites da aposentadoria e mudanças no fator previdenciário.
Esta situação, em que quer “defender o governo” e ao mesmo tempo “defender os trabalhadores” é que cria confusão na base, já que o governo é que organiza o ataque aos trabalhadores.

A saída é política

É preciso mobilizar os trabalhadores em todas as fábricas, locais de trabalho, nas ruas. E isso exige explicar a situação e quem é o inimigo. É preciso preparar o dia nacional de 29/05 com assembleias, manifestações e greves. O congresso da CUT tem que dar uma resposta unificada contra a política de austeridade do governo Dilma.

O governo atual não nos representa e nós temos uma pauta a exigir do governo e dos patrões: estabilidade no emprego, reajuste de acordo com a inflação, redução da jornada de trabalho sem redução salarial, reestatização de tudo que foi privatizado, fim do fator previdenciário, revogação das reformas da previdência, não pagamento das Dívidas. Ruptura da política de Tripartismo e colaboração com os capitalistas. A saída é política e socialista.

Esta é a pauta que os trabalhadores precisam para se mobilizar.