Depois do 11 de julho, quais os próximos passos?

Sim, o dia 11 de julho mostrou a força da classe operária nas ruas. Mostrou a força dos sindicatos. Mas mostrou também a sua fraqueza que é decorrente da política de submissão das direções à burguesia. Agora, as centrais marcam para o dia 6 de agosto um dia de luta com manifestações nas sedes das federações patronais e no dia 30 de agosto uma nova paralisação. Quais os limites desta convocação?

O primeiro problema que se coloca é que a pauta é rebaixada. A inflação no Brasil está acelerando, a alta do dólar vai aumenta-la e nenhuma medida do tipo aumentar os juros vai conter este aumento. Por outro lado, a indústria patina e as vendas de minério de ferro, petróleo cru e produtos agropecuários estão ameaçadas, a China desacelerou seu crescimento (e ela é uma grande compradora destes produtos do Brasil). A crise se aprofunda na Europa e dá sinais de que se estendeu ao Brasil. Não é mais uma marolinha, parodiando as vozes das ruas. E quando a classe operária começa a perder empregos e a ter dificuldades em repor a inflação, porque as Centrais, a começar pela CUT, principal central do País, não exigem a escala móvel de salários (uma de suas formas é o gatilho salarial quando a inflação sobe) e a estabilidade no emprego? São bandeiras que podem e devem unificar o conjunto da classe.

Ao invés disso, a CUT embarca na manobra diversionista do PT de realizar um “plebiscito” pela reforma politica. O PT e a direção majoritária da CUT (que são petistas) ignoram a pesquisa feita pela sua própria fundação (Perseu Abramo), pesquisa que mostra a maioria da população pedindo redução dos salários dos políticos, mais saúde e educação como itens essenciais de uma reforma política, que mostra que o povo quer o fim do financiamento pelas empresas das campanhas políticas e é contra o financiamento público de partidos! 

Sim, todos querem saber “ouvir as ruas”, mas as ruas pediram soluções urgentes para os problemas e não medidas protelatórias ou diversionistas. A saúde, o transporte e a educação estão péssimos nas grandes cidades, mas Dilma propõe contratar médicos para o interior e criar uma plano que levará médicos ao SUS depois de 6 anos de formação, começando em 2015…ou seja, quando o primeiro médico chegar ao SUS (em 2021) Dilma, se for reeleita, já terá deixado de ser presidente há muito tempo! 

E as alianças políticas do PT estão fazendo agua numa rapidez impressionante. Quando se trata de aprovar privatizações, o fundo dos servidores que privatizou a previdência, as concessões, benesses para empresários, desoneração da folha de pagamentos, a tal da “base aliada”, de bom grado aprova tudo. A burguesia não é besta e não está embarcando naquilo que pode ser uma manobra arriscada: o plebiscito da reforma. Além disso, está aproveitando o tempo e aprovando propostas que vão contra o interesse dos trabalhadores, como o fim da multa adicional do FGTS no caso de demissões. E nada das centrais falarem disso. E, cúmulo dos cúmulos, para “provocar” o governo aprovam no Senado a anistia para os trabalhadores dos correios e o PT coloca-se contra!

Sim, estranha linha que segue o PT. Estranha linha que segue a CUT. A Esquerda Marxista levantou bem alto em todos os atos: Saúde, Educação e Transporte públicos e gratuitos para todos, fora os ministros capitalistas. 

Em outras palavras, queremos que o PT e Dilma atendam aquilo que o povo exige, mas para que isso ocorra é necessário romper com o capital e colocar-se na direção ao socialismo, virar à esquerda decisivamente. O contrário disso é preparar-se para sofrer nas eleições de 2014 uma derrota tão grande quanto as derrotas que a Social Democracia colhe regularmente nas urnas europeias. 

Nesta situação, a Esquerda Marxista convida:

– todos os filiados petistas a apoiarem a sua chapa Nacional ao PED (Virar à esquerda, reatar com o socialismo), e a todos os seus apoiadores e simpatizantes a lançarem chapas estaduais e municipais com esta bandeira. 

– aos jovens e trabalhadores que estiveram conosco nos últimos tempos nas ruas e nas lutas, a participarem dos debates sobre a última resolução política de seu Comitê Central.

– a discutirmos em todos os sindicatos, em todos os locais de trabalho, a necessidade de uma verdadeira greve geral que exija a estabilidade no emprego, a escala móvel de salários, a estatização da saúde, da educação e do transporte urbano, para romper com o pagamento das dívidas interna e externa e com o imperialismo.

Solicitamos a todos os nossos militantes e simpatizantes que divulguem nossa imprensa escrita e nosso site.