Defender a Revolução Venezuelana contra Trump e o imperialismo

Donald Trump prometeu “fogo e fúria como o mundo jamais viu” e não descarta tomar a iniciativa para um ataque nuclear à Coreia do Norte.

No mesmo fôlego, ele fez a seguinte ameaça grosseiramente aberta contra a Venezuela: “Temos muitas opções para a Venezuela. E, a propósito, não vou descartar uma opção militar. Temos muitas opções para a Venezuela. Ela é nossa vizinha. Vocês sabem, temos o mundo todo e temos tropas no mundo todo em locais que estão muito, muito longes. A Venezuela não está tão longe e o povo está sofrendo, eles estão morrendo. Temos muitas opções para a Venezuela, inclusive uma possível opção militar, se necessário”.

Donald Trump encabeça a mais poderosa máquina militar que o mundo já viu, um aparato projetado para matar e mutilar em escala industrial – e que matou nada menos que 20 milhões de pessoas desde o final da 2ª Guerra Mundial. Ele governa o país com a maior população carcerária do mundo, uma nação em que a pena capital e a brutalidade policial desenfreada aterrorizam milhões. No país mais rico do planeta, milhões não têm acesso aos cuidados básicos de saúde, o que leva a milhares de mortes evitáveis todos os anos. Donald Trump não tem a menor preocupação com as “vidas sendo perdidas” na Venezuela – que, por sinal, estão sendo perdidas em meio à violência diretamente orquestrada e aprovada pelos funcionários estadunidenses que agem em nome da contrarrevolução na Venezuela.

Durante quase duas décadas, a Venezuela foi um exemplo de como as coisas poderiam ser feitas de forma diferente. Mais uma vez, as massas revolucionárias tomaram seus destinos em suas próprias mãos, desafiaram o imperialismo, a oligarquia e lutaram para reorganizar a sociedade ao longo de linhas mais democráticas e participativas. Enquanto na Venezuela a revolução utiliza a renda petrolífera para eliminar o analfabetismo e proporcionar atenção médica para todos, nos EUA os trabalhadores foram obrigados a pagar trilhões em impostos para financiar guerras no Iraque e no Afeganistão e para resgatar os bancos e as empresas de seguros. Acima de tudo, é esse o exemplo que deve ser destruído. Mas durante muito tempo, a liderança da revolução vacilou, comprometeu-se, conciliou e adotou meias medidas. Apesar de suas surpreendentes reservas de entusiasmo revolucionário, isso levou a um certo e inevitável cansaço entre importantes camadas das massas.

Essa é a oportunidade pela qual a reação vem trabalhando incansavelmente durante anos. Para o imperialismo estadunidense e para a oligarquia, já passou dos limites! Chega de pessoas comuns acreditarem que têm o direito soberano de decidir coletivamente sobre os seus destinos! Basta de instabilidade e de ameaças à propriedade privada e aos lucros! Agora é o momento para se desgastar e estrangular a revolução – e, uma vez de volta ao poder, afogá-la em rios de sangue. Essa é a face real do “humanismo” imperialista!

Muitos liberais se opuseram vigorosamente à intervenção dos EUA na Venezuela quando GW Bush era presidente, no entanto ficaram misteriosamente em silêncio quando Obama foi eleito. Mas deixemos claro: tanto os Democratas quanto os Republicanos são partidos do imperialismo e a intervenção contra a Revolução Venezuelana não se reduziu de forma alguma sob Obama, mesmo que tenha sido atenuada a retórica pública agressiva. Ao lado das operações secretas destinadas a sabotar e desestabilizar, a administração Obama enviou milhões de dólares para “apoiar os esforços de construção de competição política” na Venezuela, nada menos do que US$5 milhões somente em 2014. Apesar de todas as suas lágrimas de crocodilo sobre a intromissão russa nas eleições americanas, os liberais não têm uma só palavra a dizer sobre a interferência direta da CIA e da Embaixada estadunidense nos assuntos políticos da Venezuela!

A Revolução Venezuelana só conta com uma fonte confiável de apoio: a classe trabalhadora do mundo e, acima de tudo, a classe trabalhadora dos EUA. As ações das massas durante os últimos 15 anos na Venezuela foram uma fonte de inspiração e entusiasmo para milhões de americanos, que de forma alguma constituem um “bloco reacionário” único, como alguns da esquerda asseguraram de forma escandalosa. Não esqueçamos que, no país do Red Scare [Medo aos Vermelhos] e do Macarthismo, milhões agora preferem o socialismo ao capitalismo e saíram em massa no ano passado para apoiar um candidato que apelava por uma “revolução política contra a classe bilionária”. A realização da revolução socialista na Venezuela – através da expropriação da indústria, dos bancos e dos latifúndios, sob o controle democrático dos trabalhadores e dos camponeses – produziria um efeito eletrizante nas Américas, incluindo os EUA. Não é tarde demais para os trabalhadores, camponeses e pobres venezuelanos levar o mundo a um futuro socialista!

Nenhuma revolução na América Latina ou no mundo estará segura até que o capitalismo e o imperialismo sejam enterrados de uma vez e para sempre. Embora a revolução socialista seja necessariamente um processo mundial, a classe trabalhadora estadunidense tem um papel único e indispensável a desempenhar. Da mesma forma que a guerra é uma extensão da política por outros meios, a política externa é uma extensão da política interna – um governo capitalista no poder significa políticas pró-capitalistas em casa e no exterior! Devemos nos unir com nossos irmãos e irmãs de classe na luta contra nosso inimigo comum: Trump e os capitalistas do mundo todo. Somente quando os trabalhadores estadunidenses tiverem o controle direto sobre a política e a economia do país poderemos nos relacionar com o restante do mundo na base da solidariedade, da fraternidade e da igualdade, e não da exploração, da dominação e da intimidação. Como parte de uma Federação Socialista voluntária das américas, os povos das américas trabalharão juntos para eliminar a pobreza, o desemprego, a guerra, o analfabetismo, a fome e as enfermidades.

Se quisermos assegurar seriamente que os EUA mantenham suas mãos fora da Venezuela, devemos lutar e ganhar a luta aqui mesmo, no ventre da besta.

Tirem as mãos da Venezuela!

Solidariedade à Revolução Venezuelana!

Por uma Federação Socialista das américas e do mundo!

Viva a revolução socialista mundial!

 Assinado:

US Hands Off Venezuela

US Section of the International Marxist Tendency

Youth for International Socialism

Tradução Fabiano Leite.