“Dados positivos” e crise na “base aliada”

O discurso de que tudo vai bem domina o governo e sua propaganda. A oposição de direita, sem programa alternativo e sem políticos capazes de penetrar entre as massas, esperneia como se tivesse solução melhor. Não tem.

O que é verdade em tudo isso e o que se passa na dita “base aliada” ?!

O discurso de que tudo vai bem domina o governo e sua propaganda. A oposição de direita, sem programa alternativo e sem política ou políticos capazes de penetrar entre as massas, esperneia como se tivesse solução melhor. Não tem. Assim, aparece a guerra de guerrilhas entre a grande mídia e o governo que toma expressão na preparação das eleições de 2014 e na crise no Congresso Nacional. O que é verdade em tudo isso e o que se passa na dita “base aliada” ?!

O que é a crise na base aliada?

A imprensa burguesa não se cansa de noticiar a proximidade de uma cisão na aliança eleitoral entre o PT e o PMDB. Problemas de toda ordem e de todo tipo são apontados como justificativa.

Diz a grande mídia que o PMDB e o PT lutam por mais cargos. Isso não deixa de ser verdade e é natural que partidos cujo objetivo é utilizar do aparato de Estado para saquear o patrimônio público queiram mais cargos e poder. E os “aliados” debandam. São como ratos que tentam abandonar o navio ao primeiro sinal de alarme. E, aproveitam para sangrar e desmoralizar ainda mais o PT.

A fonte está secando, se acumulam as contradições

Com a crise e a alta da inflação, os credores capitalistas exigiram e Dilma cortou o Orçamento. Com isso as famosas verbas que são distribuídas aos parlamentares para que eles as distribuam aos municípios em troca de votos encurtaram e isso colocou os carreiristas do Congresso Nacional em polvorosa.

Depois veio o problema da renovação das bancadas no Senado e na Câmara. No Senado renova-se apenas um terço das cadeiras que perfazem 81. Então, os “representantes do povo” começaram a fazer as contas e calculando como ficam as coisas nos estados e a briga se acirrou.

Ocorre que a base eleitoral do PT está farta dos apoios a todo tipo de canalha dos partidos “aliados”. E, setores da própria burocracia partidária, atuais deputados e aspirantes, querem é se eleger a qualquer custo. Em várias cidades e regiões não estão mais dispostos a apoiar os oligarcas do PMDB em nome do tal “Projeto Nacional”, no qual não sobra muito para eles. A criatura começou a ter vida própria.

Mudanças nos Ministérios

Dilma e Temer tentam evitar mais choques, mas ao que parece a boiada estourou. E os “de baixo” se movem. No Rio de Janeiro a greve dos garis, apesar dos pelegos do sindicato, impediu a repressão e arrancou conquistas. Isso vai se desenvolver nacionalmente. Não é um traço isolado. É como junho de 2013 vai reaparecer.

As divisões nas cúpulas se desenvolvem por pressão da base e se expressam nas lutas de camarilhas buscando se auto preservar e defender seus interesses mesquinhos individuais e de grupos no aparato de Estado. O que vemos é a ponta do iceberg que, ainda mantem sua grande base submersa e que pode colidir com o navio quando menos se espera.  E isto tem raízes econômicas bem reais.

Afinal, a economia dá mesmo “sinais positivos”?

A propaganda do governo diz que Contra maré de apostas negativas, economia brasileira apresenta o primeiro conjunto de resultados em 2014; Produto Interno Bruto, atividade industrial e criação de empregos superam todas as expectativas; mesmo quem enxergava bons números em meio à fumaça pessimista foi ultrapassado; com prévia de crescimento de 1,26% em janeiro, aumento de 3,1% na atividade industrial, criação 111% maior de empregos no primeiro mês do ano sobre mesmo período de 2013 e manutenção de investimentos, economia real deixa pregadores da catástrofe falando sozinhos”.( http://www.brasil247.com/)

Deixando de lado a mentirosa lógica capitalista abraçada pelos dirigentes do PT, de que quando a economia capitalista vai bem todos vão bem, a verdade é que estão comemorando que o corpo caído do 100 andar ainda está respirando ao passar pelo 50 andar. Vejamos os dados:

“O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou expansão de 1,26% em janeiro sobre o mês anterior, … mas ainda insuficiente para compensar a retração vista em dezembro.

Atividade econômica do País cresceu 1,26% em janeiro na comparação com dezembro … (e) … mostrou aceleração da atividade, mas não com força suficiente para anular a queda de 1,40% de dezembro sobre novembro em dados dessazonalizados revisados pelo BC”. (Reuters).

Segundo o BC, a economia cresceu 1,26% entre dezembro e janeiro, mas em 12 meses desacelerou de uma alta de 2,52%, no último mês de 2013, para 2,47%, no primeiro de 2014. A previsão já é de um PIB de cerca de 1,68%, no ano.

A Balança Comercial já tem um déficit acumulado no ano US$ 5,783 bilhões. Em 2013, houve um superávit de 3 bilhões porque o governo fraudou as contas: lançou como exportadas as plataformas de petróleo vendidas, mas que não foram sequer construídas. A verdade foi um rombo de 5,8 bilhões de Reais, em 2013.

Segundo o IBGE o emprego na indústria teve queda de 2% em relação a janeiro de 2013, o vigésimo oitavo resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e o mais intenso desde dezembro de 2009 (-2,4%). Em 12 meses, a queda é de 1,2%.

Dizer a verdade ou enganar conscientemente

Em resumo. Um rombo na Balança Comercial, um crescimento pífio máximo de 1,68%, em 2014, milhões de desempregados e os empregos criados são de menor qualidade. Queda do emprego industrial, verdadeiro motor da economia. E um índice de produtividade do trabalho (índice real da produção de riqueza e progresso) quase estagnado há 20 anos, com mínimas variações. E a inadimplência no comércio sobe.

Esta é a verdade sobre os “dados positivos”. O paciente ainda respira, deitado sobre uma bomba relógio chamada Dívida Pública e uma crise internacional que continua. Nesta lógica não há saída.

Só a luta revolucionária organizada, da classe trabalhadora e da juventude, pode acabar com esta espiral de dor e sofrimento chamada sistema da propriedade privada dos meios de produção.